uma corrente está varrendo a cristandade, dizendo que as igrejas e denominações não são obra de Deus, que são obra de homens, esta corrente usa de um simplismo em justificar desta forma os erros cometidos pelas denominações cristãs ao longo da história, ora, não é porque no hospital medicos cometem erros que deixamos de ir ao hospital, ou por que juizes cometem erros que deixamos de recorrer a justiça, é assim que as coisas são, as igrejas e denominações cristãs existindo em um mundo de enganos não consegue se esquivar aos vicios do sistema que controla o mundo, entretanto mesmo não sendo totalmente santa, a igreja aponta para o que e´santo, não sendo pura aponta para aquele que é, não sendo perfeita aponta para aquele que é,
igreja e denominações são a expressão visivel da graça de Deus na terra, alguns pensam que sem as igrejas que existem mesmo assim teriamos recebido a mensagem do evangelho até aqui, é muito dificil , pois Jesus é quem profetizou sobre sua igreja e o reino eterno dela, as denominações são parte do corpo da igreja, mesmo com todas suas falhas e erros cometidos ao longo da história
esta onda de roqueiros cristãos negando a autoridade e apostolado das igrejas existentes não contam com minha aprovação, os erros da igreja nao justificam outros erros de cristãos, as igrejas são obra de Deus,. todas elas, mesmo penetradas por nossos erros e imperfeições, levam adiante a mensagem do evangelho que é perfeita e que salva o mundo e que tem salvado a humanidade,
jovens que por terem lido a biblia algumas poucas vezes, dificilmente sequer leram a biblia inteira, acompanhando geralmente as curtas leituras por chaves biblicas e dicionarios biblicos de contexto duvidoso, buscam explicações fora do contexto histórico, e querem saber o que não estudaram nem viram em lugar algum , a não ser no p´roprio entendimento,
para entender do assunto, deste ou de qualque outro é preciso estudar, eles querem entender por mera opinião,
lamento que desta forma se encontrem muitos roqueiros cristãos, temo pela alma destes , que podem sofrer por se encontrarem lutando contra o proprio Deus no momento em que se dispõe a enfrentar as igrejas e denominações, lamento pelo proprio rock cristão a que apresentam desta forma como não aceitando a autoridade das igrejas,
entendo que alguem tenha dificuldade para encontrar sua igreja, mas isto não é motivo o bastante para negar a autoridade da igreja que é constituida,
igrejas e denominações são fundamentais para o exercicio e desenvolvimento da vida cristã, seja qual for o tipo, modelo e metodo do ministério, se na igreja é pregado a biblia e é esta a regra de fé e pratica, esta igreja é boa, todas igrejas de forma geral são boas, são lugar da manifestação da glória de Deus, de onde tem saído para o mundo, sal, luz e salvação, isto a 4000 anos, se contamos também com a tradição judaica originaria da igreja cristã,
igreja é vida, denominaçao cristão é sal e luz do mundo,
lamento por esta galera, só lamento, e espero qu e nosso Deus rico em misericordia não leve em conta este desconhecimento,
sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
mensagem de paz- exito rio
digite no google MENSAGEM DE PAZ- EXITO RIO para assistir o canal de videos do pastor silas rahal
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http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.exitorio.com.br%2Ftv%2Fvdd578%2C8%2Chigh%2Cvideo-edicao-metal-extremo-parte-ii-nova-friburgo.html&h=sAQCcuDRAAQA36Fi81Zv4ocRBz78kQKHNX2Q7hUMjIH-HOA
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
a teologia da prosperidade- o livro do pr silas rahal
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Ramis Rahal ( in memorian )
À minha mãe Maria da Gloria Farias Rahal
Ao irmão Saulo Rahal
Que nunca desistiram de mim
À minha esposa Mônica Rodrigues Rahal
As minhas filhas Éster Rahal e Sofia Rahal
Que sempre estiveram ao meu lado nos dias bons e maus
Cuidando de mim e me encorajando
Aos meus professores do Centro Universitário Bennett :
Odilon Massolar, Josias da Costa , Willian Batista, Ricardo Lengruber, Marcelo Carneiro, Marcelo Luz, Levy Bastos, Waldemar ( in memorian ) , Edson, Marriel , Alessandra Viegas
Que foram muito , muito, muito mais que professores
Aos meus colegas de sala do Centro Universitário Bennett
Que tiveram profundo amor comigo, sempre
Aos Pastores Marcos Antonio, Antonio Carlos , Roberto Leal, Emanuel, Paulo Mathias, todos da Igreja de Nova Vida
Ao Pastor Max Klein da Igreja de Vida Plena
Ao Pastor Francisco Amaral da Primeira Igreja Batista em Nova Friburgo
Ao Pastor Renato Gonçalves da Igreja Evangelica Maranata em Nova Friburgo
Ao Pastor Paulo Rangel da Igreja Metodista Central de Nova Friburgo
Aos Pastores do Metanoia Enoque Galvão e Delcemiro Cavalho de Jesus ( in memorian)
Ao Pastor Vitor Wesley Mendes ( in memorian)
Ao Bispo Miguel Incutto da Igreja de Nova Vida
Ao amado e saudoso Bispo Roberto MacAlister ( in memorian)
Aos pastores e missionários do Bola de Neve Church em Nova Friburgo e em toda a parte
Homens e mulheres que sempre acreditaram e apoiaram meu ministério
Aos amigos :
Paulo Mario , Marcio Luttz, Marcos Levy, John Thompson , Walber e Dayse, Jonas“Coiffeur”e Samuel , Sidney e Marina, Douglas e Luana , Rodrigo Angelo de Oliveira , Rodrigo e Juliana e a amiga Lúbia Custódio.
Que sempre me mostraram o caminho
SUMÁRIO
Introdução..............................................................................................................................pg 6
Capítulo 1..............................................................................................................................pg 17
Origem
1.1 Pregadores Norte-Americanos..................................................................................
1.2 New Thought Metaphysics (Metafísica do Novo Pensamento )..............................
1.3 O Livro do Gênesis..................................................................................................
Capítulo 2..............................................................................................................................pg 26
Fundamentos Bíblicos e Alegações
2.1 Textos bíblicos utilizados pelos pregadores da prosperidade...................................
2.2 Resultados práticos da pregação da prosperidade.....................................................
Capítulo 3...............................................................................................................................pg 29
Uma Prosperidade Bíblica
3.1 O Padrão Bíblico......................................................................................................
3.2 Textos Bíblicos.........................................................................................................
3.3 O termo Prosperidade nos dias de Jesus...................................................................
Capítulo 4................................................................................................................................pg 37
Prosperidade Contemporânea
4.1 Tradicionais x Neo-Pentecostais...............................................................................
4.2 Na sua base como surgiu a Teologia da Prosperidade conforme a conhecemos hoje ? A Igreja de Nova Vida do Bispo Roberto MacAlister..........................................................................
4.3 Problemas Eclesiais..................................................................................................
Capítulo 5................................................................................................................................pg 43
Considerações da Doutrina Bíblica
5.1 Simonia:oferecer dinheiro para alcançar favores eclesiais e condição privilegiada.
5.2 A Posição ( parecer ) de Gamaliel.............................................................................
5.3 A Posição de Paulo.....................................................................................................
Capítulo 6.................................................................................................................................pg 61
Os Principais Autores
6.1 Edir Macedo................................................................................................................
6.2 Kenneth Hagin............................................................................................................
6.3 T.L.Osborn…………………………………………………………………………..
6.4 R.R.Soares...................................................................................................................
6.5 Pastor Silas Malafaia...................................................................................................
6.6 Bispo Roberto MacAlister…………………………………………………………..
Conclusão................................................................................................................................pg 124
Bibliografia..............................................................................................................................pg 127
INTRODUÇÃO
O universo conforme o conhecemos existe a aproximados 15 bilhoes de anos ( que é o ponto mais distante que se pode observar – anos luz ) , o planeta terra a 5 bilhoes , o ser humano conforme o conhecemos a 200.000 anos, a primeira civilização de que se tem registro escrito a aproximadamente 20.000 anos antes de Cristo. Estamos aqui a pouco tempo. Fala-se que a primeira comunidade que se tem conhecimento surgiu em algum lugar ao norte da Africa com aproximadamente 40.000 individuos. As primeiras civilizações andavam a pé e a cavalo e camelos, se comunicavam por mensageiros. Hoje somos transportados a velocidade superior do som, e nos comunicamos por uma fração de segundos de um ponto a outro do planeta ou mesmo fora dele. De fato houve evolução em nosso modo e condições de vida .
Vendo de uma forma ampla a Escritura Sagrada nos apresenta um caminho no trato de Deus para com seu povo e para com toda a humanidade a partir de Abraão, sua decendencia, os profetas, Jesus Cristo, os apostolos, sua igreja e assim por diante. Me parece que o presente momento manifesta o amor ( a Deus, ao proximo e a si mesmo). Apresenta ainda outra forma de vida ( modalidade ) a Biblia quando profetiza que Deus será tudo em todos.Resta ainda este passo na humanidade, a se manifestar a partir desta vida e saltando para uma existencia que está alem desta modalidade de vida. Outro mundo como afirma Jesus quando diz que seu reino não era deste. A expectativa esperada e buscada é a experiencia do amor, quando Jesus está em todos os que o recebem ( o grande misterio é este, segundo Paulo apostolo : “Cristo em vós” ).
Se a humanidade e o proprio mundo evolui, se afasta, está em movimento, a teologia também está. A reflexão sistematica da fé também avança. Ora em terrenos aridos, ora em condiçoes mais favoraveis. Será a Teologia da Prosperidade uma evolução da teologia ? Isto veremos juntos e tentaremos aprender soluções e propostas sobre o assunto. Este processo de entendimento da teologia é um processo que não se encerra, mas evolui com toda a festa da existencia humana, e com todas suas catastrofes. Em tudo isto se encontra a manifestação de Deus ao homem.
Estas paginas que me proponho a compartilhar não são de forma alguma a pretensão de encerrar tudo o que há para saber sobre a teologia da prosperidade. Eu não possuo tal conhecimento. Apresento em vários momentos muitas perguntas, mais que respostas , diversas reflexões. Naquilo que for achado certo que eu receba louvor, naquilo que for encontrado imperfeição que possamos juntos encontrar um caminho melhor para esta questão. Me encontro desde já pronto para receber críticas e opiniões, informações e contriubuições que possam auxiliar a que a verdadeira teologia se manifeste, da qual somos todos estudantes eternos, todos nós que buscamos a face de Deus ( antropomorfismo). Eternos eu disse mesmo considerando esta existência, já que cremos que um dia Deus será tudo em todos, e não haverá mais profecia e saber a não ser Deus.
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Abordar o tema a Teologia da Prosperidade é de certa forma voltar no tempo nos grandes movimentos avivalistas que varreram a europa e antes disso as correntes cristãs banidas pela igreja romana. Conta as bençãos, conta quantas são... diz o corinho antigo, certamente é esta a palavra que nos alcança hoje como consequencia dos conceitos de prosperidade biblica que tanto nos tem abençoado. Não podemos por isso nos limitar a contar as bençãos, isto seria por demais ingenuo, temos que examinar também os erros deste que é o maior movimento cristão contemporaneo.
Creio que a referência para a salvação e a vida eterna é o amor. Digo salvação e vida eterna que insurge no tempo presente, na medida que alguém é salvo do mal que há neste mundo. O mal se manifesta de varias formas ( vicios, pecados, crimes, ganancia, amor ao dinheiro, doenças, tragedias , possessão de demonios, intrigas, invejas, etc...), não conheço a origem do mal nem o seu porque mas posso constatar sua existência. Através do amor o ser humano pode ser salvo. Somos salvos da destruição a que está condenado o ser humano. Somos salvos do mal .
O amor se manifesta por meio de Jesus ao mundo e à humanidade, antes , durante e após sua encarnação. Os povos de todos os tempos dão nomes a Jesus, nós recebemos seu nome hebraico que foi aquele dado por seus pais, nome bastante comum na Palestina de seus dias e mesmo antes daquele tempo, cujo referencial anterior era Josué. O nome dado a Jesus não importa tanto assim, saber que através dele o amor de Deus alcançou a criação, isto é importante.
Outros seres humanos foram salvos antes que Jesus encarnasse e desta forma não saberiam seu nome , ainda sim creio que foi por meio d’Ele que foram salvos antes de Ele vir ao mundo, pois o próprio mundo foi feito por meio d’Ele, está é nossa fé. Jesus é Deus de Deus, eterno e da mesma essência que Deus, o próprio Deus, ao mesmo tempo uma pessoa separada do Deus que chamamos Pai, e do Deus que chamamos Espírito. São todos o mesmo Deus, da mesma essência com pessoas distintas.
Nas igrejas neopentecostais uma nova onda surgiu, frequentadores mais antigos começam a se apoderar de dicionarios biblicos, comentarios e obras teologicas de consulta rapida fazendo uso indiscriminado do bisturi teologico, exibem seus conhecimentos de ocasião a pequenos grupos de crentes. É a terra do futebol onde todos sabem escalar e ordenar o time, melhor que o tecnico.
Estudar teologia é uma aventura que pode ser valiosa não significando dizer que não haja perigos, do contrario não seria aventura. A teologia pastoral ensinada nas igrejas, denominações e grupos de estudo, é sempre valiosa. A teologia academica lecionada nas universidades e faculdades de Teologia também é fundamental para a Igreja. A teologia intermediaria é bastante perigosa, pois teologia não é uma estrada que possa ser percorrida pela metade, é preciso completar um ciclo. Por isso não sou a favor de meros estudos teologicos, desprovidos de proposito e perspectiva. Sou a favor de seminarios confessionais dentro das igrejas e sob a orientação e direção pastoral. Sou a favor do estudo profissional das faculdades.Não sou a favor dos estudos descomprometidos que crentes fazem sem proposito em cursos de teologia que levam o nome de faculdade mas não o são, desprovidos de acompanhamente e conselho pastoral, tais iniciativas são complicadoras e não ajudam ninguem a desenvolver uma vida cristã equilibrada.
O mesmo vem se dando nestas igrejas onde a quase absoluta falta de teologia academica ( profissional ) deixa o seguimento exposto a um sem fim ajuntamento de ventos de doutrina. Cada ano é uma ou varias novidades a que as igrejas neopenteca aderem aos lotes. Não fosse o bastante as adversidades a que está sujeito aquele que se dispoe em seguir a Jesus tem que lidar ainda com a febre dos lideres que não satisfeitos com o evangelho da cruz, procuram entreter seus fieis com aparições de “apóstolos” e “profetas”, e “mestres” de “batalha espiritual”, que mais fazem é encher lingüiça do que perseverar na sã doutrina dos apóstolos. Naqueles dias havia apenas a cruz, a perseguição, o sangue dos martires, e a mensagem do evangelho de Jesus pela qual cada um deve carregar sua cruz para alcançar a vida eterna em Jesus Cristo.
Talvez a propria Teologia da Prosperidade como a conhecemos hoje seja mais um destes ventos de doutrina a que se referia o apostolo Paulo, que faz levar os crentes de um lado para outro, como que açoitados. A incrivel falta de suporte teologico profissional que varre os ministerios neopentecostais pode ser o campo fertil para a instalação dos modismos entre unção dos animais ( crentes em extase imitam animais) e outras incriveis e surpreendentes manifestaçoes. A teologia da prosperidade é uma delas.
Os lideres querem adivinhar a teologia, ou querem receber a reflexão teologica elaborada toda pelo Espirito Santo. Tudo é valido menos estudar quatro anos em uma faculdade de Teologia. É como se o engenheiro quizesse construir predios de 20 andares sem passar pelo devido processo academico que acumula centenas de anos de conhecimento e pelo qual de forma sistematica o engenheiro se apodera do mesmo. É como se o médico tivesse que abrir no bisturi o corpo de alguem doente, para tateando encontrar o problema. Ferida exposta é o resultado, que muitas vezes não se consegue sanar.
John Wesley de quem me faço aluno, a quem dou a honra de um principe de pregadores do evangelho de Jesus Cristo, a quem cedo aprendi a amar ao lado de meu pai o Pr Ramis Rahal comissionado da Igreja Metodista do Catete no Rio de Janeiro, e mais tarde Pastor da Igreja Metodista Wesleyana, era defensor da existencia de uma classe de pastores e pregadores que ele denominava de leigo. Ao lado de John Wesley faço coro e aprendo, das bençãos alcançadas no ministerio leigo, quer seja pelo numero , quer seja pelo entusiasmo.
Entretanto isso não significa dizer que não exista necessidade do estudo teologico profissional no corpo da igreja e na liderança. Aprendendo com Moises , o profeta primeiro de Israel, temos um homem extremamente versado na cultura de sua epoca. Temos ainda ,sem ignorar tantos outros que o precederam, o apostolo Paulo, Doutor da lei de Deus e da filosofia grega e de todo o conhecimento teologico judaico de seu tempo. Temos John Wesley que estudava a biblia nos originais grego e hebraico. Temos o proprio Bispo Roberto MacAlister profundo conhecedor de teologia e detentor de varios titulos entre mestre e doutor em teologia.
Como pode o peixe vivo viver fora da agua fria ? Como pode o lider de uma grande denominação deixar de fora de sua vida a teologia profissional e ainda ensinar a seus fieis que não devem estudar a teologia ? Dá no que dá . Ventos de doutrina, erros e tragedias nos ministerios, desvios muitas vezes irrecuperaveis nos quais muitas vidas sofrem danos permanentes. Deus dá o dom do Espirito Santo e revela sua Palavra ao entendimento humano de forma sobrenatural, eu creio assim. Mas sei também que Deus espera que os lideres cristãos façam o dever de casa. O dever de casa é estudar teologia.Deus nos capacitou com inteligencia, porque não desejaria que utilizassemos para o conhecimento de sua Palavra ? É onde Jesus diz : “ Errais não conhecendo o poder e a Palavra de Deus”.
Ao defender o ministério teologico academico ( de faculdade) não faço qualquer tipo de desmerecimento ou desprezo ao ministério leigo ( não academico, pastores que não cursaram seminario ou faculdade de teologia). Afinal boa parte dos discipulos de Jesus eram em primeira mão homens sem grande conhecimento das letras. Não posso por isso deixar de considerar a falta principalmente nas igrejas brasileiras de lideres comprometidos com a boa e ardua teologia academica.
As varias religioes do mundo desde sempre revelaram certos graus da manifestação divina, esta ideia conhecida como “ logus espermatikos “, é bastante antiga e já estava presente nos antigos teologos. Jesus em sua mensagem jamais combateu religiões, e praticas diversas de fé, pois sabia que Ele mesmo é a fonte de todas as religiões. Isto não significa dizer que Jesus era ecumenico, Jesus enquanto homem era judeu desde o inicio até o fim de sua jornada de fé.
O proprio movimento inicial dos seguidores de Jesus era apenas uma seita judaica. Somente mais tarde que a igreja tomou um caminho proprio, mesmo assim a partir de rituais bastante judaicos. A propria arrumação do templo cristão é bastante judaico. Toda religião surge a partir de uma outra e carrega consigo elementos da anterior. Não existe religião pura que não advenha de outra pratica. É natural desta forma que tenhamos todos nossas experiencias de fé proprias pertinentes a nossa cultura e entendimento . Isto pode variar de continente a continente, país a país, estado a estado, cultura a cultura, tribo a tribo, e finalmente de pessoa a pessoa.
Neste mistério do amor por meio de Jesus, creio assim que somos desde já salvos , nós e todos quanto andarem em amor. Só se pode andar em amor, através de Jesus ( reconhecendo ou não seu nome hebraico ) . A própria Bíblia trás o relato de Abraão que sendo pai da fé, e salvo pela justificação por meio da fé, jamais ouviu falar de Jesus, e outros tantos anteriores a encarnação de Jesus. Seria ingenuidade nossa pensar que toda a humanidade que desconhece o evangelho conforme nós o temos ( versão ocidental ) está condenada . O apostolo Paulo entendeu bem esta noção de salvação em Deus pelo amor, ante a consciencia de cada individuo, conforme relata em Romanos. Isto não significa pensar em uma salvação universal da humanidade, mas em uma salvação que é para todos quantos a receberem por decisão livre e pessoal.
Tudo o que é pelo amor, é de Deus e vem de Deus , e Deus é amor, por Jesus Cristo Nosso Senhor.
Anunciar a mensagem de Jesus é anunciar a vida eterna. Vida eterna não apenas porque significa viver eternamente, para sempre. Vida eterna por ser vida absoluta, expressão plena de existencia, abundante, vida ao grau maximo do que pode ser. A salvação que é também a mensagem de Jesus é a vida eterna, este tipo de vida mencionada. Esta vida eterna começa e insurge desde agora, quer começar , quer insurgir. Não começa no mundo abstrato apenas, mas quer significar mudança até aos mais pobres, e principalmente para estes. Jesus veio para os pobres e depois para os outros. O pobre não deixa de ser pobre necessariamente no que diz respeito a seu dinheiro, mas em seu espirito e na sua forma de pensar. Vida eterna que Jesus oferece não significa riqueza, ouro e prata, pelo contrario seu reino não é deste mundo. No outro mundo não há materialidade, pois Deus é espirito.
Anunciar a salvação de Deus em Jesus Cristo, não é anunciar a riqueza financeira que poderá alcançar aquele que recebe a mensagem de Jesus, não pode haver duvida quanto a isto. Jesus não veio para que ficassemos ricos de dinheiro, mas para que fossemos salvos e pudessemos alcançar a vida eterna. A grandeza da vida eterna não tem a ver simplesmente com viver para sempre, muito menos com tornar-se financeiramente rico.
A salvação de Deus em Jesus, que ora anunciamos não significa tão pouco que os pobres tem que permancer pobres no que diz respeito ao aspecto dinheiro, para merecerem a salvação de Deus. Afinal é Joao que fala em sua carta que deseja que em tudo sejamos bem sucedidos. Não há pecado em desejar ser bem sucedido no aspecto financeiro da vida. A salvação é para todos em Jesus Cristo.
A teologia da prosperidade também deve ser abordada nesta possibilidade de ser um ato de amor para com a igreja de Deus, por Jesus Cristo. O amor, diz a Escritura Sagrada, apaga multidão de transgressões. Devemos julgar tudo, e em tudo deixar o amor verdadeiro falar mais alto. A salvação que em nós opera desde já, opera pelo amor, por meio de Jesus Cristo de Nazaré. Isto deve derrubar os muros das denominações. Isto deve bastar contra a intolerância que nós evangélicos temos de nós mesmos. Se o amor não for o suficiente para entendermos a teologia da prosperidade, então não é amor, então não estamos salvos. Foi pelo amor que Deus entregou seu filho, é por amor que somos salvos, desde já, por meio de Jesus Cristo, inicio e fim de toda a criação.
É inegável que a Bíblia inteira de Gênesis à Apocalipse, apresenta um projeto de prosperidade, de ser bem sucedido. Em alguns pontos é mesmo uma garantia dada pela religião do Deus de Israel , em outros um desejo para si e para o próximo.Geralmente acompanhada de condições de mutua responsabilidade do Deus Javé para a seu povo ( nesta parte era tão somente um beneficio destinado ao povo de Israel ) e vice-versa, as vezes contudo desacompanhado de maiores justificativas se apresenta tão somente como um fato da vida que o Criador abençoa de forma absoluta a criatura , mais especialmente aqueles que adotam seus estatutos dados pelos profetas. Não há um porque ontológico do fato, apenas se apresenta desta forma. Em outros tempos um duelo entre a noção de justiça relacionada é travado com o desconhecimento do motivo do sofrimento humano e do não prosperar, do não ser bem sucedido, do não ser curado das enfermidades. Ser vitorioso é desde sempre associado na Bíblia ao ser aprovado por Deus, o estar doente é desde sempre associado na Bíblia ao estar distante de Deus. Seja como for, é indesculpável aquele que se aproximando da religião bíblica quer ignorar a existencia de conceitos de prosperidade em todos aspectos da vida , alegando como motivo desta atitude os exageros cometidos. A existência na Bíblia de uma forma relacional de ser bem sucedido, na saúde, nas finanças, nas lutas da vida é um fato. É preciso que haja o resgate do conceito de prosperidade bíblica. Talvez nunca em toda história do cristianismo uma idéia bíblica tenha sido tão distorcida, e por conseqüência aqueles que assim identificaram a distorção acabaram de um extremo ao outro muitas vezes deixando de serem abençoados por Deus em sua prosperidade e ignorando por medo ou receio aquilo que existe biblicamente sobre o assunto.
O viver em vitória, também foi alvo desta distorção uma vez que se insere na teologia da prosperidade , o olhar critico sobre uma imagem distorcida acaba muitas vezes trazendo novos focos de distorção quando evitando o triunfalismo acaba-se afastando também da vida vitoriosa que há em Cristo, sendo estas duas abordagens bem diferentes. Evitando uma fé que em tudo vê as possibilidades financeiras acaba-se de igual maneira deixando de lado uma fé que pode todas as coisas. Afinal a mensagem de Cristo é uma mensagem de fé. Tratar do assunto Teologia da Prosperidade, é mergulhar na alma da sociedade moderna, nunca o mundo esteve tão afinado com seu próprio espírito em termos de religião pois incrivelmente esta abordagem teológica encontrou o par de sua dança desenfreada, ou digamos ao contrário, o espírito que move as cidades tenha encontrado seu mate na teologia da prosperidade. Se os homens buscavam justificativa religiosa para o consumo desenfreiado e para a destruição da humanidade acabaram por encontrar mais que isto. Nos continentes mais pobres crianças são deixadas à própria sorte e morrendo de fome sem ter o que comer, amargam uma dura morte, dias em que não há sentido para acordar e tudo isto se desenrola na presença das poderosas nações acalentadas pela teologia da prosperidade em sua pior versão, a “capetalista” selvagem. Como é possível que os poderosos durmam em paz diante da miséria e sofrimentos humanos em toda a parte, pais de família suspirando de terror ante a visão de suas famílias desamparadas, e mesmo cometendo suicídio por não ter o que trazer para seus filhos na noite de natal, mães se prostituindo para ter com o que alimentar seus filhos, realidades selvaticas que subsistem dentro das cidades, e fora delas, nada está a salvo. Por traz disso tudo o capitalismo que na teoria se apresentou tão cristão, sendo mesmo segundo Max Weber , fruto da reforma protestante, na pratica completamente desumano e conveniente aos mais ricos e favorecidos.
Note que o evangelho veio primeiro para os mais pobres e não para os ricos deste mundo. Interessante que os pobres não receberam o evangelho dos pobres, mas sim o evangelho dos ricos, a teologia da prosperidade. O capitalismo sufoca as massas na sua práxis a medida que avança, agora tendo como sustento ideológico a teologia da prosperidade, que por sua vez não apresenta ao homem meios de reverter sua condição de oprimido.Como se isso não bastasse o capitalismo apresenta seu maior aliado, a teologia da prosperidade. É claro que existe uma prosperidade em Deus a se apresentar na vida do homem. Existe mesmo um movimento de fé que pode estar identificado aos bens materiais e que vem da palavra de Deus para o homem, mas tudo dentro de um espírito de amor e desinteresse, sobre a qual não pode a verdadeira religião ignorar, do contrario essa busca não terá encontrado seu fim. Não pode a distorção da teologia da prosperidade cegar por medo e desconhecimento que existe um mover de prosperidade para o cristão e para aquele que busca aliança com o Deus da bíblia, aliado à fé mais genuína no próprio Deus. Talvez o grande ataque de satanás seja este, usar a própria doutrina cristã contra a humanidade, tentando legitimar o massacre do individuo, a desumanização da sociedade, o capitalismo selvagem ( como alguns diriam o capetalismo selvagem )através de teologia da prosperidade distorcida .O presente artigo tem assim o objetivo de abordar o assunto apontando sua origem contemporânea bem como suas raízes mais antigas, identificar os exageros e enganos dos pregadores contemporâneos ao mesmo tempo que destacando seus acertos . Estabelecer o limite do que é apresentado como prosperidade bíblica, sem esconder os erros de quem conscientemente ou não, apresenta junto com o jardim , muitas ervas daninhas que para nada servem se não retirar a beleza e os benefícios do jardim teológico verdadeiro.
Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. 3 João 1:2
Como João desejou em sua carta que fossemos prosperos ( prosper= ser bem sucedido, no latin) em todas as coisas, podemos facilmente entender que ser bem sucedido financeiramente não significa ser rico. Um homem rico pode não ser bem sucedido financeiramente antes se encontrar passando por grandes apuros financeiros, ao passo que um vendedor de pipoca na praça, pode ter grande estabilidade em suas finanças, de acordo com suas posses e ser considerado bem sucedido. Um bom economista ou especialista em mercado financeiros poderia analisar esta situação de perto e dar seu veredito. Mas não é preciso, qualquer pessoa pode entender o que é viver em uma situação financeira controlada mesmo sendo considerado pobre, e o que é viver em uma condição financeira de instabilidade e insucesso mesmo sendo considerado rico. Ser prospero não é ser rico, ser prospero é ser bem sucedido, é isto que a palavra latina “prosper” bem como o equivalente no orinal grego significam. Na verdade o original grego da palavra é “ευοδου” ( euodoo ) que significa no grego alguma coisa relativa a viagens, ( eu = bom + doos = caminho ) como por exemplo ser bem sucedido em uma jornada expedicionaria, passando por um caminho certo, ser bem sucedido, obter sucesso em alguma coisa, mas principalmente ter exito em uma jornada ou viagem.
Ervas daninhas sempre prejudicam, sempre atingem as flores e seus frutos. Devemos poda-las ? Devemos deixa-las ? Será que podando as ervas daninhas destruiremos também as flores e os frutos ? Pois o reino de Deus muitas vezes foi apresentado desta forma, com o joio e o trigo, que só podem ser ceifados juntamente, e depois então separados. Não é fácil a obra que se dispõe estas paginas, mas é sem duvida necessária em dias tão confusos onde pregadores poderosos pregam bem mais que o reino de Deus.
APÊNDICE
Examinaremos a etimologia da palavra original para o conceito grego do que alguns traduzem por prosperidade, inclusive a titulo de enriquecimento de nossa pesquisa faremos uma comparação com o mesmo têrmo no novo testamento e seu derivado equivalente no latim, que deu origem ao termo prosperidade que nós conhecemos.
Na terceira epistola de João encontramos a única equivalência da palavra prosperidade, ou de onde foi traduzida a expressão latina “prosper”, isto é, prosperidade ou ser bem sucedido.
“ Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.”
o verbo grego euodomai usado por João e traduzido no latin por prosper, no portugues por prosperidade, é composto por duas palavras :
“eu” - bom + “odos” - caminho = bom caminho.
Vale considerar que na tradução do texto de João por prosperidade o tradutor não foi fiel a etimologia da palavra, que significa “bom caminho” ou “boa viagem”. Forçosamente foi mesmo assim traduzido para o latim com outra palavra, “prosper”. Na verdade o “bom caminho” grego, era um conceito bastante pertinente ao mundo grego, onde se referia como sendo uma jornada, uma empreitada bem sucedida. De qualquer forma temos o termo latino prosper :
Prosper= prosperidade= ser bem sucedido em todos aspectos ( financeiro).
A conotação do aspecto financeiro fica portanto inserida no texto a partir da tradução para o latin. Isto se dá pelo entendimento da concepção grega de felicidade., a saber, abrangente à vida humana como um todo. A mesma expressão dualista usada por João no texto , de alma e corpo, é bastante pertinente a forma de pensar da filosofia platônica .
Até mesmo o dizimo, conceito integrante da prosperidade bíblica desde suas primeiras sugestões, era pratica grega antiguíssima ( bem antes da tradição judaica ), participante do período mítico grego onde eram ofertados dízimos aos deuses gregos de todas conquistas ( A República de Platão, 400 AC) , sendo mesmo parte dos cultos, onde devidamente os deuses abençoariam fortemente a cidade caso fossem propiciados por tal dízimos, depositados no templo deste ou daquele deus. Possivelmente não eram os gregos únicos povos praticantes do dizimo, parecendo ser mais uma pratica comum da humanidade no lugar atual do Iraque, antes Babilônia, etc...
Outra consideração importante é que a noção grega de “eudaimonia’ ( vida feliz) possivelmente foi transmitida a igreja primitiva já que fazia parte integrante dos valores gregos no qual estáva então inserida a igreja, contribuindo assim de alguma forma para o resultado final do conceito de prosperidade biblica no Antigo e Nôvo testamentos, o que fica de acordo com o texto de João onde o discipulo amado deseja o “eudos” ( bom caminho ) em todos aspectos da vida.
Verificamos desta forma indícios para o surgimento do conceito de prosperidade bíblica conforme conhecemos a partir da noção grega de vida feliz, de completude em todos os aspectos da vida humana, referenciada pelo conceito “eudaimonia” , não há relato mais antigo do que o Grego sobre o desejar e buscar o “ser bem sucedido” em todos aspectos da vida, mesmo considerando que o aspecto financeiro não era evidenciado , mas sim a virtude .
CAPÍTULO 1
ORIGEM DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
1.1-Pregadores Norte-Americanos
Algumas abordagens apresentam origens diversas para a tão chamada teologia da prosperidade, fato é que não é assunto novo, já no inicio do século XX havia vários pregadores com certas doutrinas novas, e pelo menos um pregador itinerante nos Estados Unidos, que apesar de não ser pentecostal, ensinava doutrinas pertinentes a um certo investimento a ser feito na obra de Deus. Mais. Ensinava o tal pregador de si mesmo que era possivel pela confissão das verdades bíblicas e praticas de ofertas financeiras e dizimos ter-se um retorno financeiro certo e multiplicado e também uma saúde inabalável (que para este movimento passa a ser também parte das promessas de Deus para o crente), tudo isto de forma inegociável dentro de uma visão triunfalista e de confissão positiva do evangelho, onde as palavras determinam os acontecimentos no mundo material. Trata-se do pastor norte americano Essek William Kenyon ( 1867-1948 ). Existiram outros antes de Essek e mesmo contemporâneos deste, é difícil identificar qual tenha sido o primeiro, ou talvez tenha havido alguns ao mesmo tempo, trataremos contudo do quadro apresentado por Essek já que foi ele de qualquer forma quem apresentou com maior projeção a inicialmente chamada teologia da fé, inclusive considerado pioneiro no evangelismo de radio foi seguramente aquele que passou adiante com mais vigor a nova doutrina. Inicialmente um pastor Metodista, começou a ensinar uma certa teologia da fé que caminhava lado a lado com vários conceitos complexos e não ortodoxos acerca de que cada crente seria um cristo encarnado tendo também sido um notável pioneiro no evangelho em programas de rádio, algo completamente novo para sua época. Essek popularizou algumas palavras de fé que foram a origem de vários verbetes de fé hoje tão comuns no mundo cristão, “when I confess I possess” ( quando eu confesso eu possuo ) talvez seja o mais popular na América até os dias de hoje, na chamada teologia da fé ( considerada como precurssora da teologia da prosperidade ).
Outro ponto importante é que um dos conceitos do movimento atualmente conhecido por Nova Era,( teve origem no chamado movimento americano Novo Pensamento Metafísico), a confissão positiva, teve um grande impacto em Kenyon .De qualquer forma Kenyon tinha algumas colocações bastante perigosas para os conceitos cristãos como : “se a morte física de Jesus era suficiente para pagar a pena pelo pecado então cada cristão deveria ser capaz de pagar a pena por seus pecados por si mesmos, com a própria morte, desta forma ele concluía que a morte física de Jesus não tocava a questão do pecado de forma alguma “.E outras considerações do mesmo tipo. Para Essek, o mundo material seria controlado pelo espiritual ( abordagem nova para o evangelho da época) acrescentando a isso que a confissão positiva do evangelho teria certas consequências praticas, desta forma surge a base do que temos hoje como teologia da prosperidade. As idéias originais de Essek não param por aí, já que ao se valer de princípios de confissão positiva pode-se entender que são os mesmo utilizados pelo movimento que se denomina atualmente de Nova Era, desta forma muitos atribuem a própria Nova Era, o surgimento da teologia da prosperidade. A partir de Essek, surgem então outros pregadores, cujo maior expoente é o pregador e pastor Kenneth E.Hagin, entre outros.
Hagin teria desta forma o titulo de pai da teologia da fé ou da prosperidade, mas na verdade ele seria um discípulo de Essek, coisa que nunca adimitiu alegando que somente algumas idéias e conceitos iniciais de Essek teriam servido no inicio de sua caminhada ministerial. Outro ponto interessante é que Hagin , da mesma forma que Robert MacAlister não tinha ênfase no aspecto financeiro da vida cristã, este era apenas um dos aspectos a ser considerados. Havia mais uma questão voltada a saúde do crente pela cura divina, bem como uma visão devocional da vida cristã. Também a experiência mística de Hagin era altamente desenvolvida como ficou claro ao relatar e apresentar mesmo diversas narrativas em suas obras de experiências fora do corpo, viagem do espírito, e mesmo encontro com o próprio Jesus Cristo que teria, segundo Hagin , lhe concedido um dom de cura. Fosse como fosse há relatos de que até o dia de sua morte nunca tenha este homem contraído qualquer doença grave e os testemunhos de curas no ministério tenham se difundido por vários continentes.
Até que ponto a atual teologia da prosperidade ,( me refiro a forma desumana com que o dinheiro é arrancado de pessoas pobres), teria tido sua origem em Essek e em Hagin e no Brasil com o Bispo Roberto ? Seria razoável pensar em uma ligação entre estes pregadores, mas o ditado avisa que um erro leva a outro erro, desta forma se em alguma abordagem tenha havido um desvio aparentemente inofensivo da doutrina original esta curva ao longo dos anos se estendeu mais e mais até chegarmos na igreja mercado hoje instalada, completamente capitalista e selvagem onde o crente abençoado é o crente rico em posses materiais , bastante diferente das palavras do bispo Roberto onde ele dizia que para o pobre há também bênçãos. O próprio Hagin jamais apresentou colocação diferente desta nem fez pouco caso de classes mais desfavorecidas pois dava grande ênfase na vida espiritual , de oração, de fé e de cura das enfermidades, e nisso não pode haver nada de mal, quando guardadas as proporções devidas. Não obstante minha defesa de Hagin, devo relatar que quando eu cursava a escola bíblica de fé , de Hagin , lendo todos seus livros e no auge daquele mover de fé, me recordo de uma colega que eu pude encontrar fora do curso e perguntei porque ela estava sem ir a aula. Esta irmã me respondeu triste que o curso havia a deixado triste pois sua avó sofria de câncer e estava morrendo e desta forma pelos ensinos de Hagin ela entendia que não havia fé o bastante em sua casa e em sua família para a cura de sua avó amada. Percebemos aí um grave erro teológico e de ensino que teve conseqüências graves para toda a vida desta jovem, e de tantas outras vidas que não alcançaram a cura.
E um erro leva a outro erro, quando não corrigido. Deus não se encontra no lugar de servo .Deus é o Senhor, nós somos os servos. Muito possivelmente na teologia de fé de Essek foi deixado este aspecto de lado em um tipo de culto hedonista onde o homem é um pequeno Deus capaz de ser comparado a um tipo de Cristo, um pequeno Jesus Cristo encarnado quando eles ( Kanyon e Hagin) afirmam sem medo,” os crentes são Jesus” . Kenneth Hagin vai ainda mais longe quando diz “ O homem foi criado em termos de igualdade com Deus, e ele pode estar de pé na presença de Deus sem qualquer consciência de inferioridade”. Isto precisamente é o que está por traz da teologia da fé, da teologia da prosperidade, da teologia do triunfalismo cristão,da teologia do super-crente o homem está para estas teologias de frente com Deus, como diz outro líder , “ exiga de Deus o seu milagre” . Se o homem está em pé de igualdade com Deus então ele pode exigir este milagre. Outra colocação interessante de Hagin com relação a Kenyon é que alem de sua influencia minuta sobre seu ministério, todas as idéias de Kenyon acerca do das influencias metafísicas no homem não seriam do agrado ou concordância de Hagin, que as condenaria tanto quanto a ciência cristã. Provavelmente Hagin deveria ter consultado os próprios escritos antes de combater assim as idéias de pensamentos metafísicos de Kanyon não é mesmo ? “Eta” classe dezunida !
O que dizer acerca do New Thought metaphysics ? Esta é uma estrada que nos importa conhecer. Ao que tudo indica conforme autores americanos Essek teria tido considerável contato com estudantes deste movimento quando ele mesmo freqüentou o Emerson College of Oratory, uma instituição bastante conhecida no que diz respeito a sua freqüência de alunos partipantes do movimento New Thought, isto teve grande impacto e influencia na ministração de fé e de cura praticada por Essek..
Hagin foi assim seguindo os passos de Essek sendo considerado o maior propagador de suas idéias, ainda que não tenha concordado com essa colocação. Hagin foi responsável por espalhar a doutrina e movimento da teologia da fé, ou teologia da prosperidade pelo mundo, como um evangelho positivo, ou de confissão positiva de verdades bíblicas, ensinando que o tipo de confissão leva a materialização dos resultados, chegando a fundar um centro de estudos do qual foram alunos muitos dos principais evangelistas mundialmente conhecidos. Todo este movimento , guardadas certas caracteristicas pessoais , foi trazido ao Brasil a partir de 1970 pelo Bispo Roberto Maclister, fundador da Igreja de Nova Vida. Mesmo os cursos de Hagin, foram ministrados no Brasil em alguns grupos da Igreja de Nova Vida, e foram elemento fundamental para a ordenação dos ministros . A partir da Igreja de Nova Vida com o Bispo Roberto MacAlister é que o Brasil entra em contato com a teologia da fé. Fica a questão se MacAlister teve ou não contato com Hagin, com o material de Essek e com o New Tought Methafisics, isto considerando que MacAlister veio do Canadá e não dos EUA.
Mas não foi na Igreja de Nova Vida que a teologia da prosperidade teve sua maior expressão. Foi de dissidentes que surgiram as maiores referencias do Brasil e talvez do mundo, trata-se da Igreja Internacional da Graça de Deus e da Igreja Universal do Reino de Deus, alem da Igreja do Apóstolo Miguel Ângelo. Incrivelmente todas os três ministérios são oriundos da Igreja de Nova Vida onde seus respectivos fundadores eram diáconos tendo todos eles cursado a Escola Bíblica de Fé de Hagin ou cursos com ensinamentos similares que sempre foram a tônica na Igreja de Nova Vida. Foram assim principalmente destas tres lideranças que a teologia da prosperidade alcançou o formato que conhecemos hoje, bastante diferente daquele trazido pelo Bispo Roberto Maclister. Não é possível negar que o saldo é positivo para o evangelho e o reino de Deus. Apesar das deformações teológicas sofridas pela doutrina inicial apresentada por MacAlister, a dinâmica de vidas transformadas e resgate social nestas igrejas dissidentes no Brasil é imensa, o beneficio social incalculável, pois de qualquer forma o fiel desesperançado acaba por ver uma luz no fim do túnel. Ao contrario da Igreja de Nova Vida, a IURD e a Igreja da Graça, estabeleceram como alvo a ser atingido a classe menos favorecida onde exatamente existe o maior nível de carência social, o resultado foi que supriram uma demanda a muito em falta no Brasil, e de fato apresentaram ao povo a mensagem de Jesus Cristo.
As conseqüências de um erro teológico tardam mas não falham, isto é o que mostra a história do cristianismo e da igreja. Que possam as conseqüências do engano no que diz respeito a deformação da teologia da prosperidade serem minimizadas e as benesses do evangelho anunciado por estas denominações serem potencializadas, com a ajuda de Deus e empenho de todos nós. A partir da apresentação inicial feita por MacAlister , tendo sofrido modificações e diversas influencias, em um processo de décadas o atual modelo de teologia da prosperidade acabou por penetrar as demais igrejas até mesmo históricas reformadas e pentecostais históricas sendo hoje uma hegemonia nas igrejas neo-pentecostais. Além destas igrejas no Brasil existem outras de expressão, entre elas a Igreja Renascer em Cristo, e sua dissidente a Igreja Bola de Neve. Apesar de serem todas neo-pentecostais, é importante frisar que não são todas igrejas neo-pentecostais que atendem ao sentido dado atualmente à Teologia da Prosperidade de um certo comercio da fé ( o crente entrega sua oferta para Deus, e Ele devolve em dobro ou mais).
Nos EUA a teologia da prosperidade não ganhou tanta força desde seu inicio o que motivou o surgimento de cruzadas televisivas e em estádios não chegando contudo a atingir a visão cristã predominantemente protestante histórica. Há de se considerar contudo para os EUA que hoje aquela nação atravessa um momento diferente em sua situação econômica, bastante difícil , o que pode abrir mesmo condições para uma teologia de fé mais agressiva. Já se tem noticia de grandes templos da IURD nos EUA. O tempo dirá, se esta teologia passará na prova dos séculos. Por ora , no Brasil, o capitalismo encontrou seu par, a teologia da prosperidade. As igrejas-empresa, ou igrejas da prosperidade, tiveram sua expressão máxima e continuam em crescimento a partir dos EUA, hoje estão em todo o planeta, principalmente no Brasil, e nas áreas e continentes mais pobres e não tem data para desacelerar seu crescimento. Talvez quando os recursos do planeta chegarem ao fim esta estrada também encontre seu destino, ou os fieis desiludidos começarem a entender que o único que ganha carro novo é o pastor dirigente.
É objetivo deste trabalho de pesquisa, resgatar na medida do possível, o sentido de prosperidade e vida cristã trazido para o Brasil pelo amado Bispo Roberto MacAlister bem como acrescentar alguns pontos de interesse bíblico e teológico sobre o mesmo assunto. No ponto de vista deste autor , o Bispo Robert MacAlister, doou sua vida por amor ao Brasil e à Jesus Cristo de Nazaré inaugurando um novo tempo de bênçãos e alegrias em Jesus Cristo para a nação brasileira. Como diz o celebre pregador : “...A religião a exemplo do amor, é uma finalidade em si mesma, .Não pode ser buscada, a fim de fazer o individuo sentir- se bem, feliz ou prospero.Só pode ser buscada por sua própria finalidade, mas uma vez que seja achada, transborda de subprodutos como saúde, felicidade, e prosperidade.Não pode ser controlada ou manipulada pelos desejos pessoais do homem.Aqueles que pretendem utilizar-se de tais controles não passam de charlatões.Com freqüência são seguidos por grande numero de pessoas e a única coisa que pode faze-los parar é a verdade”-Theodore P. Ferris .
1.2- New Thought metaphysics (Metafísica do Novo Pensamento )
O lema deste antigo movimento de intelectuais é “a pratica da presença de Deus para propósitos e finalidades praticas “ , e isto já diz muito do que era o movimento aliançado com Kanyon.
Novo Pensamento é um movimento filosófico –espiritual e religioso que começou no século dezenove e continua a existir ata a presente data, inclui teoria e pratica de cura, o movimento é também intimamente ligado à chamada ciência cristã, havendo outros movimentos como CIENCIA DIVINA, UNIDADE, CIENCIA RELIGIOSA etc...que juntamente com o SEICH -NO –IE representam hoje o expoente no movimento do Novo Pensamento. O nome New Thought metaphysics veio na verdade substituir o nome inicial dado para o movimento MIND CURE ou cura da mente ou pela mente. O New Thought ou Nova Era conforme conhecemos , apresenta um mundo de desespero em que nos encontramos, o mundo pos-moderno, e desta maneira primeiramente encarando a verdade que é caótica no mundo atual, apresenta dois caminhos a serem considerados de boa opção. Um destes é o caminho da filosofia sapiencial antiga, um retorno as tradições milenares antigas e a sabedoria antiga, que o movimento apresenta como sendo o inicio de tudo o que existe em termos de conhecimento. Outra opção seria o pensamento da New Age, ou nova era do conhecimento, conforme ficamos conhecendo apenas pela designação de Nova Era, adotada pelos estudiosos e seguidores do New Thought Movement.
1.3- O Livro do Gênesis
Muito pertinente ao nosso assunto, é considerar que vários ou todos aspectos da vida cristã contemporâneas são apresentados no livro de Gênesis, que deveria talvez ser uma matriz para os demais, ou uma síntese de tudo o que estaria por ser apresentado nos demais livros da bíblia. No Gênesis o homem sofre a “queda” ao mesmo tempo que lhe é apresentado o plano de Deus para sua restituição, neste livro é também proposto ao povo de Israel um tipo de acordo bi-lateral onde o cumprimento de certas clausulas implicaria na obrigação divina em cumprir outras, sempre referentes a posse territorial , aquisição de bens, gado, vitorias militares contra os inimigos, e mesmo saúde física. Ora se não temos aí os ingredientes da mais primitiva teologia da prosperidade, como negar a proposta divina para incentivar seus primeiros fieis. Esta projeção se encontrou mais claramente expressa em Abraão e desta forma nominado por pai da fé, ou pai da teologia da prosperidade ? Seja como for Abraão foi capacitado por Deus para sua jornada de fé , em separar para Deus um povo que fosse em acordo a promessa feita, terra, bens, poder, riqueza. De fato a narrativa bíblica apresenta Abraão como um homem de posses e poderoso mesmo para enfrentar alguns reis. Outra abordagem importante para nossa pesquisa é que no relato do livro de Gênesis é inegável a proposta divina de criação a partir da confissão positiva : “ e disse Deus...e disse Deus...e disse Deus “.
Poderia ter sido de outra forma, “ e Deus pensou...e Deus pensou...e Deus pensou...”, ou mesmo “ e Deus teve um sonho...e Deus teve um sonho...e Deus teve um sonho...”.Mas foi tão somente, “e disse Deus...”.Como poderemos entender tudo o que está no livro de Gênesis a luz de uma teologia coerente, em acordo com o pouco de ciência que possuímos. Não podemos entender tudo o que está escrito , mas o pouco que entendemos não pode fazer naufragar a ciência desenvolvida ao longo de milhares de anos e que segundo Salomão, é também uma dádiva de Deus para o homem. Podemos contudo considerar que não sabemos todas as coisas, fazer nossas as palavras de Daniel quando diz que “ao homem pertence as coisas reveladas”. Precisamos nos livrar da obrigação de dar explicação para todas as coisas, da mesma forma que no século X o mais interessado cientista não poderia explicar uma lanterna elétrica. Nem tudo na bíblia é mito, nem tudo é histórico, mas tudo é inspirado para a salvação do homem e fazer voltar a comunhão perdida com Deus. Que Moises dificilmente teria escrito o livro de Gênesis, nós sabemos. Que o relato de Adão e Eva, enquanto inicio da espécie, dificilmente teria ocorrido, nós sabemos. Resta então nos ater aos fatos enquanto significação teológica básica e inegociável. O homem perdeu a comunhão que tinha com Deus, em algum momento e por algum motivo,até que ponto foi esta uma vitoria do mal, ou um plano de Deus?
Também não podemos dar uma resposta lógica a não ser por convicções de fé. Se dizemos que o diabo enganou Eva e Deus , mesmo amando o homem não pôde impedir a separação da humanidade de sua presença, fazemos Deus impotente .Se dizemos que Deus planejou esta “queda”, com todos os sofrimentos a ela pertinentes, ( guerras, doenças, fome, crianças em profundo sofrimento) declaramos um Deus obstinado . Melhor é nos ater ao que conhecemos e podemos entender. O homem está distante de Deus e precisa buscar esta religação, este “religare”, esta religião com Deus. Deus moveu –se na direção do homem, buscando o servo Abraão, um homem diferente dos de sua época, o que fazia Abraão ser diferente ? Não é certo, mas parece ser sua capacidade em acreditar nas coisas que não eram vistas. O normal para os dias de Abraão era que nada do que não fosse visto seria digno de credito, a exemplo de Sara que riu ao lhe ser informado do que viria, este era mais o tipo da humanidade daqueles dias. Não era assim com Abraão , ele creu, a ponto de deixar a terra de sua parentela, a ponto de olhar para o céu e tentar contar as estrelas, acreditando que de alguma forma poderia faze-lo. Teve Abraão que ser impedido por Deus em sua contagem, quando lhe foi prometido, “farei de ti uma grande nação, em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Abraão não sem motivo foi chamado o pai da fé.Abraão creu para sua salvação de muitos outros. A linguagem de Deus expressa no livro de Gênesis é aquela da fé, em crer no invisível, e não somente de crer mas de confessar o que não é visível para sua existência, esta foi a forma relatada da criação do mundo em que vivemos, Deus professou as coisas e elas vieram a existência.
O problema surge quando nos comparamos a Deus, e trazemos para a humanidade a suposição de termos os poderes divinos pela palavra. .Da mesma forma que Deus trouxe o universo a existência, supomos poder faze-lo, e esquecemos que aquele que quis ser igual a Deus, foi destituído de sua glória juntamente com a terça parte do céu. Consideramos também o acordo feito com Abraão no que diz respeito a pretensa prosperidade prometida por Deus, um tipo de barganha santa, um tipo de fé “toma lá – dá cá “. Porque Deus teria instaurado desde cedo um materialismo atrelado à vivencia de fé, uma condição de benefícios materiais relativamente a fé e obediência em Sua Palavra? Até que ponto o sermos iguais a Deus em imagem e semelhança nos dá condições de fazer o que o Deus criador elencado no Gênesis fez , pelo poder da simples expressão de suas palavras ? São perguntas para as quais podemos não alcançar respostas, nem por isso podemos ignorar tais questões.
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS BIBLICOS E ALEGAÇÕES
2.1- Textos Bíblicos Utilizados pelos Pregadores da Prosperidade
Os fundamentos da teologia da prosperidade são encontrados em uma leitura bíblica fora do contexto, isto é, uma leitura isolada de trechos bíblicos pertinentes a algum tipo de benção financeira para o crente. Tais referencias bíblicas são fartas no antigo e novo testamentos. O verdadeiro significado do texto é modificado pela interpretação desta teologia deixando seu caráter subjetivo ( do espírito e sentimento do crente ) para ser de caráter objetivo ( as riquezas e valores financeiros deste mundo ) e nesta base toda uma varredura sistemática é feita nas escrituras. O homem passa a constituir certo posicionamento hedonista, e mesmo se divinizar a medida que ele mesmo passar a ter direito em exigir de Deus tudo o que ele desejar, com base nas promessas bíblicas. O homem passa a ser senhor de seu destino, e estando em lugar de exigir de Deus, que por sua vez passa a ser servo do homem. Caso não seja atendido o pedido do crente, o motivo alegado será o de falta de fé, ou de estar o homem em pecado, neste caso o inimigo ( diabo ) agiria de forma contraria, isto é, destituiria o homem de todos seus bens e riquezas.
A saúde também é ponto integrante destes interesses e da mesma forma é abordado o assunto. Ao final de tudo, tem-se o super crente, em super igrejas. Com a operação de Deus diretamente no culto litúrgico perde-se o caráter essencial do cristianismo, onde Deus passa a atender especificamente os problemas e necessidades individuais, e como em uma pratica mágica, os crentes passam a exigir de Deus o cumprimento e atendimento de suas petições. Para o fiel cumprimento de tais pedidos faz-se necessário o pronunciar corretamente e com vigor determinadas palavras bíblicas ao fim das quais deve-se dizer “ em nome de Jesus”. Ainda há de se ponderar que aliado a este ritual deve-se exorcizar a pessoa que estaria invariavelmente presa nos braços de satanás, fazendo deste momento uma ocasião de grande impressão emocional. Acreditam na verdade, que todo o mal que existe na humanidade e no individuo é ação direta de satanás e desta forma deve ser exorcizado, retirando assim o fator subjetivo das diversas situações abordadas pela fé cristã.
Os textos bíblicos usados são como dito acima, retirados do contexto, são do Novo e Antigo testamentos, sendo usado nas pregações através de repetidas mensagens os mesmos princípios, “Dê a Deus e ele te dará em dobro “ “saúde, dinheiro e tudo o mais o que você pedir”. Dar dinheiro a igreja para que Deus devolva em dobro, é no mínimo, uma deturpação vil das escrituras e de forma torpe, típico do mundo consumista em que vivemos e no melhor modelo da religião paga,e pagã, não podemos esquecer que em At 8.18 foi Simão severamente repreendido por pensar tal coisa.
Mateus –17.20/ Lucas 17.6 –/João 14.12–/2 Coríntios 9 . 6/.Lucas 5.6
Malaquias – exemplo de texto utilizado fora do contexto:
3:8 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas
3:10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.
2.2- Resultados Práticos da Pregação da Prosperidade
As conseqüências das praticas apresentadas na teologia da prosperidade, além de pastores ricos e verdadeiros impérios – igrejas , podem ser sentidas naqueles mais pobres que ali depositam tudo o que tem, ou quase tudo, na esperança de verem atendidos suas necessidades imediatas, e feito isto não tem dinheiro sequer para retornarem as suas casas, e o que é pior, ao voltarem em sua vida normal acabam entendendo que de acordo com sua fé professada na teologia da prosperidade, ainda não alcançaram o nível de fé e vida espiritual necessária para “romperem em fé”, muitas vezes acabam moribundos e perdidos nas ruas da amarga desilusão religiosa .
A teologia da prosperidade não é uma doutrina verdadeira, da forma que se apresenta, pois contem inverdades as mais diversas.Algumas autoridades já questionaram mesmo o quanto dever-se-ia prover meios de fiscalização das instituições religiosas, mas as conseqüências da ingerência estatal nas religiões tem mais problemas que soluções, e mesmo os fieis quando desiludidos são poucos que buscam os meios legais para o processo contra a igreja . O evangelho de salvação de Cristo foi modificado para uma salvação da vida material e para tal busca se voltam os fieis, é a religião paga , e pagã, bem de acordo com o presente tempo capitalista que vive o mundo, bastante conveniente aos ricos deste mundo, para assim justificarem suas riquezas e opulência.
Para uma perspectiva dos resultados sociais, econômicos e políticos e tais igrejas da prosperidade, e sua influencia na sociedade, no individuo , no estado, há de se fazer uma seria pesquisa que não comporta na presente exposição. Pode se contudo averiguar que como principal resultado temos que os movimentos de fé que são práxis da teologia da prosperidade, o quanto mais se distanciam da real significação dos textos bíblicos, ofuscam a visão dos que dele se aproximam e mais se distanciam da fé verdadeira e da paz que é oferecida na mensagem de Cristo. O tipo de consolação pertinente aos valores de Cristo são deixados para traz em busca de uma conceituação financeira e de saúde, e de vitória em todos aspectos da vida.A religião muda de pratica espiritual para material-financeira , e a vida em Cristo deixa de ser vida em Cristo para ser qualquer outra coisa.
Um dia a casa cai.A desilusão da massa é algo que normalmente leva alguns anos ou décadas, o que já vem ocorrendo nos EUA com o crescente esvaziamento das igrejas neo-pentecostais, entretanto a desilusão do individuo já é algo que se faz sentir, e não passa desapercebido, ante as frustrações de uma religião que não funciona como o prometido. Não é possível, só o pastor que ganha o carro do ano ?
CAPÍTULO 3
UMA PROSPERIDADE BÍBLICA
3.1- O Padrão Bíblico
Gostaria de buscar uma conciliação do verdadeiro sentido da prosperidade bíblica, que está ao alcance de todo o crente, que foi distorcida na dita Teologia da Prosperidade. Existe uma vontade de Deus para o cristão que em dadas circunstancias possa se revelar em bênçãos materiais e em uma dita prosperidade bíblica, são vários os textos que merecem nossa analise. Inegável é que existe fundamento na assim chamada teologia de prosperidade, é o próprio apóstolo Paulo que salienta que quem plantar mais , vai colher mais , isto após se referir a coleta para as igrejas de Jerusalém. Mas se não houvesse qualquer tipo de base bíblica, não seria teologia bíblica de qualquer forma. Existe legalidade temática e bíblica para abordagens as mais diversas, que vem atender um sem numero de possíveis interpretações dos ensinos de Jesus. Negar isto é ir de encontro a pluralidade de denominações e manifestações da fé cristã. Até mesmo algumas doutrinas tidas pelo cristianismo ortodoxo como não cristãs, encontram suas bases na escritura bíblica.
Por outro lado, não é possível negar as palavras de confissão positivas do Cristo, posto que é mesmo Jesus que apresenta, o poder da fé para dar ordens as montanhas e arvores e outras considerações como a do grão de mostarda e também as parábolas do servo mau, que deveria ter multiplicado seus bens,e também a multiplicação de pães e peixes,etc...Isto para não falar nos textos vétero-testamentários, onde é o próprio Deus que mandar fazer prova d”Ele, se Ele não há de dar retribuição dobrada pelo dízimo, etc...Como contestar o que se apresenta de forma irredutível ?
Há de se analisar o contexto, e mesmo assim, não se poderá negar o positivismo contido em certos trechos bíblicos. Uma das considerações dos estudiosos é que de forma paradoxal a doutrina da nova era, combatida pelos neo-pentecostais, seria ela própria a origem provável do evangelho de confissão positiva e da teologia da prosperidade. Mas o que dizer se a própria origem de tal pensamento encontra aceitação em certos trechos bíblicos ? A IURD seguramente apresenta uma caricatura do material bíblico acerca da relação oferta – benção de Deus, e do movimento de fé contido nas escrituras.
Isto não nos permite contudo ir de um pólo a outro, sem paradas. Afinal a religião cristã é antes de tudo um movimento de fé, quando diz a escritura, sem ela é impossível agradar a Deus.Corremos o risco de ao rebater a teologia da prosperidade ( movimento de fé) acabarmos no fim de tudo em combate a própria religião ensinada por Cristo, uma religião de fé. O que dizer também a cerca de certos efeitos socializadores trazidos pelas igrejas neo-pentecostais, os benefícios da confissão positiva do evangelho tem como efeitos entre outros a propagação da ética moral cristã nas suas mais intensas verdades . Seguindo esta linha de pensamento não é difícil ver a luz divina nas idéias weberianas onde o ascetismo cristão adentra pela vida cotidiana e faz como que a simples função do autônomo mergulhe nas profundas verdades cósmicas da salvação. Se o capitalismo começou pelas idéias cristãs da reforma, onde a dado momento deixando para traz o mundo da salvação exclusiva pela fé ensinada por Lutero, agora contempla os caminhos puritanos em um novo entendimento onde o simples artesão passa a ser instrumento do criador do universo e mesmo em seu oficio está a serviço do Criador.
Ora se o capitalismo de fato começou na igreja, e o que era tido como mundano assim deixou de ser para entrar na esfera do que é sagrado, da mesma forma o que era mundano , a saber a multiplicação das riquezas, antes somente para sustento, agora para grandeza, passou mais uma vez promovido pela própria pratica de fé, a uma dimensão do sagrado, a saber a teologia da prosperidade.
Como Jung denota , todos os males da mente estariam ligados ao sagrado, ou em ultima instancia ,à falta do sagrado e ao arquétipo Deus. Também pode ser considerado o governo deste mundo a uma adequação do sistema financeiro consumista a uma correspondente ideologia, por etapas, primeiro a sacralização do sustento, ( ética protestante ascetista mundana) e em um segundo momento a sacralização da multiplicação de riquezas (multiplicação de pães e peixes- teologia da prosperidade). Nesta seqüência de provisões teológicas , encontra-se o abuso / caricatura promovido por igrejas neo-pentecostais , mas de forma alguma pode ser confundido esta deformação ,e vista na forma de uma absolutização da idéia do erro. Existe uma prosperidade bíblica.
3.2- Textos Bíblicos
Os inúmeros registros bíblicos apontam para germes da confissão positiva do evangelho, em Jesus e nos discípulos, apóstolos e na própria igreja primitiva, podemos assim enumerar , entre vários outros no Antigo e Novo testamentos :
Mateus –17.20
confissão positiva nas palavras de Jesus:
E Jesus lhes disse: Por causa de vossa pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível
Lucas 17.6 –
confissão positiva nas palavras de Jesus:
E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
João 14.12–
confissão positiva nas palavras de Jesus:
¶ Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.
2 Coríntios 9 : 1 à 15-
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
6 ¶ E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará.
esclarimento quanto ao caráter da oferta a ser entregue e estado de espírito do ofertante:
7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
esclarimento quanto ao caráter da oferta a ser entregue e estado de espírito do ofertante:
9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre.
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;
Lucas 5
4 E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
confissão positiva nas palavras de Pedro:
5 E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.
6 E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.
7 E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
Atos dos Apóstolos-19.25
referencia ao significado do têrmo prosperidade=dinheiro:
Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade;
1 Coríntios –16.2
referencia ao significado do têrmo bíblico prosperidade=dinheiro:
No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.
3.3-O Termo prosperidade nos dias de Jesus
Certa feita quando me encontrava em um culto neo pentecostal bastante emotivo e dinâmico, muito bom mesmo, ouvi quando o pregador de forma veemente tentou ensinar que o vinho a que Jesus havia transformado a partir da água, nas bodas de Cana da Galileia, na verdade não era vinho, mas suco de uva. Aquilo doeu fundo no coração e na alma, não fosse o imenso amor daquele pastor pelos jovens que compunham a assistência daquele culto , eu me teria feito sair daquele lugar, tamanha ignorância dos assuntos bíblicos. Seguramente as boas intenções daquele homem estavam alem de sua ignorância e dos enganos exegéticos de quem pouca instrução teológica teve, estavam no esforço desmedido em salvar aqueles jovens e os levar a uma conversão em suas vidas. E deste ponto chegamos a questão do termo prosperidade nas Escrituras Sagradas.
Algumas diferentes aplicações nas Escrituras :
Significando continuidade da descendencia :
Ester 10:3 Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo, e proclamando a prosperidade de toda a sua descendência
Significando riqueza material generalizada:
Jó 21:13 Na prosperidade gastam os seus dias, e num momento descem à sepultura
Vida vitoriosa em todos sentidos:
Salmos 73:3 Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.
Significando mantimentos:
Salmos 122:7 Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios.
Significando paz em tudo :
Eclesiastes 7:14 No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.
Significando ganhos financeiros e dinheiro :
Atos dos Apóstolos 19:25 Aos quais, havendo-os ajuntado com os oficiais de obras semelhantes, disse: Senhores, vós bem sabeis que deste ofício temos a nossa prosperidade;
Significando medida e nível de vida , e dinheiro (de ganho financeiro médio) :
1 Coríntios 16:2 No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.
Prosperidade (do latim prosperitate) refere-se à qualidade ou estado de próspero, que, por sua vez, significa ditoso, feliz, venturoso, bem-sucedido, afortunado . Naturalmente pode-se depreender diversos outros significados para a palavra prosperidade, mas nos importa especialmente aquela descrita nos trechos de Atos dos Apostolos e em Corintios. Sim, prosperidade podia significar dinheiro e valoração de finanças em geral.
Desta forma podemos sem sombra de duvida avançar neste terreno bastante confuso, estabelecendo o que o apostolo de fato quis dizer quando haveria um presenteamento financeiro por parte de Deus aos fieis bastante e precisamente identificado em 2 Cor 9 -ele diz que Deus há de retribui r e multiplicar os recursos financeiros daqueles que muito semeiam...
2 Coríntios 9 : 1 à 15-
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
6 ¶ E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará.
esclarimento quanto ao caráter da oferta a ser entregue e estado de espírito do ofertante:
7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
esclarimento quanto ao caráter da oferta a ser entregue e estado de espírito do ofertante:
9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre.
princípio de recompensa atrelado á oferta á ser feita à igreja:
10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;
Estas ofertas aqui relatadas, são aquelas referidas em 1 Cor 16:1 e 2, para os crentes de Jerusalém/ Judéia que naquela ocasião passavam necessidades financeiras. Tratava-se de uma campanha de arrecadação em todas igrejas do ministério do apóstolo Paulo, onde apresentando o exemplo de uma igreja ele encorajava outras a ofertarem ainda mais. Nesta especifica arrecadação em Corinto, o apóstolo dá instruções com relação ao primeiro dia da semana, como em um tipo de primícias, explicando também que deve ser feito conforme as possibilidades individuais quando diz “conforme sua prosperidade”. A mesma recomendação o apostolo apresenta em 2 Co. Em ambas cartas o apóstolo apresenta características de uma coleta que seria individual , sistemática, proporcional e cuidadosamente administrada , deixando claro um modelo bastante racional neste negocio das ofertas. Apesar da orientação a que cada um ofertasse segundo sua possibilidade ( 2 Cor 8.12) . O apóstolo não mede elogios à igreja da Macedônia, que mesmo sendo pobre ofertou bem acima de sua possibilidade para a mesma campanha para a igreja de Jerusalém, conforme se apresenta em 2Cor 8.2:5
Em 2 Cor 8.7, o apóstolo faz nova exortação a igreja de Corinto onde ele elogia e afirma as virtudes da igreja em fé,palavra, ciência e em toda a diligência e no amor para com o apóstolo, exortando que da mesma forma pudesse a igreja proceder na arrecadação da oferta para Jerusalém.A mim parece uma campanha financeira bastante acirrada, uma daquelas pedições de dinheiro tão desconfortáveis nos cultos, às quais dificilmente pode alguém dizer não sem se sentir deslocado. De forma um pouco paradoxal e conflitante o mesmo insistente pedinte apresenta certos sentimentos com que se deve praticar esta doação:
2 Cor 9.5- oferta como benção e não como avareza
2 Cor 9.7- oferta com alegria e não por tristeza ou por necessidade
Após tantos e insistentes pedidos do apóstolo , até mesmo sugerindo umas igrejas em relação ao valor de ofertada dada por outras :
2 Cor 8.1- a oferta dada pela igreja de Macedônia
1 Cor 16.1- a oferta dada pela igreja da Galácia
Note que há indícios de que a igreja de Macedônia seria um tipo de rival da igreja de Corinto, se assim fosse, o apóstolo com tais comentários teria esperado alcançar maior motivação da igreja de Corinto para que sua oferta fosse maior que a de Macedônia, estratégia pura não é ?
Outra consideração sobre o pedido do apóstolo a igreja de Corinto é que ele identifica na muita oferta financeira uma submissão espiritual de caráter fundamental à vida do crente, como que sendo um selo de um modo de vida altamente espiritual.2 Cor 9.2 e mais que isto fica apresentado a oferta em dinheiro como uma “submissão ao evangelho de Cristo” como em 2Cor9.13. Ainda o apóstolo apresenta o ato de ofertar aos irmãos pobres como sendo um ato de louvor a Deus em 2 Cor 9.12.
CAPÍTULO 4
PROSPERIDADE CONTEMPORÃNEA
4.1- Tradicionais x Néo-pentecostais
Em meio a todos enganos neo-pentecostais e da igreja histórica, incrivelmente pode haver salvação. O que é impossível aos homens, para Deus é possíve l
Quero dizer com isto que não adianta trocarmos acusações como a igreja católica fez com a protestante em séculos passados, no fim das contas ambas cometiam os mesmo erros.Não adianta agora igrejas históricas trocarem farpas com igrejas neo-pentecostais e pentecostais e entre si todas estas, se no fim todas cometem os mesmos erros, ou com algumas variações outros de forma impar.Cada igreja tem seu formato e seu chamado em atendimento a um tempo e as vezes até mesmo a um certo lugar.Algumas se adaptam ao tempo e necessidades, outras não, nem por isso deixam de cumprir sua finalidade na multiforme graça e ação divinos.Em todas parece que penetrou o mal deste século quando consideramos o capitalismo selvagem em todo seu furor e desumanização para com o homem e o planeta ( escassez crescente de recursos planetários )está presente nas igrejas ( em quase todas não catolicas) atraves da teologia da prosperidade.Mesmo assim, no seio da comunidade cristã opera a salvação da mensagem de Jesus Cristo. E não era assim na Arca de Noé, junto com os animais o mau cheiro, e ali mesmo estava a salvação de Deus.Também na mesa com Cristo, ali estava o traidor, parece mesmo que esta seria a sina da salvação em Deus para o homem, o joio e o trigo, crescendo juntamente na seara da igreja.
4.2-Na sua Base como e quando surgiu a Teologia da Prosperidade conforme a conhecemos hoje ? A Igreja de Nova Vida do Bispo Roberto MacAlister.
Até 1970 as igrejas históricas dividiam o espaço brasileiro com algumas igrejas pentecostais , foi quando surge a Igreja de Nova Vida com o Bispo Roberto Macalister, que introduz o culto neo-pentecostal conforme nós o conhecemos, alem é claro da teologia da prosperidade. Até que ponto entretanto era a teologia da prosperidade apresentada por Robert Maclister, equivalente a forçosa teologia da prosperidade apresentada no seu expoente maximo na IURD ? Cabe neste ponto do nosso trabalho uma volta as obras de Robert Maclister , para desvendar-mos este fato e sanarmos esta duvida . Teria Robert Maclister apresentado a prosperidade capitalista para a igreja brasileira ? A apresentação de um conceito selvagem de prosperidade foi obra da IURD ou seria antecedente a esta ? Surgiu mesmo no Brasil ?
Na revista de NOVA VIDA de numero 06, de 1982, pg 7 e 8, o Pastor Tito Oscar , um dos braços de Roberto Maclister,no tópico “Como ser rico mesmo sendo pobre” orienta acerca de dar e receber a partir do texto bíblico da viúva pobre Lc 21:1 à 4. Bem como no texto da viúva de Sarepta, I Reis 17, em ambos os casos o futuro bispo Tito orienta, no melhor estilo Maclister que se deve dar na medida do que se tem e não do que não se tem , fica isto claro no inicio da matéria “Jesus está tentando fazer-nos compreender que Ele jamais pede do que não podemos dar, do rico Ele requer o que lhe é possível oferecer, procedendo igualmente com relação ao pobre”. Parece mesmo que em toda a citada revista uma singela parte é reservada ao assunto dinheiro, e no mais uma linguagem de devoção e dons do Espírito Santo é enfatizada.
No livro “Dinheiro: Um assunto altamente espiritual” o Bispo Roberto faz a seguinte declaração:”Durante mais de 25 anos de ministério sem falhar uma única vez, tenho assumido o púlpito com duas coisas preparadas: minha mensagem bíblica e o apelo ara as ofertas.Pois eu sempre soube que nenhuma das duas pode ser improvisada resultando quase sempre a improvisação em fracasso.” A visão sobre o dinheiro, que McAlister tinha, ganharia em seus diaconos Edir Macedo, R.R.Soares e Miguel Ângelo, uma abordagem diferente, bem mais agressiva, principalmente no caso de Edir Macedo.
Não seria o caso de aplicar-se aqui aquele dito popular onde o aluno se tornou superior ao mestre, pois neste caso, o mestre Bp Roberto, jamais pretendeu distorcer os ensinos de Jesus relativos ao dinheiro das ofertas. Bispo Roberto , para aqueles que tiveram o privilegio de conhecer pessoalmente, tinha um modo de vida bastante simples, com residência modesta em um apartamento no Flamengo-RJ. Me recordo que em certo culto ao final ele anunciou que havia recebido uma grande benção de Deus e que era algo que ele a muito esperava. Ao fim do culto ele deixou a igreja dentro de um veiculo Mercedes Benz, bastante antigo...no interior do veiculo podia-se ver a expressão de alegria do querido Bispo Roberto, acenando a todos, como que dizendo “ tá vendo só, Deus é bom...” Ele acenou na minha direção e com um sorriso foi embora. A concepção de prosperidade financeira que tinha o bispo Roberto estava mais no aspecto da satisfação pessoal de ter-se um mercedes benz velho do que em alguma loucura megalomaníaca imperial.
Com uma analise eclesiologica da Igreja de Nova Vida poderemos entender um pouco da obra iniciada pelo bp Roberto, desta forma poderemos ter uma visão mais clara da distorção sofrida pela doutrina inicial .
A Igreja de Nova Vida, fundada pelo Bispo Roberto MacAlister, no Rio de Janeiro em 1970, desde seu inicio apresentou conservadorismo no que diz respeito a eclesiologia. A teologia é de prosperidade, ou teologia da fé, onde com certo equilíbrio é feito o convite para que o fiel entregue a Deus dízimos e ofertas, com vistas a sua benção NÃO apenas material mas de forma a alcançar todos os setores da vida humana. Ficou conhecido o dito do Bispo Roberto, “ que Deus os abençoe rica e abundantemente”. Conforme já vimos, a praxis do Bp Roberto nada tem a ver com o que é praticado hoje nas igrejas. Na teologia da prosperidade apresentada pelo Bispo Roberto, até hoje é mantida uma certa cautela no quesito finanças, um tipo de descrição com ênfase na vida devocional dos fiéis. A pregação é feita com leitura bíblica mediante interpretação livre do pregador que busca empregar as verdades bíblicas em diversas interpretações ao cotidiano do crente ( outra das práticas do Bp Roberto que penetrou as igrejas no Brasil ). Não é raro o caso de um mesmo texto bíblico pregado por pastores da Igreja de Nova Vida, apresentar vários significados diferentes , sempre de cunho devocional aplicado ao cotidiano.
Com o falecimento do Bispo Roberto, muitas ramificações da Igreja de Nova Vida surgiram, sendo que em todas elas praticamente permanece o modelo eclesial conservador.Um colégio de bispos, tendo a frente o Bispo Primaz, e abaixo os pastores, diáconos e obreiros. A administração das igrejas é mediante um tipo de aliança e concordância mútua, não havendo centralização do poder administrativo a nível de ministério nacional a não ser na igreja local, onde o pastor ou bispo em seu lugar, representa autoridade máxima e inquestionável. Grosso modo, o pastor ou bispo, tem poder total de decisão não sendo preciso que seja qualquer questão submetida a voto. Existe entretanto em vários casos um tipo de aconselhamento onde o Bispo ou Pastor dirigente pode ouvir conselhos do corpo de bispos ou demais pastores, quase sempre os conselhos são atendidos ou pelo menos considerados. O Modelo é episcopal, onde os membros são relacionados como fiéis, sem poder de voto ou decisão nas questões de ordem administrativa ou doutrinaria. Não é incomum, a exemplo do que fazia o fundador, serem pastores ou membros convidados a se retirar quando discordam da opinião da liderança.
Quanto ao proselitismo não é dado grande ênfase, parecendo que está o ministério firmado em um pequeno mas coeso rebanho.A teologia é neo-pentecostal com certos diferenciais destes que foram os pioneiros no Brasil. Em um antigo folder de assinatura impressa pelo Bispo Roberto, é informado o que permanece a marca da Igreja de Nova Vida e seu modelo eclesial e teológico : “ em nossas igrejas certamente você desfrutará o poder de Deus através da oração...”Outra ênfase eclesiológica da Igreja de Nova Vida, um pouco sem novidade atualmente , mas certamente presente no ministério até hoje, é a liberalidade no que diz respeito a usos e costumes. Na revista Nova Vida, numero 6, o Bispo Roberto orienta e interpreta os dizeres apostólicos, no sentido de que “o reino de Deus não consiste numa lista de proibições ou de qualquer tipo de legalismo”. Desta forma o aspecto cultico da Igreja de Nova Vida, sempre foi e continua sendo uma expressão tranqüila de louvor e ritos sagrados, sem exageros de forma, não atrelados a maneirismos passageiros por um lado, e por outro lado não sujeito as limitações da tradição mais formal. Podemos elencar a eclesiologia da Igreja de Nova Vida, como conservadora, mas não tradicionalista. É conservadora no sentido de que a centralização de poder administrativo, doutrinário e de pratica de culto sejam fortemente mantidos. Não é contudo tradicionalista considerando que as diversas congregações tem peculiaridades respeitadas e consideradas pela liderança, neste sentido o ministério teve sempre um olhar amistoso para com as diferentes tendências das igrejas locais ( e mesmo para outros ministérios ).
É tradicional por outra abordagem , ao preservar tradições desenvolvidas no âmbito ministerial interno e preservadas já a décadas, como o conselho de bispos, a reunião do presbitério, etc...O positivismo expresso no carisma da igreja, bem como cultos de cura e busca de dons pentecostais é uma das marcas litúrgicas desta igreja, que de forma incomum , se não único , apresenta um tipo de equilíbrio entre o modelo teológico reformado e o carismático. Pode mesmo ser considerado um ministério reformado carismático na sua forma de culto, já que preserva mesmo trajes de culto reformado( gola clerical, veste roxa para os bispos, etc...)e outras tradições . A confissão positiva do evangelho é também largamente empregada e ensinada no seio da igreja, como foi deixado por seu fundador.
4.3- Problemas Eclesiais
Um dos conhecidos problemas do ministério, apontados por ex-membros e simpatizantes é que nunca foi apresentado uma abordagem doutrinaria mais profunda ao corpo da igreja, havendo sempre um tratamento igualitário no que diz respeito a pregações da bíblia, com interpretação livre e aplicação a vida cotidiana.
Certa feita no ano de 1988, enquanto o Bispo Roberto pregava, um homem levantou no culto de domingo de manhã, e gritou, “o povo quer doutrina ! “, repetiu o grito até ser colocado para fora pelos obreiros. Esta tônica permanece em um tipo de eclesiologia de cristandade, onde pastores leigos apresentam mensagens e meditação bíblica, vulgarmente chamadas “água com açúcar”, normalmente mensagens de fé. Ao contrario das eclesiologias neo-pentecostais contemporâneas onde o assunto dinheiro é levado ao extremo, na Igreja de Nova Vida parece não haver grande interesse neste aspecto, antes de forma moderada é abordado uma mensagem de cura para o corpo, estabilidade emocional do cristão e certa prosperidade financeira, como disse, de forma equilibrada. Tal como o fundador, esta tradição de mensagem continua a ser apresentada no ministério, em todas suas ramificações .Não parece ser o caso de uma falta de condições em apresentar um melhor estudo teológico, haja vista que a começar pelo bispo Roberto e mesmo seu filho, o Bp Walter, ambos tenham realizados profundos estudos teologicos de nível superior em grandes centros de estudos fora do Brasil, nada impediria portanto que os Bispos pudessem ensinar a teológica acadêmica a seus pastores, mas isso nunca foi feito anteriormente.Atualmente existem já algumas iniciativas.
Renovar eclesiologicamente a Igreja de Nova Vida, é tarefa tão árdua quanto seria convencer o Bispo Roberto MacAlister a não desligar administrativamente as igrejas da sede, como ele o fez no primeiro racha que houve na Igreja de Nova Vida. Entretanto se os Pastores do ministério pudessem ter o devido ensino teológico, e com a orientação correta, dado as características de profundo zelo e amor ao ministério que possuem, creio que a Igreja de Nova Vida seria tremendamente impactada de forma positiva, pois onde falta a instrução teológica, ali está a fé e a vontade para realizar a obra de Deus e para levar a mensagem de Jesus a todos os aflitos, tal é o espírito destes pastores da Igreja de Nova Vida. Esta tarefa ficaria contudo limitada já que a Igreja de Nova Vida sofreu nos últimos anos grande quantidade de evasão de lideres , pastores e membros, que iniciaram “outras “ igrejas de Nova Vida. Dois maiores referenciais permanecem ativos sendo um destes a Igreja Cristã de Nova Vida , com o Bispo Walter MacAlister, filho do bispo Roberto e as demais no Rio de Janeiro com o Bispo Tito, Miguel Incuto e outros. Nestes casos , atualmente , esforços tem sido feitos pela liderança quanto ao estudo teológico para os pastores. Quanto ao sistema eclesiológico no que diz respeito ao modelo de governo , administrativo e doutrinário, pouco se poderia fazer, já que o modelo episcopal centralizado e absolutista foi a marca de modelo e doutrina do que foi ensinado pelo fundador ao ministério, desde o principio. Se algo assim ocorresse, já não seria a mesma igreja , mas outro ministério que estaria surgindo. Uma eclesiogenese seria a única possibilidade de um surgimento de novo modelo de governo para este honrado e já tradicional ministério, mesmo assim é impossível dizer como o corpo de fieis poderia reagir, na igreja que apresenta sinais de desgaste por tantas evasões de membros e lideres para outros ministérios mais “comerciais” e agressivos.
O tradição da Igreja de Nova Vida, manteve o rito e doutrina do ministério ,e de seu fundador quase fiel e intocado, às mensagens missionárias e para a época, revolucionarias, do saudoso Bispo Roberto MacAlister, foram, são hoje e para sempre, uma contribuição inestimável para o alargamento do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo no Brasil.
CAPITULO 5
CONSIDERAÇÕES DE DOUTRINA BÍBLICA
5.1- Simonia: oferecer dinheiro para alcançar favores eclesiais ou condição privilegiada
Em At 8 : 9-24- o caso de Simão o mágico, é dos mais assustadores dos relatos do livro de Atos dos Apóstolos, onde vendo “sinais e grandes maravilhas”, e também que sobre todos os que eram impostas as mãos vinha o Espírito Santo, ofereceu Simão dinheiro para receber este poder, ao que foi imediatamente e severamente repreendido por Pedro para sua perdição, onde Pedro não somente repreende mas adverte que o dom de Deus não é alcançado por dinheiro.Veja que neste caso o texto se refere sob uma abordagem aos dons do Espírito Santo e de outra forma aos dons , dádivas dadas por Deus ao homem. Pode-se muito bem sem qualquer constrangimento da Escritura ser compreendido que se refere a uma benção divina, que o entendimento de que as bênçãos de Deus podem ser comercializadas e estão a venda, não somente é um engano mas pode se reverter contra aquele que assim procede .O texto bíblico é rico em advertência e explicação do fato, uma vez que Pedro faz uma série de exposições com relação ao coração de quem assim procede:
1-“tu não tens parte nem sorte nesta palavra”
2-“teu coração não é reto diante de Deus”
3-“tua iniqüidade”
4-“estás em fel de amargura”
5-“estás em laço de iniqüidade”
São feitas por Pedro quatro diferentes colocações com relação ao estado espiritual de quem tenta comprar os favores de Deus com dinheiro, eu digo de quem tenta comprar, pois é lógico que os favores de Deus não podem ser comprados, nem haveria , como diz o livro de Salmos, dinheiro algum no mundo ou recursos , capaz de pagarem nossas vidas.
A misericórdia de Deus sobre o homem não pode ser mensurada, medida, ou pesada, muito menos comprada. Ainda sim Pedro muito bem apresenta os erros graves que incidem sobre aquele que desta forma se aproxima de Deus, pensando poder comprar seus favores. Pedro apresenta também conseqüências :
1-“o teu dinheiro seja contigo para perdição” ( o próprio dinheiro de quem procede desta forma será para esta pessoa sua ruína e destruição, e quantas pessoas não conhecemos que encontraram sua desgraça na própria riqueza )
2-“tu não tens parte nem sorte nesta palavra” ( a pessoa que assim procede não participa ou deixa de participar na Palavra de Deus, em suas promessas e bênçãos contidas na Bíblia, Pedro apresenta aqui um verdadeiro processo de exclusão das bênçãos, ao contrario do que promete a distorção da teologia da prosperidade )
A proposta de Pedro feita aquele homem foi uma proposta de arrependimento e salvação, não de destruição, não de condenação, mas Pedro desejava que o erro fosse corrigido, e o mal extirpado. Pedro desejava a salvação da alma de Simão, e mediante tais advertências e correções da doutrina de Deus, convidou aquela vida ao arrependimento. Nós cremos que o discurso apologético não seja para condenação , e sim para salvação das almas, para o arrependimento e conserto do coração, para o conhecimento da verdadeira vontade de Deus para o homem. Pedro buscou aquela alma dentro de seu engano, e apresentando a Palavra de Deus, exortou e obteve a resposta que desejava, o arrependimento. É o que Deus deseja que façamos com relação as distorções da Teologia da Prosperidade, é o que o amado Bispo Roberto MacAlister gostaria que fizéssemos, um convite ao arrependimento, um apresentação da sã doutrina, para a salvação e não para a condenação dos irmãos. Existe uma prosperidade bíblica, e queremos encontra-la e alcança-la, com a ajuda de Deus.
A ação de Simão diante da exposição Petrina, não poderia ser outra, já que havia presenciado tudo o que vinha sendo manifesto pelos apóstolos :
1-“orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim” ( Simão se arrepende diante de Deus e diante dos homens, e se humilha )
Ora muitas considerações podemos e devemos ainda fazer sobre Simão: A citação de Simão no livro de Atos, ao que tudo indica e em concordância com escritos não bíblicos é que de fato era ele pessoa de grande expressão nos dias apostólicos e conhecido por seus poderes psiquicos muito desenvolvidos . Em todos os povos e tempos tem-se conhecimento de certos indivíduos como poderes psíquicos desenvolvidos entre eles o dom de curar, a telepatia, a premonição ou profecia, o falar em línguas estranhas, etc...Não há razão para não acreditar que Simão tivesse tais poderes, e que isto o teria tornado pessoa bastante conhecida em Samaria. Havia mesmo um tipo de culto oferecido a Simão que era em concordância com certo deus romano. Quando Simão, que tinha em seus poderes seus ganhos financeiros , percebeu que sua hegemonia estava sendo ameaçada pelos feitos dos apóstolos tratou logo de se apegar aos tais. Talvez Simão estivesse a principio de forma sincera buscando encontrar o reino de Deus, mas sua motivação nunca foi sincera posto que tinha consigo as tradições pagas.O grande risco de se misturar tradições pagas com a doutrina de Jesus é que nunca se sabe ao certo onde começa uma e termina a outra. O coração humano é um grande palco de enganos fato bastante e devidamente advertido pelas Escrituras.
O que é marca evidente da fé em Jesus é o arrependimento, isto anunciado desde o inicio em João Batista, faltando isso no caso de Simão, o que ficou foi um misturado de tradições e convicções pagãs ( a estipulação do valor financeiro pelos dons sobrenaturais ) posto que assim Simão ganhava sua vida, aliado a alguns princípios rituais cristãos ( a imposição de mãos, etc... ). Inegável que Simão se auto proclamava um tipo de Deus, pois o termo “grande personagem” que é citado no inicio do texto, era atribuído um nome equivalente no hebraico à Jave, o que fazia dele um tipo de emanação ou centelha divina. Fosse assim ou de outra forma o que motivou a aproximação de Simão aos apóstolos não foi uma genuína busca pelo reino de Deus, mas ao poder que emanando de Felipe, era superior aos feitos sobrenaturais de Simão. Quando o texto diz que Simão enganava a muitos, no original é dito que os colocava em êxtase, no caso de Felipe, o texto diz que ficavam todos maravilhados. Seguramente foi o sentimento de competição que moveu a aproximação de Simão dos apóstolos. Isto nos traz de volta a nosso tempo onde o sentimento que aproxima pessoas a igreja de Deus passa longe de ser uma busca da água que Deus tem para oferecer que é seu próprio Filho e se parece mais com um tipo de materialismo e compra de favores divinos.
Note que não é sem motivo a presente analogia a Simão o mago, o motivo de aproximação de Simão dos apóstolos foi sua condenação de perdição, grande perigo é nos aproximar de Deus movidos pelos sentimentos errados. No caso de Simão apesar de ter se aproximado dos apóstolos e aceitado a mensagem e sido batizado nas águas, como confissão publica de sua fé, suas idéias e objetivos continuaram fixas no presente século e ligado o seu coração e mente aos princípios pagãos de compra das bênçãos, e de rituais de pagamento, e de dádivas aos deuses pagãos, que de fato se compravam ou se acreditava desta forma.
A aproximação de Simão da obra de Deus se deu de forma bastante diferente do trato com Deus onde este é galardoador dos que O buscam e não pagador de suas promessas, ou retribuidor de pagamentos financeiros. Após os fatos narrados no livro de Atos, os Pais da Igreja em seus escritos enumeram varias historias fantásticas e sobrenaturais de como Simão se desviou absolutamente da fé em Cristo, se é que um dia nesta fé esteve, e passou a ser considerado um dos mais poderosos hereges da era apostólica, mesmo como demonstrações de poder sobrenatural, tendo havido conforme os mesmos relatos , vários combates com o apostolo Pedro, onde por fim o mesmo Simão teria encontrado sua morte.
Ao que parece a aproximação errada de Simão com a doutrina cristã o lançou em profunda perdição, atribuindo a si mesmo e à certa Helena, prostituta que atribuía ter sido resgatada da perdição pelos poderes simoníacos , um fagulha da centelha divina .O termo usado para designar Simão em Samaria, era o “grande poder de Deus”, isto seria uma clara alusão a palavra Javé, e mesmo assim a heresia de Simão em comprar os favores de Deus, não foi por nada impedida entre seus seguidores, a quem ele vendia e tentava por meio de pagamentos transferir seus poderes.Note que a pratica de Simão em tentar comprar o dom do Espírito Santo era já uma pratica de fora da Igreja, trazida naquele momento para dentro do convívio cristão, não fosse a enérgica e condenadora resposta petrina, poderia ter tido algum resultado.Se é que não teve, se não tivermos os escudos apologéticos em ordem e prontos para rebater heresias , a todo momento podemos nós também sermos alvos de erros de doutrina que não tem outro fim se não a perdição dos que neles perecem.
A partir de Simão, o termo simonia passou a definir até nossos dias, o ato de se comprar cargos eclesiásticos, ou favores do clero, havendo nisso uma certa distancia em indicar a compra dos favores divinos. Mas indiretamente se consideramos que é o ministro, tanto quanto eram os apóstolos , eleito de Deus para pastorear as igrejas, encontramos aí um certo condutor da idéia de Simão em se comprar o dom de Deus. Simão seguia a Felipe de perto tendo sido mesmo batizado, isto não foi o suficiente para que ele deixasse de cair no terrível engano de tentar comprar o dom de Deus com dinheiro. Também o interesse de Simão mostra que não era ele um cético, isto é , Simão estava crendo que o que era operado através de Felipe, era de fato ação do poder de Deus, isto contudo não foi tão pouco o suficiente para que Simão não caísse em pecado. Interessante notar que após haver sido batizado nas águas havia Simão sido excluído do Batismo com o Espírito Santo pela imposição de mãos, o que o moveu a tentar comprar o dom do Espírito Santo. Não é citado no texto por qual motivo Simão havia sido excluído, mas podemos pensar que Felipe havia já percebido em Simão um certo interesse diverso do amor de Deus, não o impedindo de seguir os apóstolos , reservando uma certa misericórdia sobre ele, ao mesmo tempo não o incluindo, esperando talvez que Simão entendesse ainda o verdadeiro espírito da mensagem de Cristo, o dom de Deus não se compra.
Simão acompanhava os discípulos, havia sido batizado nas águas, observava os milagres e a pregação, e nada disso foi o bastante para impedir que Simão tentasse comprar o dom de Deus, estava na igreja mas ainda pensava com valores materialistas e ligados a rituais pagãos. A conversão de Simão não havia sido autentica, mas uma ação externa e egoísta visando o dom de Deus para satisfação de seus próprios interesses, e não desinteressado em favor do próximo. Este talvez seja um dos grandes e inquestionáveis perigos expoentes da distorção que sofreu a teologia da prosperidade em nossos dias, uma teologia voltada para a satisfação das necessidades pessoais e não ao próximo. Sempre o que “eu” posso ganhar,”eu”serei abençoado, “eu”serei vitorioso.Quanto a isso olhamos para o caso de Simão com mais seriedade, percebendo em nossas vidas onde nos encontramos com o pensamento de Simão e então nos voltamos ao nosso Deus , rico em misericórdia e pronto a nos perdoar e nos ajudar a voltarmos ao caminho que é o amor ao próximo e a Deus.
A oração, petição que se faz a Deus consiste no que seja feita a vontade de Deus, e não a nossa, na teologia da prosperidade a oração tem sido freqüentemente que seja feita a nossa vontade e não a de Deus. A religião não pode ser comprada, mas é uma busca que tem fim em si mesma, e quando encontrada transborda em subprodutos de felicidade, entre eles a prosperidade, não se pode buscar a religião por outro motivo, a verdadeira religião é o amor, o amor não se compra nem está a venda, é um terrível e simoniaco engano, não é apenas demoníaco, mas é simoniaco. A comunhão com Deus não podemos comprar para se obter a prosperidade, é buscada como finalidade em si mesma, a saber, a completude do homem, que pela religião se liga a Deus, no caso da religião cristã, através de Jesus Cristo, se liga a Deus, este caminho já foi comprado por alto preço
.Simão buscou se ligar a Deus através do dinheiro, teve sua condenação , ainda que depois tenha buscado perdão pela oração dos apóstolos, não foi o bastante. Comprar coisas é típico do sistema capitalista, e típico da filosofia materialista, tudo se pode comprar, substituir , encomendar. A esta semelhança Simão tentou comprar o incomprável, tentou pagar pelo que não tem preço nem está a venda, hoje tentam comprar o favor de Deus, e a prosperidade que a Bíblia oferece como conseqüência de quem está no reino de Deus, e não como produto. A teologia da prosperidade distorcida, apresenta a prosperidade bíblica como produto, e não como conseqüência do reino de Deus, não é produto, mas é subproduto da comunhão com Deus em Jesus Cristo. O pecado da simonia está assim intimamente ligado a incredulidade no amor de Deus bem como com o materialismo. A experiência de Simão mago nos remete também a pratica antiga das artes mágicas e ocultismo , onde por paga em dinheiro se compra feitiços e poderes sobrenaturais no mundo material, ao que parece estabelecemos ainda hoje algum tipo de ligação a isso quando dentro de igrejas se estabelecem “sacrifícios “ em dinheiro para se alcançar determinado dom financeiro e material .
Neste ponto não há como ser benevolente ou buscar não ferir este ou aquele leitor. O amor de Deus não está a venda, nem os dons de Deus, nem suas misericórdias, nem seus benefícios que Ele dá a quem quer, e como e quando quer, terrível engano é este que pode atrair sobre quem assim pratica grandes males de perdição material e espiritual. Simão misturou conceitos materialistas com o cristianismo e neste momento se revelou o motivo de sua busca a Cristo, não pode ser assim a busca no reino de Deus, a busca de Deus tem que ser em Deus e como finalidade em si mesma, e não busca material , pois nisto consiste o materialismo, e este seria outro evangelho diferente do que foi anunciado por Cristo. Simão considerou que da mesma forma que fazia nas artes mágicas poderia ser praticado o comercio do poder de Deus e de seus favores.
Note que ainda hoje nas artes mágicas existe o comercio do sobrenatural e temos podido observar este mesmo fenômeno no mundo cristão, muito parecido ao que foi descrito em Simão. Jesus disse “ de graça recebestes, de graça deis...’ e isso mesmo é o que vai de encontro ao comercio do dom de Deus, o cristianismo não pode estar associado ao materialismo de forma alguma, e é Pedro que chama atenção de Simão para os terríveis perigos a que estava fadado em tais pensamentos materialistas.
Como já foi dito , os pais da igreja em seus escritos apontam o terrível fim e heresias vividos posteriormente por Simão.Grandes perigos cercam as vidas daqueles que buscam o mundo material, atrelados as verdades bíblicas em um tipo de sincretismo cristão materialista. As varias condenações proferidas por Pedro a Simão apresentam e esclarecem a gravidade do problema, ao mesmo tempo que Pedro considera a possibilidade de arrependimento, é assim que vemos nas palavras de Pedro o caminho a ser trilhado, mesmo hoje, por aqueles que se perderam no caminho materialista-cristão. Há esperança em Deus mesmo para o “crente”, como houve para Simão, se firmemente nos arrependemos de nossos caminhos errados e diante da Escritura, dos irmãos, de Deus e dos anjos, fazemos endireitar nossos pensamentos. Deus rico em misericórdia , ofereceu salvação a Simão, e ainda oferece hoje a todos nós, para que estejamos aliançados com a sã doutrina e com o amor verdadeiro do caminho que há em Jesus Cristo e nos seus ensinos. O dom de Deus não se compra, os favores de Deus não estão e nunca estiveram à venda, a prosperidade bíblica não é alcançada por pagamentos de doações e carnês de dizimo às igrejas, o dom de Deus, é dom de Deus, favor imerecido a nós , por seu infinito amor.
5.2- A Posição ( parecer ) de Gamaliel
Em At. 5:33-42, é relatado a perseguição feita pelos saserdotes judeus aos apóstolos e sua missão de anunciar a Cristo. Em dado momento os seguidores de Cristo eram considerados como criminosos pois por sua pregação temia-se que Roma pudesse identificar aí algum tipo de facção ou levante. Mesmo o poder dos sacerdotes barganhado a fim de manterem suas posições perante o domínio de Roma era também posto a prova, até certo ponto. Em toda a forma a pregação dos apóstolos representava riscos para os sacerdotes judeus. Esta perseguição revelava-se extrema posto que era o objetivo dos sacerdotes e do sinédrio a morte dos discípulos de Jesus, somente o sinédrio tinha o poder para a execução da pena capital. A expressão utilizada pelo no texto no v.33 denota a mesma expressão utilizada anterior e posteriormente quando se tratava de impor a penalidade capital sobre alguém, como no caso de Estevão em at.7.54 e outros.
O mesmo cuidado se nos deve fazer valer quando julgamos e observamos ações e ritos e praticas de fé diferentes das nossas ou das que estamos acostumados. O cuidado para que um zelo errôneo se apodere de nossas mentes, posto que no caso do julgamento precipitado dos saduceus estes estavam já decididos a matar os apóstolos, convencidos que estavam. Não apenas isto mas ficou claro estarem com ódio em seus corações por aquilo que não haviam compreendido. Apesar de ser a seita dos saduceus marca de luxuria e vida extravagante, não podemos esquecer que por pior que fossem eram representantes políticos / religiosos de seu povo, não podiam estar tão distantes assim da justiça, mesmo assim o ódio cegou momentaneamente o entendimento destes e estavam prestes a fazer falhar a lei que juraram defender e preservar representada na instituição do sinédrio. Muitos de nós , da mesma forma movidos por um zelo consumidor, quantas vezes não avançamos na mesma direção.
Outro ponto é que a acusação contra os apóstolos, na sua forma estava correta, isto é, eram acusados de espalhar uma falsa doutrina na cidade santa. Ora, se de fato aqueles homens estivessem espalhando heresia ou falsa doutrina de fato seriam merecedores da atenção eclesiástica e dependendo do caso, até das autoridades. Não é porventura isto o que muitas vezes nos motiva a investigar os movimentos cristãos vários, entre eles o neo-pentecostal ? Não é este zelo nosso semelhante neste caso ao do sinédrio que investiga uma possível falsa doutrina ? Bem, no caso do sinédrio não houve investigação da doutrina, apenas uma tentativa rancorosa e desmedida em condenar e destruir aqueles homens, não é este o nosso caso, posto que apenas investigamos e na mais profunda das especulações estaremos atentos e orando a Deus, e ensinando apologeticamente a defesa do verdadeiro evangelho.O evangelho que buscamos viver e conhecer e ensinar é aquele da cruz, da época de meu pai, o amado pastor Ramis Rahal, daquela época em que não era moda ser pastor, e mesmo quase sinônimo de ser pobre. Mesmo assim a grande crise que atingiu em cheio os saduceus é a que muitas vezes nos atinge, como combater aqueles que cheios de fé anunciam o evangelho de Jesus e estão convencidos de que vão em nome de Deus, para salvar,curar e libertar do pecado ? Como negaremos as vidas transformadas e libertas nos assim chamados movimentos neo-pentecostais?
Mesmo considerando todo o equivoco da teologia da prosperidade conforme a conhecemos, podemos ignorar o saldo positivo das vidas salvas ? Neste ponto nos fazemos um pouco saduceus, só um pouco, posto que estamos prestes a levantar nossos olhos com aqueles que invocam o nosso Deus, e vão em nome de Jesus para fazer sua obra, ainda que de certa forma erradamente. Vale notar que o maioral do sinédrio era saduceu e não fariseu. Embora os dois grupos tenham sido combatidos por Jesus os saduceus eram bem diferentes dos Fariseus posto que os Saduceus eram ricos e mundanos, em nada davam importância as tradições e a religião. Os Fariseus eram conhecidos por seu tipo de vida simples, não dado a prazeres mundanos e completamente ligados as tradições e a fé judaica. Muitos homens piedosos era fariseus, inclusive Nicodemos , o próprio Gamliel, Paulo, etc...Neste caso em terem sido os apóstolos presos por Saduceus importa considerar que de toda a forma seria bom negar ou interferir nesta ação. Desta maneira Gamaliel buscou argumentos lógicos para se interpor ao curso de destruição que estava sendo proposto. O sinédrio era a instancia máxima de justiça local, onde os acusados se punham no centro de um semi-circulo e eram interrogados. Nesta hora não estavam os discípulos preocupados com sua segurança posto que tendo sido milagrosamente livres do cárcere voltaram para o templo e continuavam a pregar.
Mesmo o desejo maligno que começou na crucificação de Jesus permanecia em alta. Todo o que era posto no madeiro era tido como amaldiçoado e não se poderia falar ou mencionar neste nome. Esta foi a tradição invocada pelo sumo sacerdote fariseu, e os fariseus que com ele estavam. Seguramente quando Gamaliel este que era homem poderoso em seus dias e conceituado mestre das leis judaicas, tendo sido referenciado como mestre de Paulo, percebeu de alguma forma que naquele negocio havia algo de novo. Diz a tradição e alguns relatos em Josefo , que Gamaliel seria filho de Simeão que segurou o menino Jesus em seus braços, que o mesmo Gamaliel posteriormente se converteu ao cristianismo e foi ele próprio alvo da perseguição romana e judaica. Fosse como fosse, a defesa apresentada por Gamaliel foi um tanto precipitada. As vezes não basta que uma doutrina prospere para que esta seja de Deus, há muitos trabalhos ímpios que prosperam e suscitam o clamor do salmista pela prosperidade dos ímpios, e há trabalhos de justos que não prosperam , de forma alguma. Neste caso Gamaliel faz analogia aos insurgentes Teudas e Judas.
No caso de Teudas, alguns anos antes de Jesus, conforme descreve Josefo, este fanático arregimentou mais de 400 pessoas sob a promessa de que passariam o rio Jordão e o atravessariam, em um tipo escatológico popular bastante freqüente naqueles dias, em um tipo de “revival” do que havia ocorrido no passado, este tipo de ação já havia ocorrido antes e era mesmo um lugar comum na Palestina de Jesus, onde o povo judeu ansiava por um messias por um libertador messiânico nos moldes e com os sinais dos grandes feitos relatados pela tradição. Teudas não foi bem sucedido nem mesmo em chegar ao Jordão, foi antes disto detido e preso, muitos dos que o acompanhavam mortos ou preso, por fim foi Teudas decapitado pela soldadesca romana, e trazido de volta seu corpo. Ter Gamaliel comparado a ação dos apóstolos e o movimento cristão a um movimento escatológico que deu em nada, é de real significação para entendermos o que acontecia naquele momento em que no interior do imponente sinédrio, era decidido quanto a vida dos apóstolos.
Outro caso citado por Gamaliel, já no caso de Judas outro revolucionário, este não fazia menção em cingir o rio Jordão, mas se investia do mesmo espírito messiânico desta vez somado a certa beligerância o que resultou na revolta dos zelotes. Mais tarde.Gamaliel faz considerações comparativas com os dois eventos se utilizando de expressões que se esta obra não fosse de Deus ela cairia como uma casa que desmorona, Gamaliel usa a palavra KATALUO, que sugere um desmoronamento , tanto quanto se seu nos casos citados, que desfaleceram completamente. Se bem que isto não poderia ser dito com propriedade acerca de Judas da Galileia, já que o mesmo movimento é apontado como sendo uma das referencias mais fortes dos zelotes, que bem sabemos culminou com o grande cerco. Mesmo quando Gamaliel sugere que o propósito dos apóstolos pode ser obra de Deus, Gamaliel o faz de tal forma a ser quase parcial como um advogado tendencioso em defender seu cliente, quase sugerindo que os apóstolos estavam certos, quase condenando ao juízo divino quem interferisse na obra apostólica, é fácil perceber esta entonação de Gamaliel no sentido em defender a obra apostólica, com precaução. Gamaliel faz a defesa previa daqueles homens. Na verdade os saduceus não baixaram suas armas, somente não puderam usa-las, sendo obrigados pela lei a liberar os apóstolos, graças a defesa de Gamaliel.
Comparar estes movimentos ao da pregação do evangelho feita pelos apóstolos, nos deixa com algumas considerações possíveis desta defesa feita por Gamaliel :
a) Gamaliel não dava a mínima, e estava mesmo preocupado em vencer seu oponente partidário o sumo sacerdote que era saduceu, ao contrario de Gamaliel que era fariseu, tratava-se assim de uma oportunidade sem igual para marcar ponto no sinédrio contra seus oponentes partidários.
b) Gamaliel estava já sentindo em seu coração uma certa simpatia pela mensagem do evangelho, por isso queria defender a vida dos apóstolos a todo o custo, o que revela Josefo, mais tarde irá o próprio Gamaliel ser perseguido por levar o mesmo ensino, havendo quem considere que o mesmo era secretamente cristão, e um daqueles que ouviu o menino Jesus no templo conhecendo sua sabedoria.
c) Gamaliel realmente considerava o ensino e a pregação dos apóstolos mais uma loucura messiânica que não iria dar em nada, neste caso agindo por um sentimento de humanidade para com aqueles que eram os agentes deste movimento
Seja como for, o que quer que estivesse conduzindo a mente deste poderoso doutor da lei judaica, aponta para uma ação divina decisiva naquele momento, e um tipo de conduta que até hoje nos inspira.
Outro aspecto a ser considerado é que no caso dos discipulos de Jesus em questão, tratava-se para Gamaliel e os demais integrantes do sinédrio de algo que saiu de dentro do farisaísmo. Se considerarmos por exemplo traços da igreja cristã na Etiópia, ainda hoje podemos perceber do que se tratava do culto cristão primitivo bem próximo ao tempo de Jesus. Posto que o cristianismo como conhecemos ainda não existia, apenas havia um tipo de seita de origem farisaica conhecidos como “os do caminho”e é exatamente isto que estava sendo julgado. Julgar algo de fora é as vezes mais fácil do que alguma situação que diz respeito ao próprio juízo.
No caso da Teologia da Prosperidade, conforme a temos visto, é também algo que saiu do nosso meio, se não de nós mesmos e da nossa congregação. Em algum momento de nossas vidas todos a temos aceitado, de uma forma ou de outra .Mais uma vez o conselho de Gamaliel e sua cautela são bem vindos . Se a obra é de Deus, será bem sucedida e não pode ser combatida, ou melhor, pode sim, mas não haverá êxito neste combate. É possível combater-se a obra de Deus, mas não será o bastante para impedir sua ação e deter seu curso. Note que combater a obra de Deus é uma coisa, combater aqueles que fazem erradamente a obra de Deus é outra coisa, e por fim, não por menos, combater o próprio Deus, é ainda um outro lugar. Gamaliel faz menção de serem achados lutando contra Deus, e ainda que não poderiam destruir os apóstolos. Cada caso é um caso, mas seguramente o caso do combate dos apóstolos proposto pelo sinédrio não pode comparar-se a nenhum outro na historia do cristianismo.O que podemos analisar são os parâmetros de verificação apontados por Gamaliel, bem como as conseqüências de tais atos. Gamaliel não diz quais seriam estas conseqüências ele apresenta contudo que a condição de combater contra Deus, é inaceitável, ele apresenta que não seria possível destruir homens que estão a serviço de Deus.
Nós sabemos que esta destruição dos homens a serviço de Deus, é contudo parte da história , e que mesmo os apóstolos foram destruídos um a um. A tradição aponta para terem sido crucificados de cabeça para baixo, decapitados, torturados até a morte, imersos em óleo fervendo, e outras tantas descrições da tradição. Mesmo a historia relata os cristãos trucidados nos coliseus romanos, destruídos por feras, leões e outras criaturas que eram mantidas sem alimento para aquele propósito. Neste ponto Gamaliel estava usando todos seus argumentos possíveis para salvar a vida dos apóstolos, argumentos esses não por isso verdadeiros. É possível destruir aqueles que anunciam o evangelho e que fazem a obra de Deus, este mesmo é o evangelho da cruz, bem diferente do evangelho sempre vitorioso apresentado pela teologia da prosperidade como a conhecemos. A perseguição do obreiro e sua destruição é mesmo, muitas vezes , parte do ministério. Um dos fundadores do movimento batista, chegou a dizer que os crentes não deviam fugir ou evitar a perseguição e que deviam sim receber a perseguição e mesmo morrer por ela. O ponto maior da defesa de Gamaliel pelos apóstolos é que não poderiam ser achados lutando contra Deus.
Nesta colocação nos detemos, lutar contra Deus é sem duvida um lugar em que crente algum quer se encontrar. A precipitação do doutor da lei nos seus argumentos de defesa, não são todos bem vindos. Como disse antes, muitas obras permanecem e nem por isso são de Deus, ou estão corretas, mas depende de quanto tempo se espera. As vezes é preciso esperar mais, mais , mais, mais....Alguns trezentos anos, pode ser um tempo incrível comparado a sombra que é a nossa vida, mas não para a historia da igreja. Movimentos neo pentecostais já expressam considerável perda de força na América do norte . Há contestação disto que estou dizendo, há quem diga que com a grande crise americana atual os movimentos neo pentecostais começam a surgir de novo. A teologia da prosperidade e seus desvarios pode estar encontrando um novo e fértil terreno para conseguir mais adeptos. Mesmo assim tendo começado com grande vigor , a teologia da prosperidade ou o que seria o primeiro start atualmente caiu no ridículo mesmo em seu berço norte americano. Se irá começar outro momento, será outro momento, e não mais aquele, isto é, outra etapa com base na atual crise. Para isto não foi preciso condenar ninguém a morte, pois Deus é de amor, Deus é amor, e não quer que ninguém seja destruído ou se perca mas que todos se salvem.
Precisamos entender que não combater a Deus não significa estarmos imóveis e apáticos enquanto heresias avançam, enquanto enganos acontecem no mundo cristão. Não é preciso combater lideres cristãos, mas estarmos atentos enquanto igreja de Deus que somos. Não é preciso levar “apóstolos” ao sinédrio, mas deixar que a lei humana se cumpra e examine suas contas e movimentação bancaria e de registros legais da igreja, isto não é combater a igreja, mas é fiscalizar. A igreja tem que andar em acordo com a lei vigente dos países, não está acima da lei pelo contrario é a instituição que tem que cumprir a lei com propriedade. Não há teologia que vá justificar o descumprimento da lei dos impostos principalmente quando de tais isenções eclesiais resultaria no enriquecimento dos lideres da denominação no caso de haver um tipo de industria ( qualquer tipo ) maquiada dentro da instituição. .Há o que se dizer que os apóstolos no caso de Gamaliel, descumpriam a lei que determinava a não proclamação do evangelho, mas neste caso o único resultado seria a decapitação dos apóstolos, e não o seu enriquecimento, bastante diferente um caso do outro.
Vale mesmo assim,eternamente a sabias palavras de Gamaliel, não se detenham com esses homens, deixem eles estarem livres, se esta obra é de Deus, não poderão ser destruídos.Gamaliel não disse que não poderiam ser presos. Criminosos tem que ir para a cadeia, isto é bem diferente de combater a Deus. Mas cremos que se alguns lideres cometem ou cometeram crimes, Deus é bom e justo para os perdoar e os conduzir novamente ao aprisco, depois de cumprirem suas penas na cadeia certamente. Não podemos tão pouco confundir a liderança das igrejas com as igrejas e as pessoas fieis a Deus que as compõe, nem mesmo com a obra de Deus realizada nestas mesmas igrejas. O homem peca, nós pecamos, vós pecais, eles pecam ... Deus perdoa, Deus reconstrói, Deus é amor, Deus conduz a salvação, e a obra de Deus não pode ser impedida pelo erro de alguns, a obra de Deus não pode ser combatida, ( até pode se combater a obra de Deus, mas não será impedida, assim cremos ) Precisamos contudo de novos “gamalieis” para fazer a justa defesa daqueles que fazem a obra de Deus, e são confundidos com Teudas, e com Judas, e são postos ao mesmo nível, e mesmo assim serão perseguidos, mas não serão impedidos pois estão marchando em nome de Deus. A nós resta termos cuidado para não sermos achados combatendo o próprio Deus. Cuidado nos nossos juízos, o fruto da obra neo pentecostal, mesmo com todo o engano que envolve a dita teologia da prosperidade, é de o ganho de vidas para o reino de Deus, a transformação e salvação de vidas que agora estão livres do pecado, do alcoolismo, das drogas, da perdição, etc... Estejamos atentos a tudo isso.
5.3- A Posição de Paulo
Gal 1-O conceito moderno da prosperidade bíblica ( teologia da prosperidade ) tem muito a ver com a ideologia capitalista o que impede Paulo de possuir uma visão critica sobre o fenômeno que atinge atualmente o mundo cristão. Isto não significa dizer que não havia então qualquer referencia a teologia retributiva, “ dar para receber”, na verdade este conceito já se apresenta bem definido nos livros do antigo testamento. Não há razão para ignorarmos o conhecimento do apóstolo acerca das verdades pregadas no antigo testamento, no caso da teologia retributiva esta não apenas existia como era combatida por muitos autores bíblicos anteriores. Neste caso entretanto, na carta aos Galácianos, Paulo empreende defesa do evangelho frente a varias correntes não apenas esta. Paulo faz questão de definir que se trata do evangelho da Graça, “ receber de graça “ x “ dar para receber”. Este ponto nos interessa em nossa reflexão. Pois não é preciso dar para receber, mas apenas receber de graça e pela graça de Deus. Na teologia da prosperidade é firmemente apresentado e defendido que é preciso dar para receber, o apóstolo contudo evidencia que no evangelho genuíno o recebimento é sem que haja qualquer mérito, é a salvação e a benção alcançados pela graça de Deus. Na abordagem das bênçãos materiais do crente isto não pode estar diferente.
Paulo era de uma convicção teológica judaica onde o ser humano não possui as divisões gregas firmadas e introduzidas no evangelho ocidental posteriormente ( corpo, alma e espírito ) , desta forma Paulo considera sempre o ser humano na concepção holística. Para Paulo o crente será abençoado por Deus na perspectiva judaica , como um todo, em uma realidade que alcança o não físico e o físico, pois são uma só dimensão existencial. No capitulo primeiro de Gálatas, fica estabelecido desde logo o que é para Paulo o evangelho: sacrifício (v.4 “se deu a si mesmo por nossos pecados”), livramento e salvação do mal (v.4 “para nos livrar do presente século mau”), a graça de Cristo ( v.6 “vos chamou à graça de Cristo”).
Para Paulo importa estabelecer as bases do evangelho, e que o crente não seja destituído destas bases, e que não passe para outros fundamentos de fé, se esta é a advertência então fica o entendimento de que isto de fato ocorre. Pessoas que são firmemente chamadas a salvação do evangelho,tem seu entendimento corrompido a outras noções e entendimentos diversas do evangelho genuíno. Tais deformações do evangelho podem seguir diversas abordagens de acordo com o interesse de cada pessoa.
Do portador desta distorção, o apóstolo não faz por menos, diz que tal sujeito é anátema ,não importando para Paulo que função o mesmo tenha no reino de Deus, podendo até ser um anjo do céu , ( o que dirá um pastor, bispo ou apóstolo ????) .A posição de Paulo é que não é negociável as bases do evangelho de Jesus Cristo, sob qualquer pretexto e sob nenhuma direção, não havendo quem tenha nem no céu, nem na terra ou em qualquer outro lugar, autoridade para mudar o evangelho da graça, da cruz e da salvação em Jesus Cristo. A palavra usada pelo apóstolo no v.6, no original grego é “ methatiteme “, significa no contexto, um “vira – casaca “, um “ traidor “.O caso abordado por Paulo para a igreja da Galácia era o do legalismo. Mesmo assim vale completamente para nossa reflexão o entendimento de Paulo já que alem do legalismo os Galácianos tinham também grande influencia farisaica no que diz respeito a vida material e carnal sob o ponto de inserir tais princípios na vida religiosa cotidiana . A riqueza financeira ( prosperidade financeira ) era um dos pontos em destaque da pratica de vida farisaica, uma vivencia religiosa conciliada a um estilo de vida extravagante e rico. Jesus exercia grande combate aos fariseus devido a isto e muitas vezes proclamava o lugar dos pobres no reino de Deus.
O apóstolo não via possível a condição de que crentes que deixassem o evangelho da graça, pudessem ainda manter Cristo como Senhor e invocar seu nome como antes. As igrejas cristãs da Galácia estavam se transformando em sinagogas devido ao alto grau de legalismo, de seguimentos de rituais judaicos que pouco significavam para a nova aliança, Paulo não negava tais ritos ante o pacto mosaico mas sim frente a promessa e o evangelho de Cristo. Outro ponto interessante no texto é que o verbo grego se encontra no tempo presente, “ estais em processo de perder...”, significando que tal condição de afastamento de Cristo não se dá de forma imediata mas pode ocorrer gradualmente. A apologia se faz completamente importante frente a tais perigos cujo fim é para Paulo a consideração que tal pessoa já não se encontra, ao fim do mesmo, em Cristo. A palavra Graça, para Paulo, é sempre posta em contraste com um evangelho legalista, e de pré-condições, de imposição de um fazer humano, para que Deus possa abençoar, tais proposições faziam parte do estilo de vida farisaico que penetrava cada vez mais a igreja da Galácia através dos judaizantes
Contra o atual evangelho da Prosperidade nos fazemos coro com o apostolo quando dizemos o evangelho é da graça, e não da retribuição. Deus irá ou não prosperar o crente por seu amor, e pelo recebimento por parte do crente de seu amor e não por qualquer coisa que façamos em troca disto . O evangelho de Paulo combate firmemente qualquer menção de um evangelho que não seja o da graça. No caso de Gálatas o combate era contra os judaizantes, no nosso caso o combate é contra o ensino de que Deus abençoará você somente se você der uma oferta em dinheiro para sua igreja. O conceito de Graça para o apóstolo era bastante abrangente: o chamamento pela graça ( isto é, sem dar nada em troca para ser chamado ao amor de Deus ),a maneira do chamamento gracioso ( pela bondade de Deus e nada alem disto ), a forma de viver o evangelho pela graça e somente pela graça ( a experiência da vida em Cristo continua sendo não retributiva. Jesus é quem nos abençoa independente do que possamos fazer por ele- servos / amigos/ irmãos. Fomos chamados graciosamente, para vivermos pela graça, e em graça divina- estilo de vida.Para Paulo, não estamos sob a lei judaica ( judaizantes da Galácia ) não estamos sob o legalismo, não estamos sob condição alguma de ter que dar alguma coisa a Deus para que Ele nos abençoe. Continuamos vivendo sob esta mesma graça pela qual fomos chamados.
A palavra grega usada quando Paulo fala “ para outro evangelho”,no v.6 é “eteros” que significa “outro de espécie diferente”. Outra opção de vocábulo seria “allos”, que seria “outro da mesma espécie”, que ele usa no v.7. Isto significa dizer que para o apostolo, sair do evangelho da graça significa sair do evangelho totalmente ao mesmo tempo que no v.7 ele confirma negativamente o que diz no v.6, quando usa o termo “allos”, signficando e enfatizando que realmente este evangelho condicional não é e não pode ser mesmo o evangelho da graça. Paulo usando os dois vocábulos seguidamente diz este evangelho não gracioso é outro evangelho de espécie diferente ( não é evangelho ) e não é outro tipo de evangelho ( não existe outra possível interpretação do evangelho de Cristo fora da graça ). Este recurso de linguagem é amplamente usado por Paulo em outras cartas, quando o apostolo por meio de um exagero de expressões e vocábulos repetidamente de formas diferentes afirma a mesma ideia central.
Gálatas não considera a possibilidade de uma interpretação do evangelho que não seja a interpretação da Graça, isto é, da gratuidade do dom de Deus ( em qualquer que seja a esfera : espiritual, dons pentecostais, material, saúde , emocional, familiar , bens , financeira, vitória sobre os inimigos ...) que permeia toda a vida do crente. Qualquer outra interpretação do evangelho de Cristo, para Paulo, significa estar fora de Cristo, em outra doutrina, com outro senhor, outro caminho. Para Paulo tudo o mais que não seja o evangelho da graça, nem mesmo é evangelho , posto que não passa de distorção não comportando a salvação de Deus em Cristo, que para Paulo se dá exclusivamente pela Graça. Para Paulo não existe outra “boa mensagem de salvação”, já que não existe “outro “ evangelho legitimo. Não por legalismo, nem por dinheiro ofertado a igreja, nem por rituais, mas exclusiva e unicamente pela graça. O maior problema dos gálatas havia se tornado o cerimonialismo , o que não deixa de fazer o crente estar em atenção para tudo o que não seja a graça de Deus em Jesus Cristo.
Outro vocábulo grego que merece atenção no texto de Gálatas, é “perturbar”, quando diz o texto “vos perturbam “.O vocábulo grego é o verbo “tarasso”, que signfica : agitar, desequilibrar,perturbação, lançar na confusão. O mesmo termo é usado em Atos significando grandes distúrbios e perturbação provocados nas cidades entre o povo e todo o governo romano. Por emprego de tal vocábulo podemos entender o que significa para Paulo, a introdução de outra idéia no evangelho que não seja a Graça de Deus, grande perigo para todos os que recebem tais idéias, não é por menos que o apostolo declara anátema os responsáveis por divulgar tais conceitos.
“Querem perverter...” .neste ponto o apostolo deixa claro que ao se modificar de uma coisa para outra, não está envolvido o sentido de melhor para pior, mas se algo é bom, então certamente a transferência de tal significado somente pode indicar algo que não é bom, uma perversão do já estabelecido. A modificação da natureza do evangelho ( da graça ) para um “evangelho estranho” só pode significar a destruição do evangelho autêntico. A exaltação do que é carnal e material era já um problema nas igrejas primitivas e também na Galácia, e contra isto Paulo estava atento. Note que o evangelho não estava sendo negado frontalmente pois isto dificilmente teria êxito, mas mediante uma estratégia bem planejada satanas pode investir contra o evangelho desviando gradualmente seu foco. Este processo de modificação do evangelho , não raras vezes, culmina da eliminação final do evangelho para aqueles que participam destes processos diabólicos.
Gálatas 1-Analise parcial dos vocábulos gregos do trecho citado-v.6 - Methatiteme, grego=transportar para outro lugar, notemos o tempo presente tão importante no original grego, “...estais no processo de ...” ,isto significa que embora os crentes gálatas continuassem professando serem seguidores de Cristo as igrejas da Galácia estavam se transformando em sinagogas judaicas. Desta forma não é um fato imediato esta apostasia, mas um processo que demanda tempo, não ocorre da noite para o dia.) ;
Outro significado sugerido: vira-casaca, traidor, no caso abordado por Paulo para a igreja da Galácia era do legalismo farisaico com respeito a vida material ( riquezas e prosperidade financeira exagerada ) e um estilo de vida extravagante bem como das tradições judaicas. A igreja da Galácia havia se tornado um culto de sinagoga com tradições e ritos que não faziam sentido para o evangelho .Jesus exercia grande combate ao modo de vida farisaico proclamando que o reino de Deus era primeiramente dos pobres.
v.6- Eteros, no grego significa “outro de espécie diferente”.Paulo quis dizer que seria outro evangelho completamente diverso do evangelho de Cristo, em um tipo de figura de linguagem , isto é, se é outro evangelho de espécie diferente, logo já não é o mesmo evangelho, logo não pode haver outro evangelho, só existe um evangelho autentico
v.7-Allos, no grego significa outro evangelho, da mesma espécie, logo ele faz contra-posição com o vocabulo eteros significando outro, da mesma espécie, o apóstolo quer dizer assim que seria outro evangelho completamente diferente do original, um evangelho de espécie diferente, é uma figura de linguagem, é outro evangelho, em contra posição com o vocabulo do v.6, já seria então algo que não é evangelho.Portanto nos vs. 6 e 7 a palavra “outro” possui radicais gregos diferentes
v.6- outro= eteros= outro de espécie diferente
v.7- outro= allos = outro da mesma espécie
Não é incomum trechos em que o apostolo Paulo faz uso de contraposições para destacar uma idéia central, neste caso , só existe um evangelho, o da graça.
v.7- vos inquietam= tarasso= agitar,desequilibrar,perturbar- o tipo de perturbação que era feito pelos agitadores nas cidades romanas, o mesmo vocábulo é usado no livro de Atos varias vezes
Lutero afirmava, que”... todo o mestre de justiça pelas obras, é um perturbador... que agem como se fossem os únicos e verdadeiros pregadores do evangelho...”Oferecer dinheiro a igreja para obter justiça de Deus, é tentar fazer justiça pelas obras.Deus justifica e abençoa o homem exclusivamente por sua graça, não por ritos, nem por ofertas financeiras, nem por nossa justiça.
Calvino também afirma “ a subversão é um crime enorme, é pior que a corrupção...quando a gloria da justificação é atribuída a outrem e uma armadilha é armada para apanhar a consciência dos homens , o salvador não mais ocupa seu legitimo lugar, e a doutrina do evangelho se vê totalmente arruinada...”.
Faço coro com estes príncipes da pregação de Cristo, atribuir a sacrifícios financeiros de ofertas a igreja as bençãos advindas de Deus aos homens, é substituir o lugar de Cristo , é arruinar o evangelho da Graça, é errar o caminho. Para Paulo sair do evangelho da Graça, é errar o caminho, absolutamente. Além disto vale considerar o que Paulo considera mais importante :
II Cor 11 : 1-4
Abraçar outro evangelho que não o anunciado por Paulo, significa sofrimento
Fp 1 : 15-18
Importa ao apóstolo que Cristo seja anunciado , pois somente da pregação de Cristo pode resultar a salvação do homem
CAPÍTULO 6
OS PRINCIPAIS AUTORES
6.1 Bispo Edir Macedo
O nome do fenômeno religioso de nossos dias é Igreja Universal do Reino de Deus, que existe no Brasil desde 1977, fundada então por Edir Macedo. Hoje a IURD está presente em vários países do mundo, sendo possivelmente a maior expressão da teologia da prosperidade, os ensinos propagados pelo Bp Macedo e seus seguidores em todo o mundo, principalmente no Brasil. Apesar de ter aprendi-do inicialmente com o Bispo Roberto MacAlister, logo o discípulo surpreendeu o mestre não parando por aí, mas criando seus próprios conceitos e dogmas, muito alem de seu mestre, de outras igrejas, e da Bíblia como um todo. Na verdade os conceitos de prosperidade do Bispo Macedo são únicos de um tipo não encontrando semelhança em ministério algum conhecido no planeta, pelo menos não este. Inegável os efeitos sentidos pelo ministério da IURD. Onde chega é fácil perceber a mudança no perfil da sociedade, e notório o beneficio social que propaga, principalmente nas camadas mais baixas da população.
Prostitutas, mendigos, o povo de rua em geral, é rapidamente alcançado pela mensagem impactante promovida na religião do Bispo Macedo. Não é apresentado a possibilidade de derrota mas apenas a de vencer o mal, que os pregadores da IURD apresentam claramente identificados como o demônio possuindo as pessoas, e os sacrifícios de fé relacionados principalmente a quanto dinheiro a pessoa está disposta a “sacrificar” por Deus. Esta relação sacrifício financeiro x benção, acaba tendo resultado quando se trata de pessoas apegadas ao dinheiro, pessoas que simplesmente tem amor ao dinheiro . O que promove em tais casos uma mudança de pensamento bastante complexo, é um dar para receber. Em meio a isso tudo verdadeiramente o evangelho de Jesus Cristo é proclamado, não há como negar que a mensagem libertadora do evangelho é pregada nas igrejas IURD, a questão é que esta mensagem é acompanhada dos dogmas da IURD. Na maior parte são doutrinas que vão de encontro à mensagem e ao contexto bíblico, deixando muito longe os mais ousados conceitos de prosperidade bíblica. Ficou famoso o vídeo do bispo Macedo na rede Globo, onde ele orienta aos seus pastores como devem pedir : “ ou dá ou desce!” De forma bastante pejorativa apresenta o comercio das almas e as técnicas de pedir dinheiro ao povo. Os conceitos base utilizados pelo Bispo Macedo em suas obras, são bastante próximos aos ensinados por seu mestre, o Bispo Roberto. Como dito anteriormente não podem ser negados no que diz respeito a seu caráter bíblico os conceitos de dar e receber, abençoar para ser abençoado, plantar para colher, ofertar e dizimar, para receber multiplicado. O que entretanto faz completa diferença na forma apresentada pelo Bispo Macedo é o caráter mercantil e altamente capitalista da oferta dada em que o objetivo é dar para receber em dobro e em triplo e assim por diante.
Vale ressaltar que há também nas fileiras da IURD elenco dos mais respeitaveis segmentos da sociedade civil entre intelectuais, empresarios e pessoas de grandes posses e esclarecimento, que por livre entendimento decidem por apoiar completamente o ministério da IURD.
O texto bíblico ensina dar ofertas com amor, e receber em dobro como conseqüência, o ensino do Bispo Macedo, ensina dar para receber em dobro, e não faz grande alusão ao espírito com que se oferta, a ênfase está no dinheiro e não na paz que é motivadora desta oferta, SENDO este o senso comum dos cristãos que não pertencem a IURD quando comentam acerca da IURD.
Isto faz grande diferença, já que a religião bíblica é algo em tudo gerado pelo amor. A oração feita pelo fiel não é movida pelo amor , mas pelo que se quer receber. O mesmo espírito de egoísmo e não altruísmo se espalha facilmente pelos outros aspectos da vida do fiel da IURD. Se faz a oração para que o marido deixe sua esposa, sendo a crente a amante. Quase um tipo de pratica de mistério movido pela determinação de ser vitorioso, em tudo, custe o que custar. De fato em muitos pontos alguns cultos da IURD se assemelham a rituais de religiões de matiz africana.
De outra forma , a abordagem agressiva nos cultos da IURD no que tange o pedir dinheiro aos fieis, causa indignação a alguns presentes e motiva erradamente criticas despreparadas e generalizadas. Na igreja primitiva o ato de pedir dinheiro para propósitos missionários, de manutenção da obra, de abertura de novas igrejas, de sustento de missionários , de auxilio de outras igrejas em necessidades, era uma pratica comum e sagrada. As campanhas financeiras da igreja dos primeiros séculos ultrapassava em muito qualquer campanha financeira atual. Os relatos do livro de atos é de serem vendidos todos os bens e depositados aos pés dos apóstolos. Isto não é completamente distante dos pregadores da prosperidade contemporâneos. Lembro bem do relato muitas vezes contanto na fundação da Igreja de Nova Vida ( do Bispo Roberto ) em Botafogo –RJ, onde não foram poucos os fieis que venderam todas suas posses e depositaram aos pés do Bispo Roberto. Desta forma neste quesito não tem sido feito justiça ao Bispo Macedo e suas campanhas milionárias, pois isto é pratica bíblica e tradição na igreja cristã desde sempre. Dou preferência por ter campanhas milionárias e ver o evangelho sendo pregado a todas as nações e tribos e povos, e a ver obreiros e pastores vivendo dignamente a ter visto um pastor de uma humilde igreja a que meu pai o Pastor Ramis Rahal, tinha que levar mantimentos para que este honrado pastor não passasse fome com sua família, pois não era sabido naquela denominação de como se deveria pedir dinheiro. Neste ponto o Bispo Macedo pede, e sabe pedir, e pede bem. Quem pede pode receber muitas vezes.
O problema encontramos quando os pastores da IURD começam a justificar e ensinar pretensas motivações bíblicas para se fazer a oferta, ocasião em que um ouvinte pode até pensar que tais pastores e obreiros da IURD estejam falando por si só.Problema surge quando a partir do que é pedido o líder da denominação passa a ostentar vida muito acima da média dos habitantes de seu pais, de sua igreja, e mesmo se comparando aos mais ricos empresários da nação.Aviões a jato da ordem de dezenas de milhões de dólares, residências da ordem de complexos residências inteiros e resevardos.
Aquele que foi um dia diácono do Bispo Roberto MacAlister, por conta própria não satisfeito com os ensinos revolucionários para sua época,( ao mesmo tempo totalmente bíblicos ) transmitidos pelo Bispo Roberto, passou a criar sabe Deus como, seus próprios conceitos ultra-bíblicos, que não encontram respaldo nem nos mais atrevidos pregadores da prosperidade. Estes dogmas personalíssimos sobre a prosperidade, o Bispo Edir Macedo apresentou em seu livro O Perfeito Sacrifico , onde em meio a referencias bíblicas precisas e abençoadoras ( as flores ) ele apresenta seus ensinos pessoais e os coloca na qualidade de dogmas perfeitos e inquestionáveis os quais passa a sua poderosa religião IURD.
Não se trata aqui de condenar ou atacar moralmente ou de qualquer outra forma o Bispo Macedo na qualidade de cidadão brasileiro e cumpridor de seus deveres cívicos. Ficar rico não é crime. Lideres religiosos que enriqueceram pela religião não é fato nôvo na humanidade. Pelo que sei de pessoas que tiveram contato pessoal com o Bispo Macedo e sua família, trata-se de pessoa amável e caridosa em amor para com sua família e o próximo, bem como sendo pessoa honesta e cumpridora das leis de nosso país. Tratamos aquí da compreensão e ensino revolucionários que divulga a IURD tendo como base a teologia de seu lider.
Não é fácil julgar, eu nem mesmo me habilito, saber dos méritos , dos prós e dos contras, da vidas transformadas pela mensagem do evangelho anunciada na IURD, das vidas atrapalhadas pelos conceitos pessoais do Bispo Macedo que ele apresenta como bíblicos. Não dá para ignorar, não dá para condenar, podemos apenas ficar impressionados, refletir sobre o assunto, elencar diferenças, esperar que em algum momento cada um saiba o que é melhor para si após tomar conhecimento do que é o ensino bíblico sobre a prosperidade.Talvez cada crente deva por si só identificar o que lhe parece o melhor caminho.
Na pág 15 de sua obra, O perfeito sacrifício, Bp Macedo elenca a entrega de Jesus como sendo um sacrifício de Deus ao homem, para a redenção da humanidade, um sacrifício dado por Deus a humanidade, uma oferta perfeita, conforme ele designa em sua obra. A partir daí o livro apresenta todas ofertas como representações de Jesus, uma oferta perfeita, por isso todas ofertas devem ser perfeitas, a fim de serem aceitas.
Outra afirmação que causa espanto é dizer que o dinheiro é o sangue da igreja ( pg 19) sugerindo que como o sangue de Jesus foi ofertado por Deus pelo homem, também o homem deve ofertar seu sangue ( dinheiro ) para se aproximar de Deus. Diz ainda que a oferta representa o próprio Jesus Cristo ofertado pelo homem ( pg.l9). Ora apresentar um Deus que tem que dar ofertas por alguma coisa é de alguma forma destituir este Deus de sua divindade, ou de sua potência, e o ato de entrega de Jesus pela humanidade, passa a ser no entendimento do Bp Macedo, um tipo de toma lá- da cá ( expressão desde sempre comum nos pregadores da prosperidade). O ensino do Bp Macedo acaba por destituir o ato de amor por Deus ( João 3:16) em troca de um ato legalista, comercial, condicional, mercantil ( a vida pela vida ) . Deus , conforme ensina a Bíblia, entregou Jesus por amor e não por outro motivo, amou tanto que entregou, não ofertou. Oferta se faz a divindade, a divindade não carece de ofertar coisa alguma. Do momento em que fica estabelecido uma semelhança da oferta em dinheiro que o crente faz a igreja ( deveria ser um ato de amor, a entrega de Jesus foi um ato de amor ) a “oferta “ de Jesus pelo homem, em uma condição de recebimento, deixa a oferta em dinheiro de ser ato movido por amor, para ser ato movido de interesse, temos então outra religião.
O dia que o dinheiro for o sangue da igreja, esta igreja deixará de ter o sangue de Cristo.Jesus é o sangue da igreja, não há como substituir o sacrifício de Cristo, por um pretenso sacrifício financeiro dado pelo crente à igreja. É este o objetivo doutrinal do Bispo Macedo, motivar os crentes a darem ofertas financeiras a igreja como forma sacrificial cultica. Ora não há o que possamos fazer para nos aproximarmos de Deus, o sacrifício já foi feito. Não digo com isso que não exista sacrifício de amor quando crentes se esforçam em dar o seu melhor em dinheiro para a igreja, é o caso da viúva que deu tudo o que tinha para a igreja. O próprio apostolo Paulo diz ter recebido as ofertas financeiras em dada ocasião como sacrifício a Deus. Um fato isolado não pode entretanto referenciar toda a pratica de entregar ofertas financeiras para a igreja , para os crentes, como forma de se aproximar ou adquirir bens da parte de Deus e supostas vitórias. Quando desprovido do motivo maior da religião cristã, o amor, o ato de ofertar dinheiro a igreja pode facilmente ser degenerado em algo tão frívolo e materialista que um homem corrupto pode chegar a ofertar e dizimar de seu dinheiro alcançado ilicitamente sob a pretensão de ter sido abençoado por Deus, mesmo estando mergulhado na lama do pecado.
Como me referi anteriormente é tarefa árdua apontar o dedo para os que pregam o evangelho, Paulo não se importa de como é pregado o evangelho ou por qual motivação, desde que seja pregado o evangelho . Em suas obras Bp Macedo enfatiza a salvação da alma pela fé em Jesus Cristo bem como a santidade inegociável que deve ser levada a cabo pelo crente, como se apresenta em seu livro o Perfeito Sacrifício, na pg.43, onde apregoa a santidade como responsabilidade exclusiva do crente. Mesmo assim quando Bp Macedo se refere a bênçãos a serem alcançadas a ênfase dada é das finanças, sugerindo que para ser abençoado financeiramente o crente deve levar vida de santidade e consagração.
Algo bem próximo do que é tipificado na célebre obra A Ética Protestante e o Espírito Capitalista , na Pg 139 desta obra, onde é destacado o sentido de vocação para o trabalho e assim ser possível alcançar riquezas financeiras “abençoadas”. O que Macedo apresenta não é de forma alguma novo, contudo a forma como apresenta o objetivo de ganhar dinheiro ofertando primeiro a igreja, isto sim, nunca foi visto antes. Mais impressionante é que o fator mais importante para a apresentação do sacrifício , no dogma da IURD, não é o amor ( Deus amou o mundo de tal maneira que ...João 3.16) mas é a fé. No capitulo 5 de sua obra o Perfeito Sacrifício, uma abordagem quase inter religiosa e universal é apresentada para o conceito de sacrifício, que bem valeria para qualquer outra religião que não cristã, posto que sequer é mencionado o nome de Cristo, o termo “troca” é apresentado sem qualquer cerimônia em sua definição mais “não cristã” de todos os tempos :” O sacrifício inclui o ato de renunciar voluntariamente a alguma coisa , em troca de outra muito mais valiosa “. Incrivelmente nada se pode perceber com relação ao amor de Deus em entregar seu filho, ao amor que a viúva pobre demonstrou em depositar todo seu sustento no gazofilacio, no amor daquele que oferta seu dinheiro a igreja, tudo não passa de uma negociata da fé.
O crente entrega para , pela fé, receber algo em troca. Não é o amor que move, é o interesse que movimenta tal oferta. Esta é uma nova religião, ou nova forma de ver a mensagem de Cristo, algo único e inédito, não admira que as igrejas IURD estejam por todo o mundo. O espírito que rege o mundo é capitalista, é financeiro, todos querem ficar ricos, mas não é o que Cristo desejou , nem o que Ele ensinou quando disse : “meu reino não é deste mundo” , e nem o que o apostolo ensinou quando disse “o reino de Deus é alegria , paz e justiça “ , e novamente Jesus quando disse “não ajunteis para si tesouros que a traça e a ferrugem tudo consomem” , e ainda “ o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e o motivo das guerras...” ( carta de Pedro ) etc...Isto é exatamente o oposto do interesse que deve existe nos ensinos do Bispo Macedo com relação ao dinheiro e a riqueza.
Fala ainda Macedo em uma obrigação em fazer sacrifícios para manter a salvação, conforme consta em sua obra o Perfeito Sacrifício, na pg 46, algo que em muito lembra a igreja católica romana na idade media com relação as indulgências tão combatidas e motivo da reforma protestante ( coisa que já foi completamente revista pela igreja catolica romana) . Parece em certo ponto que o Bispo Macedo tenta voltar a idade média e suas práticas cristãs absurdas. Diz o texto :” o que temos que pagar para manter nossa salvação...”. Isto é seguramente voltar aos tempos medievais onde a cristandade vivia com medo da morte e do inferno e desta forma tinha sua motivação religiosa. Ora para isso Jesus se revelou para livrar o homem do medo da morte e assegurar a vida eterna, por isso pagou um preço eterno e de uma só vez foi pago a divida que pesava contra a humanidade. A morte foi vencida na cruz do calvário.Com hábeis palavras entretanto o livro do Bp Macedo conduz o leitor ao convencimento de que é preciso haver sacrifício continuo ( como nos dias do povo no deserto) . Isto sugere a não suficiência do sacrifício de Cristo. Após isto, com raciocínios decorrentes leva o leitor a entender o sacrifício espiritual ( que para Macedo é a fé , não o amor- novamente abre a porta para outras crenças que nada tem a ver com a fé cristã, apontando para um sincretismo religioso) . Por fim envereda o leitor em uma obrigação de um sacrifício material ( pg 47) de moedas, de dinheiro.
Outro aspecto incrível da leitura do Bispo Macedo no que diz respeito a sacrifícios é o que ele faz do texto em Marcos 12.42-44, onde ele afirma que a viúva deu todo o dinheiro que tinha pois “acreditava que Ele lhe devolveria multiplicado”( pg 49). Faltou informar ao leitor que Jesus apreciou a oferta da viúva mas de forma alguma se utilizaria daqueles recursos “sacrificiais”, ao contrario do que faz Macedo com suas residências milionárias . Não apenas Jesus mas também a história da igreja primitiva não faz qualquer relato a discipulos que tivessem enriquecido com o dinheiro da oferta. Alguem há de dizer que aqueles eram dias diferentes, ao que eu posso retrucar que no sentido de enriquecimento havia homens ricos como há hoje. Se Jesus e os discipulos quizessem enriquecer com as ofertas e dizimos o teriam feito. Mas não era este o objetivo e continua não sendo.
Sim a viuva fez um sacrifício, mas de amor, não por interesse do contrario não seria sacrifício. Estes pensamentos e idéias sobre o ato da viúva pobre partiram exclusivamente do entendimento do bispo Macedo que entretanto apresenta em seu livro o Perfeito Sacrifico , como dogma inquestionável. Não é de admirar que a IURD tenha templos construídos que não são comparáveis aos que já existem. Se considerarmos os templos da IURD, os demais são pequenas capelas ou templos secundários . Isto se explica, pois a religião do Bispo Macedo, é uma religião capitalista que ensina uma questionável formula para se ficar rico, dê a Igreja, Deus te dará tudo de volta multiplicado.Será mesmo que é sempre assim ? Ou esta formula mágica só vale mesmo para a liderança da igreja ?
Como era de se esperar Macedo faz também uso de certa dose de Pensamento Positivo, conforme se vê em seu livro O Perfeito Sacrifício, na pg 50 e 51, mas isto seria o de menos. A leitura da obra do Bispo Edir Macedo, leva aos desavisados certo temor e medo de perder a salvação tanto quanto sutis ou mesmo explicitas ameaças são feitas aos crentes. Na pág 54, apresenta o sacrifício de Jesus como não sendo definitivo nem suficiente, “ mas isso não significa que não haja mais necessidade de outros tipos de sacrifícios...”. Não é preciso profunda pesquisa na obra do Bispo Macedo para se entender que parece trata-se de outro evangelho, de outra pregação, de outra religião, que envolve conceitos cristãos, palavras de Jesus Cristo, e mesmo os mais nobres ensinos de prosperidade bíblica perpetrados pelo Bispo Roberto MacAlister. Aconteceu entretanto o que diz o ditado popular, “ o aluno se tornou mais atrevido que seu mestre”. Ainda quando Macedo menciona os “serviços de ofertas financeiras apresentados para patrocinarem a pregação do Evangelho por todo o mundo”,( pg. 54 ) ele se esqueceu de mencionar que por tais ofertas ele Edir Macedo é dono de um multimilionário patrimônio que nada tem a ver com o Jesus Cristo de Nazaré e seus discípulos e muito menos com os crentes da IURD que regularmente deixam no gasofilacio tudo o que tem, na promessa de que receberão de Deus em dobro. Vários crentes da IURD vivem entretanto diariamente passando grandes necessidades financeiras e de todo o tipo.
“Alias, o movimento financeiro de uma determinada congregação reflete o seu grau de espiritualidade”.( Pg 61 do livro O perfeito Sacrifício). São afirmações como estas que deixaram o imperio da IURD com uma certa abordagem estranha no meio evangélico e secular. Que palavra estranha esta para os seguidores de Jesus Cristo de Nazaré, que nasceu numa manjedoura, que foi carpinteiro toda a sua vida, que morreu numa cruz, pobre de dinheiro, mas rico de paz. Imaginemos uma missão cristã no interior do pais, as pessoas se dirigem para o local de todas as formas para escutar a mensagem de Deus. Ao fim da reunião o pastor humilde, serve um café com bolo para os convidados, que alegremente entoam um cântico e se despedem. O que poderá determinar o movimento financeiro naquele lugar, nada a não ser que Jesus veio ao mundo, dando em sua mensagem uma preferência aos pobres, e não aos ricos.
A religião a que se refere Macedo com seu termômetro espiritual, parece não ser cristã. Em seu livro O perfeito Sacrifício, Bispo Edir Macedo é apresentado como sendo Doutor em Divindade, Teologia, e Filosofia Cristã, não informa contudo onde ele alcançou estes graus de instrução teológica. Apontar os possíveis erros é relativamente fácil, julgar é difícil. O evangelho de Jesus Cristo é pregado nas igrejas IURD ? Se for então para o apostolo Paulo isto basta. Certa vez estive a convite de meu pai em uma igreja IURD. Não pude ouvir além dos apelos financeiros continuados, o anuncio de que Jesus Cristo morreu para salvar a humanidade, na verdade não ouvi falar o nome de Jesus em tempo algum, eu estava acompanhado.
Os templos da prosperidade
È impossível encerrar este tópico sobre o Bispo Edir Macedo sem mencionar os templos da Igreja Universal do Reino de Deus, que nesta ocasião tomo por exemplo de todos os outros semelhantes em grandeza e característica de luxo e custo milionários. Sem duvida alguma, não encontro qualquer outro ministério que possa competir com a IURD no quesito que chamo “os templos da prosperidade”.
Já passam longe aqueles dias em que se usava a ditosa expressão : “ isso parece obra de igreja”. Agora obra de igreja é sinônimo de construção feita as pressas, de empresas de engenharia da mais avançada tecnologia de construção. Milhões de dólares empregados em projetos dos mais arrojados. O interior das igrejas então, no que há de mais caro pode ser empregado na sua finalização. Alguns insatisfeitos chamam o fenômeno vulgarmente de templolatria. Outro dizem nada, apenas meneiam a cabeça.
Eu digo que muito me agradou quando cheguei na época no prédio na Nova Vida em Botafogo – RJ, e me sentei naquelas cadeiras super confortáveis. Os banheiros pareciam de hotel. E o ar condicionado ... para a época era um luxo, poucos estabelecimentos tinham refrigeração. O que ficou na minha memória contudo foi quando eu perguntei a um diácono sobre o motivo de um lugar tão luxuoso, ele me disse : “ é tudo para Deus “. Esta resposta por muitos anos eu levei comigo. Até que um dia acordei indo a praia e pensei, “para Deus nada, é para a gente mesmo !!!”.
Afinal Deus é espírito, Ele não precisa de ar condicionado, nós é que precisamos , não só do ar condicionado mas de um ambiente gracioso e agradável, limpo e apreciável. Nós precisamos disso, ou talvez não chegamos a precisar, mas de fato é bastante agradável.
Nas vezes em que vinha eu do Rio de Janeiro e o ônibus passava por Niterói eu vinha maravilhado olhando os vários templos evangélicos, e nunca deixava de me assustar quando me deparava com uma construção da Igreja Universal do Reino de Deus. Por assim comparar na ordem de tamanho era no mínimo 10 vezes maior que os demais, e no que diz respeito ao luxo, era 100 vezes mais luxuoso que os demais. Ora nesta altura não estamos falando de um lugar mais confortável para estarmos, com ar condicionado , etc... falamos aqui de algo mais, de algo que remonta as catedrais da idade media em que o povo pagava taxas religiosas, ( parece que a IURD quer voltar a idade média ) indutos etc...falamos aqui dos templos da prosperidade.
Verdadeiras catedrais de proporção e luxo incomparáveis se erguem de norte a sul do Brasil, a pretexto de que é para a glória de Deus. Eu duvido muito que em um Brasil onde crianças passam fome e sofrem todo o tipo de injustiça, que fez com que nosso amado presidente Lula declarasse mesmo GUERRA contra fome, que Jesus Cristo estaria feliz com tais templos de absurda grandeza. Onde pode estar a misericórdia de Deus nesse negocio. Quantas crianças seriam alimentadas com o dinheiro empregado nestas construções? Não me refiro aqui ao fato de ser preciso construir templos grandes para receber o povo para o culto, mas com tal grandeza de luxo, e dimensões de visível ostentação de poder ? Voltamos por acaso a idade media e a tudo aquilo que foi feito? O que mais nos resta?
Afinal sabemos que as primeiras basílicas e templos da idade media tinham o teto bastante alto com a finalidade mostrar a distancia de Deus para com os homens, a empreitada de apresentar a condenação do homem frente a grandiosidade de Deus. Quando o crente já havia percorrido os corredores, observado a altura do arco, etc... quando já se assentava estava já em si mesmo condenado, pronto para receber o perdão de Deus. Tal era a dramaticidade dos templos medievais que o homem que ali entrava tinha mais consciência de sua condenação do que dá possibilidade de ser salvo. Não era sem motivo que eram cobradas as indulgências para construção do templo, que passou a ser, sem sombra de duvida uma grande orquestração de opressão ao espírito e ao pensamento humano.
Ao se abordar a questão da influencia que as catedrais exercem no espírito e na emoção é preciso estabelecer os conceitos básicos que deram origem a forma de arquitetura gótica e suas influencias em determinado período da historia. De alguma forma experimentamos hoje algum tipo de revival cultural gótico da idade média que atinge não apenas a arquitetura das modernas catedrais da prosperidade mas também o próprio estilo de vida dos jovens.
O estilo gótico orienta uma parte da historia da arte ocidental que tem influencias em toda a forma de vida daquele período, na arte, construções, filosofia e religião. O estilo gótico surge como resposta a ênfase e seriedade do estilo romântico, sendo assim sua evolução.O estilo gótico está associado ao germânico e aos godos ( bárbaros) no inicio da idade média. Mais precisamente nasceu em França, na catedral de St.Denis em 1130-1144, expandindo-se após isto para outros lugares da Europa e do mundo. Foi nesta abadia que surgiu a partir das obras de remodelação do templo antigo
Note-se que as catedrais ou monumentos góticos do período estavam sempre imbuídos de um enquadramento da escolástica ( período da idade medieval onde as escolas existiam apenas nas igrejas e mosteiros ) e tendências neoplatonicas ( contraste entre o bem e o mal, o mundo é mal, o espírito é bom, etc...). A força por detrás das construções das catedrais góticas era a burguesia, em torno das quais todo o comercio florecia. Em uma competição de poder e prestigio o clero e os burgueses de cada cidade disputavam entre si para quem construísse a maior e mais bonita catedral gótica. Das mais altas torres das catedrais poderiam ser avistadas ao longe a grandiosidade da catedral ( cidade). Desde sempre a construção de templos esteve associada a grandeza dos povos.
As igrejas podiam ser vistas de longe anunciando a grandeza do burgo e sua gente.
O exagero decorativo bem como a altura das torres caracterizava bem o estilo gótico.As catedrais góticas se transformaram rapidamente em uma fogueira de vaidades, em uma mistura absurda de intenções religiosas, políticas e financeira, bastante longe dos interesses do reino de Deus na verdade.
O fato de terem surgido naquele período novas técnicas de construção das abobodas sustentadas pela nervura de arcos, permitiu as grandes alturas a que chegava a catedral gótica, o que por si só marcou o gótico, sua verticalidade. A presença da luz natural contribuiu de forma decisiva para a elaboração da mística elevada na dinâmica do culto. Havia ainda um respeito ao posicionamento das naves e diversas partes da catedral gótica que sugeria uma aproximação mais fácil do crente com seu Deus. Devemos aqui lembrar que falamos de um prédio cuja verticalidade é a mais elevada que se tem conhecimento considerando o estreito comprimento. Quando o crente se assentava em uma das abobodas laterais ( o coro ) sentia-se por assim dizer, mais perto de Deus, representado no prédio pela altura descomunal das torres ( mais de cem metros de altura ).
Outro detalhe que foi somente possível a partir das novas técnicas de construção inseridas no período gótico foi o de que as paredes foram afinadas permitindo a abertura de espaços abertos preenchidos prontamente com vitrais ( vidros coloridos recortados por filamentos de chumbo) que tinham o objetivo de somado a mística da luz contar os detalhes dos relatos bíblicos para o povo analfabeto. Neste quadro complexo que é uma catedral gótica, a luz era considerada como manifestação do divino e por isso agia diretamente sobre a mística do povo. Neste quesito já se vê muitos templos da prosperidade com belíssimos vitrais. Uma grande catedral gótica com belos vitrais pode ser um motivo de bênçãos para o povo de Deus e local de grande salvação mediante a pregação do evangelho de Jesus Cristo, não temos duvida disto. Se entretanto alguém promove esta construção para diretamente tirar dela de forma premeditada e condenável proveito da emoção humana, e assim fazer apelos para a manutenção de uma teologia que não é aquela da tradição da igreja, ficamos quase sem palavras para dizer o quanto isto pode ser reprovado por Deus que está no céu. As poucas palavras que sobram contudo, são o bastante para estas paginas. A grandiosidade das catedrais góticas estão de volta, nos templos da prosperidade, quem diria que isto poderia acontecer ? De volta a idade média, ou idade das trevas alguns poderiam dizer.
Uma das características das construções góticas do período medieval que não podem ser relacionados na construção dos templos da prosperidade é sem duvida as figuras fantásticas e monstruosas , gárgulas e outras criaturas míticas que adornavam o exterior da cadedral que alertavam para a possibilidade de que as pessoas fossem condenadas ao inferno . Ora se por um lado não se pode colocar gárgulas do lado de fora dos templos da prosperidade, do lado de dentro homens que se apresentam como pastores, muito bem treinados, apresentam a todo o instante os riscos de não se oferecer a Deus o sacrifício esperado ( dinheiro em espécie ), cogitando sempre a possibilidade de ao invés da salvação, se encontrar naquele lugar a condenação.
A construção das catedrais estiveram desde sempre ligadas a pratica católico romana das indulgências que vigoraram até o século X como sendo donativos piedosos. A pratica das indulgências é uma forma de aplacar com a conseqüência dos pecados conforme indicava a teologia católica medieval ( este conceito já foi revisto pelo catolicismo). Esta pratica sofreu ao longo dos anos da historia da igreja muitas mudanças, o que não faz apagar o seu passado obscuro medieval, contra o qual se insurgiu prontamente o padre Martinho Lutero, reformador protestante.
De certa forma, na IURD é como a teologia apresentasse uma volta as indulgências medievais onde através de donativos piedosos se é possível alcançar bênçãos. Todo este sistema é bem ligado ao novo modelo de templos da prosperidade, onde conforme tive a experiência de constatar na IURD em Niterói uma catedral bastante assemelhada na forma e tamanho descomunal a catedrais católico romanas do inicio do período medieval, naturalmente em uma apresentação mais contemporânea, sem contudo perder as características de verticalidade e penetração própria da luz, fundamentais para a abordagem mística das construções.
É impressionante que em um tempo onde a própria igreja católica romana está revendo seus conceitos para uma aproximação mais coerente do mundo cristão contemporâneo, alguns grupos que se apresentam como evangélicos, no caso a IURD e outros, estejam retornando as praticas católicas de outros tempos, hoje reprovadas.
Não tem muito tempo que pude ouvir uma piada, onde o Bispo Macedo dizia em tom solene de missa cantada, para o Papa, as seguintes palavras : eu sou você amanhãã.”
Outro motivo pelos quais não se precisa de gárgulas do lado de fora destes templos é que do lado de dentro a constante evocação de demônios em pessoas supostamente endemoninhadas, e o efeito culto- espetáculo onde o exorcista pastor conversa com o suposto demônio, causa não poucas vezes a sensação de medo nos fieis para quem o pregador aponta como possibilidade de condenação o não cumprimento do que é dito. Não há necessidade de se colocar gárgulas do lado de fora.
No mais incrivelmente parece que voltamos a idade media no período em que as catedrais tinham função de influenciar no estado emocional do povo que ali estava para que assim pudessem dar ofertas que longe de serem atos de amor pela obra de Deus, ou eram de interesse e vaidade, ou eram por medo do tão chamado infernum ( = mundo inferior ) .
Talvez assim os templos da prosperidade que temos visto serem erguidos tenham também esta finalidade de constranger o crente a uma condição forçosa de pecador oprimido e dependente da igreja ( denominação ) e do pastor ( que pede e pede muito ). Em um tipo de indulgência moderna o crente passa de uma situação de livre e salvo em Cristo a cativo , condenado e oprimido, no templo da prosperidade. Neste caso a única coisa a fazer e contribuir generosamente não é mesmo ? Do contrario só restará aquela alma aflita as chamas do inferno . Que alias é bastante pregado nos templos da prosperidade, ou não ?
Uma grande confusão que o povo evangélico faz no que diz respeito a templo é a noção israelita de templo. Para o povo judeu em Jerusalém, nos dias de Jesus , e antes mesmo de Jesus , o prédio dedicado a Deus, era o centro político e social da nação, não apenas religioso. Mesmo após sua instituição no reinado de Salomão, para o povo de Israel o templo era o centro do universo, situado exclusivamente em Jerusalém.
Esta versão judaizante de evangelho , tão combatida por Paulo, torna a trazer ao templo todo o significado da vida cristã. Ora devemos lembrar que até o ano 300 dc dificilmente se encontraria um lugar de reunião e culto dos crentes que fosse mais do que duas residências palestinas, o que não passava de 30 metros quadrados. Isto considerando que uma parede tivesse sido derrubada para a abertura do salão. De fato alguns arqueólogos já tiveram esta constatação do que parece ter sido a primeira utilização exclusivamente cristã de uma construção da época.
Importa também saber que a pratica de construção de templos a divindades teve origem ( primeiro registro do fato ) em babel, isto é , na Torre de Babel, mencionada em Gen 11: 1-9. Após Babel praticamente todos os povos idolatras tiveram edificações dedicadas as diversas divindades, todos eles bastante suntuosos e grandiosos. Houve tempo em que praticamente cada cidade tinha um templo erguido a sua divindade.Mais precisamente isto aconteceu na Mesopotâmia terra de onde saiu Abraão.
Vemos assim que a construção de templos suntuosos dedicados a divindades é pratica que tem sua origem no politeísmo e não no cristianismo ou judaísmo. No caso do povo de Israel foi mais que preciso que tivessem um templo bastante definido, exatamente para proteger o povo da pratica pagã de outros povos não monoteístas. Adoração somente no templo em Jerusalém. Praticamente todas as vezes em que na Escritura aparece a palavra Templo, significa a construção ou o prédio em Jerusalém destinado para este fim. Não havendo qualquer outra edificação do mundo antigo que teria mais interesse para o povo de Deus do que o templo em Jerusalém.
Outro ponto importante a ser destacado no assunto é que as primeiras grandes catedrais na idade media, surgem a partir dos arcos. A única forma conhecida de fazer as coberturas de grandes construções era o arqui-teto. O teto formado por arcos seqüências que apoiados um contra o outro sustentavam o que hoje conhecemos por aboboda. Não havia qualquer outra espécie de construção para se fechar um grande edifício a não ser os arqui-tetos. Daí surgiu o oficio que hoje conhecemos como arquitetura. Tal era o poder de controle exercido pelos arquitetos na construção de grandes basílicas que há quem diga que a partir da confraria destes homens teriam surgido os maçons, e ordem de cavaleiros templários ( cavaleiros do templo ) que a serviço dos construtores de arqui-tetos , dariam a vida para proteger os segredos de construção dos templos e etc...
Com tudo isso envolvendo a construção de templos nos resta saber por qual motivo eram tão altos e góticos, com figuras de gárgulas nos cantos altos e etc...
A transição do antigo para o novo testamento, da antiga para a nova aliança, não é possível sem que seja dissociado a relação do povo de Deus do templo. Hoje sob a nova aliança vivemos no tempo do derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne, Deus fala aos corações de forma direta, pelo Seu Espírito enviado por Jesus. É exatamente a manutenção deste velho conceito de templo de Israel que permite aos pregadores da prosperidade a campanha milionária para a construção dos templos da prosperidade.
È preciso entender que Jesus clamava contra o templo se referindo a ele como casa de Seu Pai em Jo 2.16, mas que o fazia já condenando sua eminente destruição e se referindo ao templo judeu em Jerusalém, não ao lugar de encontro da igreja cristã que surgiria. Um engano que se repete em praticamente toda interpretação feita pelo teologia da prosperidade é o que tudo o que foi dito para o povo de Israel vale também para os nascidos em Jesus Cristo. Neste caso os pregadores da prosperidade somente consideram o que lhes é conveniente para a arrecadação financeira.
Fica claro entretanto a partir do evangelho que o novo templo passa a ser a pessoa de Jesus Cristo ( em Jo 1.14) e que Ele mesmo passará a ser o centro da adoração a Deus para aqueles que o recebem ( em Jo 2.18-22). Logo os prédios religiosos ou destinados ao culto ao Deus da Bíblia, a partir de Jesus deixam de ter o mesmo significado dos prédios religiosos antes de Jesus. O templo passa a ser o próprio Jesus derramado por seu Espírito Santo em todos os crentes. Este é o grande mistério a muito guardado :’ Cristo em vós “( Cl 1.27).
É desta forma a propria Escritura Sagrada que faz cair por terra esta verdadeira templolatria que serve de pretexto para campanhas multimilionárias promovidas por pregadores da prosperidade. Sim nós precisamos de prédios para que a igreja esteja reunida. Sendo grande o numero de pessoas em volta de um ministério, é natural que o espaço tenha que ser grande. Ser grande não significa ser luxuoso. Deus é espírito e não carne. Nós gostamos de conforto, quanto a isto não vejo mal algum. A falácia de se construir templos luxuosos e ornados quase a ouro puro, sob alegação de serem para Deus já ficou a muito enterrada junto com os exageros e pecados da igreja católica medieval. Enquanto crianças morrem de fome no mundo inteiro , há quem diga que se todo o ouro do Vaticano fosse negociado e suas fortunas, a fome das crianças no mundo terminaria. Não sei se isto é verdade, mas é verdade que o acumulo de riquezas e gastos milionários com construção de templos frente a um mundo que padece de pobreza, só pode ser pecado .
Os evangélicos que vão para a televisão dar chutes na imagem de veneração católico romana acusando a igreja católica de idolatria, são os mesmos que idolatram seus templos faraônicos ( iguais aos do faraó egípcio ) para onde apresentam suas ofertas financeiras, para que lhes seja dado tudo em dobro e em triplo.
Paulo apostolo diz que nós somos agora “o templo do Deus vivo” ( 2 Cor 6.16) , e faz de tal forma que relaciona a isso severa repreensão a idolatria. O modelo de igreja deixado pela igreja primitiva não era de prédios públicos luxuosos para o encontro da igreja, mas sim do partir do pão de casa em casa. O que foi escrito para o povo de Israel não deve ser lido de forma diferente, mas entendido como de fato para aqueles dias e para aquele povo. Em Jesus Cristo temos a nova aliança, a nova igreja, o novo templo que é Jesus em nós, por seu Espírito Santo derramado.
Mais um terrível equivoco da teologia da prosperidade. Como já disse antes, em um Brasil de crianças que sofrem terrivelmente com a pobreza, como pode ser abençoado por Deus a construção de um templo luxuoso e faraônico ( um dos maiores templos que já foi construído foi o de Carnac no Egito, dedicado a divindade Amom ) envolvendo milhões de Dólares. Para Deus é que não pode ser , pois Deus é espírito e não habita em templos feitos por mãos. Os templo de Israel tinha o objetivo de proteger o povo da idolatria.
Ah sim, a despeito de mais esse engano da teologia da prosperidade, tenho certesa que Deus poderá usar estes templos ( que não são para Ele ) por amor as vidas, e derramará da sua salvação sobre o povo , por meio de Jesus Cristo, e da pregação de seu evangelho. A multiforme graça e amor de Deus fará de tudo para alcançar as almas sequiosas de salvação, mesmo que seja no interior de um dos templos da prosperidade.
A despeito de todos enganos e desvios da sã doutrina, é a IURD onde quer que esteja sempre e prontamente se manifesta pelos pobres e necessitados.O nordeste brasileiro conhece bem os projetos implementados pela IURD representado na pessoa do Bp Marcelo Crivella, este homem que eu tive o privilegio de conhecer e que chegou a orar por minha vida e ministerio. Tantos pobres são alcançados pelo ministerio de ação social da IURD que não seria tarefa facil apontar aqui as diversas frentes de trabalho. Na tragedia que ocorreu em Nova Friburgo, em Janeiro de 2011, enquanto o governo começava a se preparar para prestar assistencia ao povo vitima das enchentes, a IURD já estáva chegando na cidade com carretas fechadas trazendo toneladas de alimentos e mantimentos para as vitimas. O trabalho que a IURD faz nos presidios em todo o Brasil é somente louvavel e nos remete ao pioneiro dos presidios nos tempos do avivamento ingles, John Wesley.
Apontar erros, não é tarefa das mais dificeis. Apresentar os exitos de um ministerio no que diz respeito a Sagrada Escritura, esta é tarefa mais ardua. A IURD de fato tem feito diferença por onde passa e permanece. Homens e mulheres regenarados pela palavra do evangelho de Cristo, testemunho de etica e santidade, tudo isto é verdade também com relação aos frequentadores da Iurd. Julgar é tarefa para Deus, podemos apenas analisar, discutir, tentar entender e buscar caminhos preciosos de conciliação com a mensagem redentora e graciosa do evangelho de Jesus Cristo.
6.2- Kenneth Hagin
Por muitos anos a idéia de ser cristão esteve ligada ao conceito de humildade e de viver uma vida de aparência simples e/ou pobre. No Brasil por muitas décadas o mundo evangélico ficou relacionado a pessoas de classe mais baixa o que de certa forma caracterizou a classe de crentes denominada de assembleianos ( da Igreja Assembléia de Deus). Esta concepção de vida humilde é a herança católica do despojamento de bens e riquezas terrenas, consideradas como passageiras, um tipo de ascetismo evangélico foi desta forma a marca do cristão não católico, no Brasil, por muitos anos. Esta presente obra não tem objetivo de abranger somente o mundo cristão brasileiro, entretanto devido ao fenômeno religioso no Brasil ser tão completamente ligado a Teologia da Prosperidade, não há como não ligar o fato ao que é vivenciado hoje nas igrejas brasileiras, na sua maior parte. É neste ponto que mencionamos o nome de Kenneth Hagin, um dos grandes responsáveis pela propagação da teologia da prosperidade no Brasil e no mundo, talvez em sua raiz mais próxima do New Thought Methafisics ou Corrente do Pensamento Positivo.
O mundo evangélico em alguns momentos tão “ em pé de guarda “ contra os movimentos da chamada “Nova Era” ( considerada a era de aquário do zodíaco – ocasião planetária em que ocorreu determinado alinhamento de estrelas e planetas) não pode imaginar que no curso de seu desenvolvimento até chegarmos o que se tem hoje, pode em grande parte ser atribuido a influencia dos chamados movimentos e filosofias do pensamento positivo. Vale considerar que em meio a isso tudo não passa de uma hipótese, uma vez que os possíveis introdutores de tais propostas negam taxativamente que tenham sofrido estas ou outras influencias, alegando de si mesmos serem tão somente propagadores do mais genuíno evangelho e ensino bíblico.
Alguém já disse que não existe religião pura, o que é facilmente verificado pela religião comparada, nas varias características e atos rituais identificados ao mesmo tempo em várias religiões e tempos distintos, e lugares e culturas que incrivelmente apresentam em suas manifestações de fé os variados atos simbológicos ativos como sendo os mesmos. Assim entende-se que o batismo nas águas por exemplo, está presente em incontáveis religiões do mundo. Outro elemento presente em varias praticas é algum tipo de ceia, e por assim adiante. Isto pontuamos para identificar que os elementos da chamada corrente do pensamento positivo está na verdade presente em varias praticas religiosas e filosóficas espiritualistas. É contudo a pretensão evangélica fundamentalista que suas praticas, seus dizeres, sua teologia seja por assim dizer, só sua. Se Jesus é o único caminho, então pensam eles, a religião cristã e suas praticas e doutrinas tem que ser também únicos em sua essência. Esquecem tais pensadores do fundamentalismo evangélico que o homem é um em toda sua expressão e que as religiões são praticas as vezes aparentemente diversas do mesmo ser humano.
Kenneth Hagin em suas obras faz exaustiva defesa de ser ele portador de um único e revolucionário evangelho que consiste em voltar as bases da fonte bíblica ( teologia fontal) apresentando conceitos que segundo ele, são as premissas do evangelho, que estavam lá desde o inicio mas que somente ele pôde enxergar . Não deixa de estar certo o irmão Kenneth, de forma parcial, de fato os ensinos que apresentam ou sugerem a pratica de um “pensar positivo”, de um “agir positivamente”, de um “exercitar da mente humana”, se encontram bem presentes nos textos bíblicos, em todos eles, principalmente nos textos neo-testamentarios.
Porque a ampla defesa feita de Kenneth em praticamente todas suas obras , no que tange a “não pertencer as correntes do pensamento positivo” ? Como diz outro autor, o fato de Paulo Apóstolo reivindicar em suas cartas sua “autoridade apostólica”, significa forçosamente que esta “autoridade” era o tempo todo alvo de sério questionamento. Desta forma a auto-defesa de Kenneth Hagin em suas obras, excluindo-se de qualquer influencia do pensamento positivo, indica também que existe um contexto para tal, tão próximo está o ensino deste mestre dos principais fundamentos doutrinários do pensamento posivo. Seja como for, em um detalhado exame das escrituras, o Reverendo Kenneth E.Hagin, em sua obra intitulada, nada mais nada menos que “Pensamento certo ou errado”, elenca onde e de que forma nas escrituras poderá o crente orientar sua forma de pensar no que ele chama de “crer e confessar”.
Ora isto nada mais é do que a base filosófica de todos segmentos norte-americanos acerca do pensamento positivo. Se as correntes do pensamento positivo ( existem muitas ), ou os pregadores da prosperidade, beberam todos eles na fonte que é a palavra inesgotável de Cristo, que diferença faz ? Como saberemos de fato qual a origem da palavra do pensamento positivo que invadiu os EUA na década de 40, se foi ou não inspirada no evangelho ? Como saberemos se a pratica do crer e confessar que se instalou nos pregadores de broadcast norte americanos da mesma década de 40 foi ou não influencia dos pensadores das filosofias de pensamento positivo ? Não há mesmo uma forma correta de identificar a questão. Os pregadores da teologia da prosperidade, negam invariavelmente qualquer influencia sofrida em sua pregação dos tais movimentos, os opositores da teologia da prosperidade ( principalmente Hank Hannergraff ) apontam de forma explicita que tudo o que há hoje acerca da teologia da prosperidade tem intima ligação com os movimentos de confissão positiva. Não há como saber, restando a certeza de que ambos movimentos , seja como for, surgiram nos EUA nos anos 40, a partir de então foram se desenvolvendo em ambos os lados. Indubitavelmente, o movimento da fé pentecostal deixou para traz qualquer expressão das filosofias de confissão positiva que não chegam nem de longe perto do que acontece nas igrejas da prosperidade no que diz respeito a dinâmica do pensamento positivo.
Não é possível fechar esta questão mas tão somente identificar sua intima correlação entre a pratica da confissão positiva, esteja ela participando de um sistema de filosófico especifico ou não, e a pregação da prosperidade.
Em sua obra Pensamento Certo ou Errado, o irmão Kenneth apresenta na pg 8 uma defesa direta de sua doutrina com relação ao que ele chama de “religiões metafísicas” ou de “ciências da mente”, alega em sua obra que pessoas confundem seus ensinamentos de confissão positiva com tais religiões. Ora acontece aqui o que falamos acima, Hagin faz sua defesa previa do que é indefensável, posto que ambos ensinos são os mesmos, o de Hagin e o das religiões metafísicas. A referencia é precisamente “new touthgt methafisics”, que foi a febre do pensamento positivo nos EUA entre os anos 40 e 50. Pensar de forma pendular neste assunto é cair em um extremo ou outro. É inegável que Bíblia tem muito a dizer sobre a mente, sobre a confissão feita pelo crente e pelas conseqüências desta confissão. Negar a doutrina bíblica em detrimento de exageros cometidos por pregadores que acabam por desvincular a pratica da religião bíblica de seu cerne, Jesus Cristo de Nazaré, é um erro tão grande quanto quem faz tal coisa. A expressão “lavagem celebral” com relação a novos cristãos ficou bastante conhecida como que se referindo ao processo de fanatismo que passa a atingir a vida do novo cristão. Na verdade os ensinos bíblicos tem muito a ver com uma lavagem cerebral , não no que diz respeito ao método de terapia médica, mas no sentido de limpar a mente dos pensamentos negativos e de derrota, em troca incutindo pensamentos de vitória, positivos, de esperança, de salvação do corpo e da alma. A própria pregação de Cristo é algo bastante arrojado no que diz respeito ao pensamento positivo. O que pode valer mais ao ser humano quando visto de forma integral, holistico ?
A idéia da doença e do sofrimento pode habitar no ser humano que mergulhado em sua tragédia pessoal, aguarda o fim. De outra forma temos a mensagem de que Jesus ( o mesmo poderoso da Galileia) que se dinamiza na mente e emoção de certo crente ,que crendo espera que por fim irá ressuscita-lo da morte. São dois quadros bastante diferente e que inegavelmente geram diferentes conseqüências nas pessoas que as recebem . Visto desta forma a pregação do irmão Hagin, com grande ênfase na confissão positiva é algo de muito bom para qualquer ser humano.
Por outro lado o exagero de Hagin em não aceitar doenças é um conceito que percorreu todo o mundo evangélico, em todos continentes, e penetrou mesmo as mais tradicionais congregações cristãs. O que hoje parece ter existido desde sempre nas igrejas, não foi sempre assim. Havia em um evangelho mais antigo a idéia de aceitar o sofrimento , a doença e a dor, um tipo de resignação mórbida quase lembrando a idéia do “ já morri”. A mensagem inspiradora de Kenneth Hagin, mudou este quadro, não mencionando os exageros, lançou a perspectiva da mensagem cristã em um acordo com a energia emocional inicial bem apresentada nos textos bíblicos, principalmente no Novo Testamento. Hagin contudo também explora bem a exposição de confissão positiva elencada no Antigo Testamento. Como boa parte dos pregadores da prosperidade Hagin também se apresenta como alguém que teve contato pessoal, por meio de aparições , como próprio Jesus Cristo, o que sempre exerce um tipo de descrédito na mensagem do pregador. Mesmo assim o ensino de Hagin foi grandemente difundido a partir de seu ministério de ensino, o Rhema, hoje presente em varias denominações e continentes. Os ensinos de Hagin dizem respeito principalmente a salvação da alma, e a cura do corpo, tudo intimamente ligado a pratica de confessar o que se crê e o que se espera alcançar. Sem sombra de duvida um dos grandes autores e pregadores da prosperidade em nosso século. Sua doutrina se resume principalmente na ênfase dada ao trinômio de forma diretamente associada a pessoa de Cristo : pensar , crer e confessar.
6.3- T.L. Osborn
Alguns homens deixam sua marca pelo que fazem, outros pelo que são, este é seguramente o caso do Dr.T.L.Osborn, que apartir de 1945 começou a atuar como missionário na Índia, nunca mais parando sua atividade. Autor de varias obras que alcançaram em todo o mundo a marca de mais de dois milhões de copias , traduzidos em mais de cem idiomas. A simplicidade é a marca deste que é um dos pioneiros da pregação da prosperidade, apresenta ênfase em um estilo de vida abundante não necessariamente ligado a questão financeira. Osborn não ignorada o assunto das finanças no que diz respeito a prosperidade bíblica, mas não é o tópico pelo qual ficou conhecido. A ênfase do ministério Osborn bem como sua pregação diz respeito a cura divina. Existem charlatões em todo o campo da atividade humana, mas certamente não é este o caso. Basta ver algumas das fotografias antigas, e filmagens feitas ainda em preto e branco na velha câmera 8mm para constatar nas multidões de centenas de milhares que em todo o mundo se aglomeravam para ouvir o que este pregador chamava de “nova vida de milagres agora”, o que também ficou sendo o titulo de um dos seus livros mais circulados em todo o mundo . A noção deturpada de pregação da prosperidade que conhecemos hoje, como já foi visto , se deu por motivo de alguns pregadores contemporâneos principalmente no Brasil como o Bispo Edir Macedo e outros da mesma linha teológica. Entretanto com T.L.Osborn temos uma mensagem de esperança para qualquer pessoa, independente de credo, religião, cultura, que se torna irresistível sem tornar-se ecumênica.Um dos pontos da prosperidade pregada por T.L.Osborn, é de que “todas as demais tentativas de aproximação ( religiões ) de Deus, são futeis e sem valor” . Nisto não pode ser dado louvor a T.L.Osborn quando ele resume toda a cultura religiosa da humanidade, em todos os tempos, a expressão “procura fútil da humanidade pela divindade” ( pg 176 da obra Uma Nova Vida de Milagres Agora). Mesmo assim isto não torna sem valor a obra que é o ministerio da prosperidade em T.L.Osborn bem como sua pregação rica em abordagens bíblicas e praticas da vida, de ensinos cristocentricos, em exercício da confissão positiva, em esclarecimentos ético-morais , em mensagens ao povo, e sobre tudo no cuidado e atenção que Osborn em toda sua vida dispensou aos mais pobres.
Nunca em uma cruzada Osborn foi apresentado mensagem que pudesse sugerir ao pobre que este era pobre por sua falta com Deus ( ensino típico da teologia da prosperidade contemporânea ) , Osborn apresentava sempre um caminho de esperança em Cristo para o pobre, enquanto pobre mesmo, bastante diferente das pregações contemporâneas completamente deturpadas onde o pregador sugere que o pobre é pobre por falta de fé, que os empregados devem deixar de se-lo para se tornarem patrões, que anda de ônibus que não tem fé para ter um carro, etc... Ensinos tais que penetraram desta forma os mais tradicionais ministérios principalmente no Brasil ( a partir do Brasil avança para o mundo em todas as direções ) sempre aliados ao movimento neo pentecostal e pregadores carismáticos. Esta movimentação causa danos ao evangelho por levantar suspeitas , promove assim um eclipse das verdades bíblicas sobre a prosperidade. Percebendo que há algo que não faz sentido nesta mensagem distorcida da prosperidade, boa parte dos cristãos joga para o fundo de um baú empoeirado qualquer coisa que se pareça com pregação da prosperidade ( deixando de ser abençoado pela verdadeira doutrina) bem como assustando e afastando de vez aqueles que ainda estão por serem alcançados pela mensagem salvadora de Cristo.
Na pg 38 de sua obra Uma Nova Vida de Milagres agora, T.L.Osborn apresenta claramente seu conceito de prosperidade bíblica, ao qual pregador algum dos mais equilibrados teria qualquer acréscimo a fazer :”De acordo com as Sagradas Escrituras, ser salvo significa ser perdoado, absolvido , resgatado, sarado e curado física , mental e espiritualmente, ser preservado, protegido, guardado e próspero, ter vida em abudancia, ter vida eterna, experimentar uma nova vida de milagres agora.”
Note que ao apresentar seu conceito de prosperidade bíblica, para salvação , Osborn considera ser bem sucedido em todos aspectos da vida demonstrando uma certa afetação, um algo de não aceitar as doenças. Neste ponto o ilustre Osborn ignora os relatos bíblicos apostólicos de vários seguidores e ajudadores dos apóstolos que se encontravam em enfermidade, o mesmo sendo considerado sobre o próprio apostolo Paulo, que para muitos estudiosos tinha graves problemas de saúde. Fora este pormenor do não aceitar doenças ( características de grande parte dos pregadores da prosperidade) fica também de forma muito interessante e oposta a pregação da prosperidade mais habitual, que Osborn sequer cita aqui a questão de ser rico, ou alcançar bens financeiros, o que não significa que em sua doutrina Osborn tenha excluído este aspecto, apenas não lhe parece tão importante. Menos mal.Já na pg 53 da mesma obra, se por um lado Osborn não apresenta o “ficar rico”como um alvo , ele deixa claro que a prosperidade de Deus envolve “ficar livre da pobreza”, isto também se torna um exagero frente a realidade da vida. Há muitos pobres, que tem sua condição perpetuada pelo sistema financeiro, estatus quo, etc... isto dificilmente será revertido na vida de muitos crentes fieis em Jesus .
Esta pregação afetada quando se faz referencia a pregadores da prosperidade é quase sempre um ponto comum em todos eles, o absoluto de ser bem sucedido que simplesmente não combina com a existência humana, com a tragédia que é a vida humana para a maior parte da população do mundo. Desta forma Osborn está longe de ignorar a questão financeira, apenas não faz desta questão um ponto de enriquecimento ou estimulo para se ganhar dinheiro através de supostos mecanismos espirituais financeiros de dar e receber.
Outro ponto maravilhoso da doutrina da prosperidade em Osborn encontra-se na mesma obra na pg 138. Osborn declara explicitamente que “não é preciso fazer coisa alguma, pagar qualquer tipo de preço adicional, ...dar ofertas, ...oferecer sacrifícios, a fim de soma-los ao que Cristo fez para redimi-lo do pecado....Nunca faça qualquer coisa ou ofereça sacrifício...Creia que o sacrifício de Jesus na cruz foi suficiente... Suas ofertas ... não podem melhorar sua condição de salvação.”
Tais afirmações bastante esclarecidas são quase que opostas aos ensinos do Bispo Edir Macedo que sugere em seus ensinos a necessidade de darmos ofertas de todos os tipos e financeiras para se fazer a manutenção da salvação, inclusive elencando as ofertas financeiras como tipo de sacrifício. Desta forma temos uma abordagem no ensino da prosperidade diametralmente inversa entre dois grandes nomes da teologia pratica. É possível fechar esta questão ? Em penso que não, pois são dois homens bastante capazes ensinando a mensagem de Jesus Cristo da forma que entendem, ( não há duvida que o Bispo Edir Macedo prega em suas reuniões o evangelho de Jesus Cristo) cada um com suas diferentes abordagens. Por outro lado Osborn alega, da mesma forma que Hagin e Benny Himm que varias aparições de Jesus Cristo se deram em suas reuniões pelo mundo afora, bem como teria Jesus aparecido para ele próprio. Isto já não acontece nas mensagens do Bispo Edir Macedo.
MODELOS DE IGREJA
Um aspecto maravilhoso elencado na mensagem de T.L.Osborn é o da Igreja enquanto congregação dos salvos necessaria a manutenção da fé cristã e seu fortalecimento. O texto chave desta mensagem se encontra em Hb 10:24-25, onde muitos pregadores adotam esta passagem para garantir legitimidade biblica no controle exagerado que fazem dos frequentadores de seu culto. Quando Paulo disse “não deixando a nossa congregração” na referida passagem, como muito bem explica T.L.Osborn o apostolo não quis dizer esta ou aquela igreja, mesmo porque não existiam denominaçoes evangelicas naquele periodo em que a carta de Hebreus foi escrita. O apostolo se refere a necessidade que tem o crente de estar congregado com outros crentes, de uma forma ou de outra. Isto interrompe o monopolio da fé onde lideres evangelicos vão dizer aos seus seguidores até quem devem ou não namorar, e quando casar.
Este modelo já caiu por terra a muito tempo. Não faltam exemplos de lideres evangelicos extremistas que enquanto conduziam seu rebanho no mais extremo rigor de controle chegando a influenciar em decisões de negocios dos quais pouco entendem, levavam vida secreta e dissoluta, coisa que sempre vem a tona de uma forma ou de outra. A biblia não é um livro para controle dos cristãos mas para fortalecimento e esclarecimento. A congregação também não é um grupo destinado a controle dos seguidores de Jesus, mas para fortalecimento mutuo, crescimento na fé, evangelização daquele que se aproxima. Osborn no capitulo 22 de sua obra “Uma nova vida de milagres agora”, faz um dos mais belos discursos a favor da igreja , apresentando sólidos motivos e argumento biblico de o porque deve o crente frequentar a igreja.
Osborn esclarece seu conceito de congregação como estando muito além do palido entendimento de que igreja somente pode ser aquela devidamente instituida e certificada pela existencia de um corpo devidamente registrado e orquestrado. Normalmente neste modelo de igreja neo pentecostal um lider dá as regras do bom viver decidindo os casos mais bizzarros da vida humana. Um seguidor chega ao absurdo de consultar seu lider para fazer ou não um negocio, comprar ou não uma casa, enquanto a esposa se questiona que religião é essa ?
O apostolo Paulo adverte que nossa liberdade foi comprada por bom preço, por preço de sangue. Esta pratica de controle dos crentes não é coisa nova na cristandade, vem desde o principio. Quem ama não controla, mas ensina, admoesta, aconselha, e acompanha seja qual for a decisão do crente. Osborn chega a apresentar o modelo possivel de congregação bastante underground ( alternativa ) quando afirma em sua obra que caso o crente não encontre uma igreja ( congregação ) por um motivo ou outro que lhe agrade que passe a estudar a biblia sozinho e que receba em seu estudo todos quantos Deus lhe enviar. Ora isto é uma afirmação poderosa que relaciona o Espirito da liberdade e santidade que no crente habita. Se é o Espirito de Deus que em nós habita, então em tudo estamos supridos como diz o apostolo Paulo.
O modelo de igreja apresentado por Osborn não afirma a não existencia da congregação dentro da igreja denominacional conforme a conhecemos, pelo contrario fortalece este modelo e leva a vida cristã para além das paredes denominacionais quando a Escritura afirma “ quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, ali Eu estarei...”. Osborn defende e ensina que o crente precisa de estar reunido com outros crentes para crescer e se fortalecer, mas deixa claro que o crente traz em si mesmo o Espirito de Deus, e uma fonte de agua viva. Seja como for a partir de um ajuntamento de crentes ( congregação ) já existente ou a partir da propria devoção pessoal, Osborn nos ensina a estarmos congregados ( dentro ou fora de uma denominaçao existente ) em o nome de Jesus, para nosso crescimento, fortalecimento, louvor, oração , apreendizado, consolação, alegria .
Parece mesmo que T.L.Osborn previu o que aconteceria nestes dias da virada do milenio quando um novo conceito de congregação se torna cada vez mais popular no Brasil e no mundo. No meu caso eu chamo de Igreja Underground ou alternativa, nos Estados Unidos da America são chamadas tais congregações de Nondenominational church ( Igreja não denominacional) e alguns observadores da teologia dizem no Brasil que são as igrejas familiares, ou que se reunem em casa. Seja como for tem se tornado uma realidade pequenos grupos não maiores que 50 irmãos, se reunem nas casas para estudar a Biblia, ter comunhão e participar da Ceia do Senhor. Isto nos remete a igreja dos dias apostolicos, do livro de Atos, parece que T.L.Osborn se adiantou em seu tempo quando previu a legalidade e a conveniencia de tais congregações.
IGREJA UNDERGROUND
Neste ponto somos forçados a um comentario breve sobre o que tem sido chamado de movimento underground cristão. Grupos de cristãos geralmente voltados ao tipo de musica rock, com toda sua indumentaria, estilo, costumes e modo de viver, encontram aqui plena realização ao compartilharem do seguimento de Jesus como padrao a ser vivido sem deixar de lado o estilo de vida caracteristico do seguimento. Outra denominação para o tipo de igreja é o de tribos urbanas, que faz referencia ao fenomeno contemporaneo urbano, onde jovens se agregam a fim de encontrarem paradigmas de sua propria cultura e jeito de entender o mundo ao seu redor.
Nos varios tipos de tribos urbanas se definem peculiariedades, tem-se desta forma os emo, os black metal, punk, goticos, extremos, skinhead, glam, heavymetal, metaleiros, etc...Cada estilo faz menção a um tipo de rock ou metal, e possui regras de comportamento na maior parte das vezes não mencionada, mas subentendida na forma de vestir e falar. As igrejas underground ou de missões urbanas se destinam a congregar estes que pertencem a uma destas tribos, ou a partir de um nucleo comum a evangelizar estes que alguns sugerem, seriam a ultima fronteira a ser alcançada ( no entendimento de missão evangelica ).
Incialmente contestada pela maior parte das grandes denominações evangelicas agora cada vez melhor recebida e ententendida pelo povo evangelico, onde se percebe que a palavra de Jesus não está presa a conceitos pre formulados, mas se estabelece onde quer que deva chegar a fim de anunciar a salvação de Deus aos homens. Pelo Brasil e pelo mundo , nos ultimos dez anos, cada vez mais ministerios underground se estabelecem no cenario de missões . No Rio de Janeiro temos principalmente o Metanoia, tendo a frente o Pastor Enoque Galvão , faz evangelizmos de impacto nos termos dos lugares onde dificilmente outro ministerio teria qualquer acesso, tais como grandes eventos de rock e conhecidos lugares de frenquencia do mundo underground rock carioca. No Rio também a comunidade S8, onde acontece o encontro das tribos, que veio a tornar-se uma referencia no ministerio underground cristão em todo Brasil e o mundo. Não podemos deixar de mencionar o esforço do Tribal Generation organização mundial que tem suas bases também em terra brasilis. Em São Paulo temos inumeros ministerios underground, entre eles o Crash Church, o CMF, e outros.Em Minas Gerais destaque para o Caverna do Rock e para Avalanche Missoes Urbanas. Pelo Brasil afora não são mais contaveis os nomes que surgem e as vidas por traz destes nomes, que se colocam no seguimento de Jesus Cristo de Nazare, com muito rock e louvor.
Além de igrejas underground propriamente ditas, temos também as bandas de rock cristão que se tornaram em ministerios por si mesmos onde toda uma movimentação caracteristica faz com que uma comunidade cristã se desenvolva ao redor. É o caso do Ministerio Metal Nobre, tendo a frente o irmão JT vocalista e lider do grupo, bem como do Igreja das Américas-Chrstian Rock Ministry, do qual sou eu o pastor. Na europa varias bandas de rock cristão já tem suas reuniões proprias para ceia , comunhão e estudo da Biblia, o que parece ser uma tendencia a ser seguida pelo mundo afora e no Brasil. As igrejas historicas tem recebido cada vez mais os eferventes membros dos ministerios underground, demonstrando assim grande maturidade e conhecimento da doutrina de Jesus.
Algo que causa certa curiosidade nos ministerios underground, é o que eu chamo de Teologia do Caixão, ou Teologia da Morte. Os simbolos do evangelho primitivo referentes ao sinistro e a morte, tem sido descritos com maior enfase a fim de serem utilisados como estrategia para alcançar a mesma simbologia usada juventude envolvida no rock contemporaneo da tendencias ao sinistro e ao morbido. Para o evangelho de Jesus a sepultura vazia, o sangue derramado, e a cruz, significam vida e ressurreição. Para os participantes do movimento de rock contemporaneo, simbolos como cemiterio, caveira, e a cor preta, significam um tipo de revolta contra o sistema ou não aceitação do mundo como ele é . Tal fenomeno possivelmente tem a ver com a juventude pos punk da Alemanha no pos guerra, onde uma verdadeira frustração tomou conta dos jovens culminando no movimento punk. Também o que hoje se chama vulgarmante de gotico ou goticismo, talvez tenha suas raizes remotas no movimento pós romantismo, da arquitetura e das artes na frança e que mais tarde se arrastou por outros lugares do mundo.
Entender o fenomeno do morbido e do sinistro que tomou conta dos jovens no mundo, é tarefa bastante complicada. As super produções envolvendo vampiros e homens lobo parecem ficção aos olhos do mundo leigo. Na verdade pouco tem de ficção se for examinado mais a fundo a rotina dos jovens envolvidos em tribos urbanas , quando em muitos casos há relatos já em jornais de grupos de jovens ouvintes de rock, vestidos de preto, envolvidos em suicidio, sacrificio humano, rituais bizarros envolvendo animais e ingerindo grandes quantidades de sangue humano. È preciso tomar muito cuidado com as tais superproduções de vampiros herois, romantizando o sinistro e o morbido, onde se cumpre a palavra do profeta biblico quando diz “ dirão da morte eu sou sua amiga e da sepultura voce é minha companheira, com a morte fizeram aliança...”.
Neste caso os ministerios underground mostram a que vieram, cumprir a ordem do Cristo ressuscitado que ordena “vão a todos os povos , e tribos ... e proclamem este evangelho”. É desta forma que neste modelo de igreja previsto por Osborn, uma volta ao principio, surgem os ministerios e igrejas underground, para cumprir de forma apropriada o anuncio do evangelho, indo onde outras igrejas e ministérios dificilmente poderiam chegar.
Vale ainda dizer sobre os ministerios underground, que o grito da teologia da prosperidade e seus apelos para a riqueza financeira e material não alcançaram exito em corromper os sentidos do christian rock. Efetivamente a teologia da cruz permanece soberana no rock cristão, desde os pioneiros como a banda Stripper , passando pelo Petra e mais recentemente por projetos como Narnia, Metal Nobre, Oficina G3 e tantos outros. O ministerio underground cristão permanece firme em sua origem e identidentidade na vida real, na salvação que há em Jesus, na mensagem da cruz e do evagenlho dos antigos, graças a Deus por isso.
Até hoje não conheci em nenhum outro lugar um conceito de igreja e congregação tão completo e livre como o apresentado por T.L.Osborn. Eu creio que se hoje vivo uma vida de alegria e prosperidade , e paz e justiça, isto devo em parte aos mais de quinze anos em que estive congregado em igrejas denominacionais. Nestas igrejas pude receber de tudo um pouco no fortalecimento de minha vida espiritual e acima de tudo um intenso amor por parte de irmãos na fé e pastores .
Não existem igrejas melhores que as outras, existem igrejas cristãs para publicos diferentes. Uma apresenta o louvor com hinos da harpa, outras com cançoes sertanejas, outras com corinhos de fogo e assim por diante, a que eu admiro e me sinto bem é o Bola de Neve Church que faz o louvor com rock e com reagee. Como no estilo do louvor existe variaçao de igreja para igreja, também na abordagem, no estilo, na roupagem, no tipo de culto, tudo isso vai variar de lugar para lugar, de cultura para cultura , de grupo social para grupo social.Desta forma toda igreja cristã onde a biblia é ensinada e pregada é apta para promover o crescimento e fortalecimento da vida cristã, bem como o anuncio do evangelho de Jesus na terra, não importando o quão diferente seja esta igreja das outras.
O ritmo que para alguns evangelicos intolerantes pode significar pecado contra Deus por idolatria, lá na Africa pode ser o mais belo hino de louvor a Deus, de fato pouca diferença se ve em uma religião de matiz africana para um culto evangelico em solo africano, no que diz respeito a forma do culto. Resta ao crente encontrar aquela igreja onde a biblia é pregada e ensinada, onde melhor determinada pessoa possa se sentir no que diz respeito as praticas de culto. No momento em que algum seguimento cristão se acha melhor que outro, é a hora em que Deus permite sua queda , mesmo que momentanea. A vaidade é quase sempre aviso da queda eminente.
Entendo que as muitas igrejas e ministerios existentes são parte de um mesmo exército onde o sabio general posiciona suas tropas habilmente de forma a alcançar seu objetivo. Nesta guerra contra o mal, o general Jesus Cristo tem como objetivo a salvação da alma humana e da criação. Ele posiciona suas hordas como bem Lhe apraz. Nem sempre a ordem do general agrada ao soldado ou aos seus oficiais, mas sabendo de quem vem a ordem a tropa obedece confiante, na certesa da vitoria. Esta vitoria é a vida eterna. Este exercito vai ter varias peculiariedades que variam de pelotão a pelotão, de companhia a companhia, de soldado a soldado, de armamento a armamento, mas um só é o general, uma só é a guerra.
Entender esta dinamica da guerra contra o mal, é importante para que o soldado cristão possa combater o bom combate sem cair no absurdo do fogo amigo ( expressão de guerra quando uma tropa atira contra ela mesma ) . Há um ditado costumeiro no meio cristão que dói só de ouvir : “ os cristãos são o único exercito que derruba seus proprios soldados”. Não aceito isso facilmente, não gosto de ouvir alguem falar. Mas se de fato isto ocorre é por desconhecimento de causa, é o preço que a cristandade paga por seus lideres neo pentecas contemporaneos não fazerem seu dever de casa estudando a teologia. Poder ver na diferença de outro ministerio a riqueza do dom de Deus e sua multiforme graça é algo nem sempre facil de se perceber. É somente conhecendo a historia da igreja cristã e como chegamos até aqui, que pode-se vislumbrar a potente mão de Deus guiando sua noiva e a preparando para o grande dia.
Para T.L.Osborn a integração da vida cristã na congregação é parte de um conceito de prosperidade mais abrangente e completo. Sem duvida podemos ter em Osborn uma referencia para o conceito biblico da prosperidade que Deus reserva para o homem.
T.L.Osborn, sem duvida um dos grandes pregadores e autores da prosperidade em nossos dias, tanto no Brasil quanto fora do nosso pais, este missionário realizou uma grande obra de alcance em todas esferas sociais, principalmente aos pobres, com uma mensagem de esperança, de paz, de salvação, de mudança, para a melhor, para Jesus Cristo de Nazaré.
Outro nome que não pode e não queremos deixar de fora desta reflexão é o de R.R.Soares, evangelista e missionário que detem atualmente o maior índice de exposição na TV brasileira, sendo que tanto R.R.Soares como Edir Macedo, foram diáconos na Igreja de Nova Vida do bispo Roberto MacAlister, onde foram iniciados tendo seguido caminhos diferentes : Edir Macedo parece ter criado sua própria doutrina de sacrifícios financeiros adotada hoje consciente ou inconscientemente por vários ministérios, e R.R.Soares abraçando de corpo e alma a doutrina de Kenneth Hagin, T.L.Osborn, seus cursos, livros e pregações.T.L.Osborn esteve já na Igreja da Graça de R.R.Soares, sendo suas obras ( dos dois missionários ) sistematicamente publicada pela editora da Igreja da Graça de R.R.Soares no Brasil. É o que veremos a seguir.
6. – R.R. Soares
Como já dissemos anteriormente não é o caso de ignorar a existencia de certo posivitismo nas palavras biblicas, tanto em Jesus como antes é facil perceber que a palavra de fé , de esperança, de salvação, a propria mensagem biblica está sempre permeada de um tipo de confissão positiva. Ora é bem tipico deste grande pregador que conhecemos por R.R.Soares a pregação do evangelho de Jesus Cristo aliado a certa dose de confissão positiva. E nisto não posso ver nada de errado, sendo mesmo uma concordancia com o tipo de mensagem que nós encontramos em toda a bíblia.
Há quem diga que R.R.Soares é o pregador que mais exposição de tv possui atualmente , isto é, o que mais aparece em televisão. Particularmente gosto muito dos corinhos antigos com que abre seu programa “ O Show da Fé”. São cantigos da igreja de muitos anos passados que considero do melhor equilibrio teologico possivel, muito ao contrario das atuais musicas cantadas nas igrejas neo-pentecostais, a saber : uma especie de poprock no estilo Hillsong, onde tudo é “faz chover”, “passa um rio”, “vai acontecer”, “ o meu milagre chegou”, “ a minha sorte vai mudar”.
Me lembro bem das vezes que eu frequentei com meu pai o Pr Ramis Rahal, os encotros e retiros da Igreja Metodista Wesleyana, ou mesmo da Assembleia de Deus, onde hinos muito antigos faziam sempre menção de um evangelho simples, onde a mensagem da cruz era apresentada com uma dose bastante equilibrada de confissão positiva, de otimismo , etc...A musica que hoje abre o programa do evangelista R.R.Soares, “Estou seguindo a Jesus Cristo”, é um bom exemplo disto ( gosto muito). Em fim temos na pessoa do evangelista R.R.Soares uma referencia da mensagem positiva do evangelho e do tipo de pensamento que deve abrigar a mente de quem já está em Cristo : o de ser nova criatura.
Não é entretanto por ser admirador deste nobre evangelista e famoso pregador do evangelho que posso me esquivar de apontar alguns pontos de sua obra “Como tomar posse da Benção”. Trata-se de um tipo de reprodução do pensamento de T.L.Osborn, para uma vida positiva, seguindo inclusive a exposição do livro um mesmo estilo de esposição de ideias que a obra de Osborn. Se por um lado Soares não dá o desgosto de enfatizar em seu ministério da fé a arrecadação financeira, não faz por menos ao seguir tão de perto as ideias de Kenneth Hagin que chega ao exagero de afirmar que o crente deve lutar contra os pensamentos negativos, como se estes fossem o inimigo. Ora Paulo Apóstolo nos afirma que o inimigo é o diabo e suas hostes, e não os pensamentos negativos.
Fosse a condição de pensamento ( positivo ou negativo) o fator determinante da vida cristã, então para que morreu Cristo na cruz ? De fato R.R.Soares comete um exagero na sua doutrina positivista, deixando o mestre Pr.Silas Malafaia, no “chinelo”. Dificilmente algum pregador da prosperidade no Brasil dará mais enfase ao pensamento positivo do que Soares. É como as ideias de Keneth Hagin ( confissão positiva ) e T.L.Osborn ( cura divina ) tivessem sido amplificadas na doutrina de R.R.Soares na mesma proporção que Macedo “amplificou” as ideias apresentadas pelo Bispo Roberto. Eu disse amplificou ? Me perdoem a má colocação, na verdade Macedo alterou a mensagem de Roberto MacAlister ao passo que R.R.Soares tão somente amplificou a doutrina original de seus mestres.
Precisamos entender que certa dose de confissão positiva está presente no evangelho, e devemos manter desta forma, que entretanto não podemos substituir o evangelho de Jesus pela confissão positiva ou corremos os riscos de anular a mensagem de Cristo e suas benesses , anunciando e vivendo “outro evangelho”. Sim, o evangelista R.R.Soares faz um otimo trabalho, conheço muitas pessoas que foram abençoadas pela pregação televisiva de Soares, suas igrejas entretanto não chegam nem perto da virtude que emana deste pregador, que de alguma forma não conseguiu reproduzir nas igrejas de seu ministério o mesmo tipo de confissão presente em seu trabalho, o positivismo cristão. Uso esta expressão sem saber se outra pessoa já tem feito uso, mas é assim que vejo um tipo de “positivismo cristão”. Não há grandes males neste tipo de comportamento teologico, desque seja mantida certa descrição.
Uma outra caracteristica positiva na obra de R.R.Soares é a simplicidade de seu ministerio. Ele é uma figura simples e agradavel, também sua assistencia, seus pastores, etc...Ve-se claramente que trata-se de um autentico pregador do evangelho de Jesus Cristo, dotado de grande amor pelas almas. Apesar de seu exagero positivista e sua não aceitação pelas doenças ( terrivel engano) é facil perceber o grande amor do evangelista R.R.Soares pelas vidas que sofrem. Neste caso sua mensagem é tudo de bom. Quem sofre quer agua fresca, e muita.
Os ensinos do evangelista R.R.Soares, apesar de acrescentarem a sua plateia ( modelo igreja-auditorio) dose importante de otimismo biblico, não é nada original quando sugere que o homem não é uma “sombra que hoje está aqui e amanhã já não está...” como diz o salmista. A apresentação que Soares faz da criatura humana é de um ser de grande valor, pelo qual foi pago um alto preço. Este alto preço de redenção teria sido pago não nescessariamente pelo grande amor de Deus, mas pelo alto valor a que se distingue a figura humana. Esta forma de pensar fica bem apresentada na pg 09 de sua obra “Como tomar posse de sua Benção”: “ E , se o preço pago foi alto, é porque o nosso valor é grande”. Ora o que aprendemos desde crianças na escola dominical das denominações mais tradicionais do mundo evangelico no Brasil e no mundo é exatamente o contrario. Somos criaturas pequenas diante do criador exelso. Pecadores e perdidos sem Deus e sem Jesus, até que um dia Ele estendeu sua mão para nós , conforme diz o antigo hino. Talvez o evangelista devesse prestar mais atenção nos hinos que tanto admira.
A fixação de R.R.Soares em uma vida vitoriosa faz seus 50.000 leitores ( 50.000 copias impressas de seu livro Como tomar posse da Benção ) desviarem o foco da vida cristã. Jesus ensina que temos por obrigação carregar nossa cruz, e Paulo Apostolo diz que sabe viver no muito e no pouco, de todas as formas, na riqueza e na pobreza, e sabe estar bem em todas adversidades. Mas R.R Soares diz na pg 10 de seu livro que enfrentar situações adversas sem resposta de Deus é “ amargar com lagrimas a falta de resposta de Deus.” Viver em Cristo e por Cristo é muitas vezes exatamente enfrentar situações adversas sem a resposta de Deus, isto é, viver por fé. Segundo o evangelista não ser bem sucedido em tudo é um tipo de falta de conhecimento que o crente tem com relação a Deus.
É bastante explicito o objetivo da obra de R.R.Soares, quando na pg 11 de sua obra ele começa o paragrafo se referindo ao ponto de partida para obter o “sucesso”. Afinal a vitoria para R.R.Soares é obter sucesso ? Bem não é assim que funciona comigo e com o evangelho a moda antiga. A vitoria para aquele evangelho dos hinos antigos, é ser salvo em Jesus Cristo, nesta vida dos pecados, e no porvir alcançando a vida eterna. Mesmo que muitas adversidades possa o crente enfrentar nesta vida. Muitos aparentes não sucessos. Estar em Cristo é alcançar “paz , alegria e justiça no Espirito Santo”, e não simplesmente obter “sucesso”.
Ainda afirma o poderoso evangelista da televisão que é preciso ter determinação para se alcançar o sucesso que ele apresenta como meta da vida cristã. Ora, para que um empresario obtenha sucesso em seu empreendimento eu concordo que ele precise de boa dose de determinação, quanto ao crente penso que ele precisa de receber pela fé, a obra de Jesus na cruz do calvario, bem como seus ensinamentos em sua vida. A salvação é o sucesso da vida cristã, e é dom de Deus. Não precisa o crente de ter determinação para ser salvo, mas tão somente de crer , é pela fé que somos salvos e libertos por Jesus, não por determinação. Se eu desejar um livro de auto-ajuda eu compro. Se eu precisar de conselhos eu procuro um terapeuta, se eu quizer a salvação da alma eu tenho que receber a Jesus pela fé em minha vida. Assim eu creio.
Como não podia ser diferente, posto que os pregadores da prosperidade tem pouca ou quase nenhuma originalidade , R.R.Soares faz grande uso dos conhecidos versos da biblia completamente fora do contexto. Por exemplo em seu referido livro, na pg 17, ele apresenta Jo 14.13 ( “ E tudo quanto pedirdes em meu nome...”) para dar uma nova versão , alega que a palavra pedir deveria ser traduzida por determinar. Ora não vou me deter nesta colocação que penso ser conveniente ao positivismo. Prefiro ir no lugar comum do entendimento da teologia da prosperidade, onde os pregadores fazem uso comum do texto para garantir a obrigação de Deus em fazer tudo o que o crente pede ( no caso de Soares, o crente determina ). Se contudo o verso for examinado no contexto é facil perceber logo adiante no vs.16 que Jesus se refere ao Espirito Santo que seria enviado aquele que pedissem a Deus.
Tais interpretações convenientes dos versos biblicos são fato comum na rotina dos pregadores da prosperidade. Não é sem motivo que o mesmo evangelista faz um ataque direto a teologia quando chama de laboratorios ministeriais, as construções da teologia, e de sabios os doutores em teologia aplicando a palavra sabio, certo grau de ironia ( pg.95 da mesma obra) . É muito conveniente aos pregadores da prosperidade que pouco se conheça sobre teologia, pois no menor grau do ensino teologico seria perceptivel que nesta matematica da fé , sempre sai ganhando o lider da denominação que irá invariavelmente receber em sua conta bancaria parte dos dizimos e ofertas apresentados pelo povo. Faça chuva ou faça sol. Ao passo que o ofertante nem sempre receberá de Deus multiplicado tudo o que depositar na igreja. Esta é a realidade quer alguem goste, quer não. Os pregadores da prosperidade não gostam dos cursos profissionais de teologia, mas esquecem que a prosperidade biblica foi primeiro ensinada no Brasil por Roberto MacAlister, Mestre e Doutor em Teologia e outros titulos. Não é por acaso que a prosperidade biblica apresentada pelo Bispo Roberto MacAlister não foi um simples vento de doutrina mas sim um despertar da fé biblica com base nos mais profundos fundamentos do ensino da Escritura e do povo de Deus.
Outra consideração bastante comum na pregação da prosperidade no que diz respeito a cura é o não aceitar a doença. Ora se alguem ora para que o doente seja curado, e este não é, então não foi curado e temos a questão resolvida. Para R.R.Soares e seus discipulos, não funciona assim. Caso não ocorra a cura ensina o evangelista em seu livro Como tomar posse da Benção, que deve o enfermo continuar professando que foi curado, mesmo estando ainda doente. Veja só, se eu estou doente entendo que dizer que não estou doente é uma mentira. Neste ponto entendo que é um absurdo, e que muitas vezes pode ter consequencias desastrosas com consequencias graves. Há já relatos de processos contra igrejas da prosperidade em que movido por um convencimento do pregador determinada pessoa deixou de tomar medicamentos sofrendo consequencias graves em sua saude.
Eu creio no poder sobrenatural de Deus para curar, como ocorria no tempo dos apostolos da igreja de Atos. Isto não significa que por isso vou deixar de aceitar que por algum motivo ou por outro uma pessoa não foi curada. Deus não está atras de um balcão para fazer cumprir todos nossos pedidos como sugere a pregação da prosperidade ao retirar o verso biblico de seu contexto. É Pedro apostolo quem adverte que não sabemos pedir o que convem nem da forma certa. Pense comigo, que caos seria em nossa vida se Deus concedesse todos nossos desejos. Muitas vezes desejamos muito algo, que não acontece e na frente vamos entender que teria sido muito mal para nossa vida. Deus não nos concede todos os desejos. Deus não é o genio da garrafa, Ele é o Deus criador do céu e da terra e de tudo que existe e somente fará por nós aquilo que Ele saber ser bom.
Em seu livro na pg.19, Soares diz que pedir a cura é desnecessario. Outro absurdo. No leito de enfermidade, padecendo terriveis dores, como deixará o enfermo ou a assistencia da igreja de pedir a Deus a cura ? Ao invez disso sugere o poderoso evangelista que basta exigir a cura. Já pude testemunhar muitas curas de Deus em pessoas enfermas e em mim mesmo. Sempre pedi a Deus a cura, algumas vezes Ele concedeu, outra não. Sempre que eu orei pela cura de uma pessoa enferma, alcancei a paz. Diz o ditado popular “ estando com saude o resto está tudo bem”. Terrivel engano. Quantas pessoas tem saude “para dar e vender” e não tem um pingo de paz ?
O ministerio de R.R.Soares é quase que inteiramente voltado a cura do corpo, não foi este o principal legado de Jesus na terra. A salvação de Deus ultrapassa completamente a cura do corpo, mesmo porque após curado de uma enfermidade o ser humano, de uma forma ou de outra acaba morrendo. Há o relato dos leprosos que foram curados e não voltaram para dar glórias a Deus. Nem sempre a cura da enfermidade é a solução da vida humana. Deus possui uma economia e não desperdiça seus atos, antes cumpre tudo segundo Seu querer. Nós atendemos a determinação divina e nos conformamos com Sua vontade. Não é isso que R.R.Soares ensina, antes diz que o crente não pode se conformar com a doença. Pena que Paulo apostolo e seus alunos evangelistas não conheram R.R.Soares posto que varios deles tinham enfermidades citadas no texto biblico.
A confissão positiva de R.R.Soares é tão absurda que em seu livro já citado, na pg 43 ele cita que o crente não tem que sofrer “coisa alguma”. Ora que falta de conexão com a realidade, isto não é real, é uma ficção pretendida e que jamais será alcançada. As pessoas sofrem, o sol nasce para bons e para maus, no mundo teremos aflições, etc...
Para alguem que condena abertamente o estudo da teologia que não lhe seja conveniente o evangelista R.R.Soares acaba colocando seu pés pelas mãos ao atribuir significados de seu proprio entendimento a termos biblicos como “fé”, “coração”, “espiritual” e outros. Um verdadeiro festival de significados aleatorios completamente alheio a tudo o que é a ciencia da exegese. No fim afirma haver uma “fé mental” e uma “fé espiritual”. Vai ver eu não compreendo porque não sou espiritual, apesar de já haver orado e pessoas sido imediatamente batizadas com o Espirito Santo com manifestação de linguas estranhas, já ter ordenado e expulsado demonios ( muitos), já ter pedido a Deus e orado ( oração = petição) com imposição de maos e aplicação de oleo e ter sido o enfermo curado de cancer no pulmão, doutra feita uma criança ainda informe no utero materno sido curada, outra ocasião e usado em profecia em favor de um homem que estava pronto a matar seu pai, avisado em sonhos de viagens e todas sorte de acontecimentos, recebido o dom de falar outras linguas de anjos e de homens, e tantas outras manifestações do poder de Deus em minha vida, mesmo assim talvez eu não seja espiritual o bastante para entender esta teologia da prosperidade apresentada pelo Ilmo.evangelista R.R.Soares.
Bem se eu não sou apto a entender sua confissão positiva do evangelho, talvez o fosse o Bispo Roberto MacAlister quando era R.R.Soares seu diacono na Igreja de Nova Vida, assim como o foi Miguel Angelo e o hoje Bispo Macedo.
AS TRAGEDIAS NATURAIS
O que a biblia tem a dizer sobre as tragedias. Buscamos explicações para entender e dar alivio ao nosso sofrimento, precisamos de respostas que nem sempre estão disponiveis, nesta obra poderemos analisar alguns modelos de explicações, algumas opções de pensamentos diante do que revela e não revela a Escritura Sagrada. Por fim podemos tomar uma posição talvez um pouco mais equilibrada do que parece ser um fato marcado na existencia humana: as tragedias
Melhor de tudo, chega mesmo a ser impagavel. A historia que Soares conta em seu livro da mulher que vivia ao pé de um morro, onde todos os dias ao chover caia barranco.Esta mulher um dia sem aguentar mais orou ao monte para que se movesse dali, o que não aconteceu. Soares termina a historia naturalmente dizendo que tal mulher não tivera fé.
Eu me pergunto como a teologia da prosperidade de R.R.Soares e outros responde a questão dos crentes que morrem nas enchentes e tragedias naturais como a que se abateu em Nova Friburgo, em janeiro de 2011. Onde dezenas de crianças filhas de crentes morreram soterradas ( o soterramento é uma das formas mais dolorosas e sofridas de morte onde após sofrer inumeros ferimentos fisicos a pessoa acaba por fim morrendo por asfixia mecanica ) juntamente com seus pais e toda sua familia. Será que os pais estávam em pecado ? Ou não praticavam um tipo de confissão positiva propria de um crente ?
A teologia da prosperidade não resiste ao menor acidente natural. Me refiro a enchentes, tsunamis, terremotos e furacões. Dá para imaginar a cena daquele pregador vitorioso que a custo de muita manipulação dos versos biblicos conseguiu retirar cada centavo da poupança de seus fieis, que entretanto apesar de todas promessas de prosperidade financeira proferidas da frente da igreja pelo pregador ao chegarem em suas casas , encontram a familia inteira soterrada, enterrados vivos. Todos os bens destruidos, casas, carros, veiculos, todo o estoque do comercio.
Interessante pensar em qual explicação um pregador da prosperidade apresentará aos seus fieis no proximo culto. Quando fôr perguntado ao irmão “Como foi ? Tudo bem ? Onde está sua esposa? Hoje teremos a campanha da reconstrução...” e o irmão responder, “Pastor , estão todos mortos...perdi tudo, perdi todos...só ficou eu...”.
Não consigo imgaginar qual resposta mirabolante estes pregadores terão para dar. Mas tenho certesa de que quem consegue perverter o texto biblico em todas as direções a fim de conseguir dizimos e ofertas cada vez maiores, conseguirá pensar em algo bem horrivel e mentiroso para se safar de tal situação. A verdade contudo é que a palavra de Jesus foi ‘ no mundo tereis aflições...” e não “ no mundo tereis alegrias...”. A teologia da prosperidade anuncia uma vida cristã sem sofrimentos, sem perdas, sem doença, sem pobreza. Bem diferente do evangelho da cruz onde o Cristo anuncia “cada um pegue a sua cruz e me siga”. O evangelho conforme é existe significa perseguições, sofrimentos, necessidades, dificuldades de toda a especie, em tudo isto, paz . A paz que Jesus oferece por sua mensagem e sua vida é diferente da que o mundo pode oferecer. Esta paz de Jesus não significa o não sofrimento, o proprio Jesus chorou ao ver Lazaro morto, chorou ao ver Jerusalem. Jesus sofreu em toda sua vida na terra, e também se alegrou. Este misterio que é a experiencia da tragedia humana, entrecortada de tristezas e alegrias. É nesta peregrinação que Deus se revela ao homem verdadeiramente encarnado com os apóstolos, cruxificado na cruz, e ressuscitado para sua glória.
O evangelho da prosperidade não resiste as tragedias da existencia humana, as tragedias naturais, as catastrofes, etc...O evangelho da cruz é invencivel, insuperavel, eterno e poderoso. O evangelho da cruz transmite , mesmo nos tempos de dificuldade, a paz necessaria para que os homens superem a dor da perda de seus entes queridos, a força necessaria para recomeçar suas vidas, reconstruir suas casas, encontrar novos caminhos e inspiração onde parece não haver mais nada. Como diz o hino: “Deus fará um caminho onde nunca existiu, um caminho Ele fará...”, e ainda outro diz : “ há esperança para o ferido, como arvore cortada , marcada pela dor...”. No evangelho da cruz a mensagem de Jesus é soberana, de sofrimento , de morte para a ressurreição, para a vida eterna que começa hoje em todo aquele que recebe a mensagem, e se lança na eternidade com Deus, por Jesus e pelo seu Santo Espirito, em amor eterno ao lado do Deus Pai.
A proposta de confissão positiva apresentada por Soares chega ao seu extremo quando na pg 79 de seu livro ele afirma que o crente “deve continuar dizendo a mesma coisa durante o intervalo necessario para a obra ser feita”. Mais. Soares chega a apresentar a confissão negativa como sendo um inimigo do exito na vida cristã ( pg 92). Isto lembra o famoso livro / filme “ O Segredo”, onde a autora afirma que o pensamento em coisas positivas atrairá para a pessoa que desta forma age todo o tipo de coisas boas ao passo que o pensamento negativo atrairá o mal. Deste tipo de ideia podemos pensar então que as tragedias naturais são provocadas por maus pensamentos... quem sabe até das crianças, já que as crianças são as primeiras a morrer nas enchentes e dasabamentos. Até quando pregadores do evangelho estarão submetendo suas igrejas a este tipo de pregação que não é do evangelho, mas sim da confissão positiva. Um terrivel engano , sem duvida.
De toda forma sabemos que grande parte da população que frequenta igreja precisa do que podemos chamar na expressão mais comum “ uma injeção de animo”. É exatamente isto que alguem poderá encontrar em uma pregação do Evangelista R.R.Soares. Conheço relatos de pessoas propensas ao suicido que após terem tido contato com a mensagem de Soares, se demoveram dos pensamentos de morte e hoje seguem em suas vidas normalmente. Não conheço um caso como este, mas varios. A obra de R.R.Soares é de fato uma obra de Deus.
Em noites de solidão pelo que atravessam muitas vidas, derrotadas pela trajedia que é a vida humana, pelos inimigos que ora são o proprio ser humano, ora a natureza, ou mesmo a propria pessoa, tais espiritos sofredores sabem que podem contar com uma mensagem de esperança e salvação facilmente acessada pelos programa de tv do evangelista R.R.Soares. Não há o que questionar além disto. O saldo da obra feita por R.R.Soares, em todo o Brasil, é positiva. É um homem serio que faz bem a pregação do evangelho de Jesus Cristo, e faz a muito tempo. Por meio da mensagem positiva de R.R.Soares, muitas pessoas entregaram suas vidas a palavra de Deus e a Jesus Cristo. Muitas pessoas ao terem contato com o ensino de R.R.Soares foram curadas de enfermidades. Este homem decidido e convicto de sua missão segue pregando o evangelho conforme apreendeu e acredita. Damos graças a Deus por mais esta obra que tanto tem abençoado o Brasil, da qual sou grande admirador, principalmente dos hinos...
6.4- Pastor Silas Malafaia
Tratar do Pastor Silas Malafaia é abordar diretamente a questão das Assembléias de Deus que quase involuntária mergulharam de cabeça na teologia da prosperidade na sua forma mais agressiva. A simples apresentação do nome que encabeça o ministério do pastor Silas Malafaia já diz muito acerca de sua teologia : Vitória em Cristo. Mais que isto nos apresenta a Bíblia lançada pelo ministério do Pastor Silas Malafaia que se intitula Bíblia da Batalha Espiritual e da Vitória Financeira. Ora o próprio titulo da Bíblia já informa a que tipo de vitória se refere o Pastor Silas Malafaia. Não quero dizer com isto que a pregação do evangelho possa rejeitar certo otimismo, de forma alguma. Este inclusive é um ponto forte da mensagem transmitida pelo Pastor Silas Malafaia, em suas pregações, livros, etc...
Poucos pregadores conseguem expressar com tanta profundidade a energia e o otimismo que há na mensagem do evangelho de Jesus como o Pastor Silas Malafaia. Já pude ouvir pessoas dizendo que isto se deve ao fato da formação em Psicologia que tem o Pastor Silas Malafaia. Ao meu ver tal comentário é o mesmo que jogar pedra. O Pastor Silas Malafaia , é ao meu ver um pregador poderoso em palavras, e também dotado de manifestações genuínas do dom do Espírito Santo. A tudo isto é claro fica evidente a contribuição de seus estudos, formação acadêmica e um profundo conhecimento bíblico. Nada disso entretanto pode ofuscar o pregador que ele é.
Outra consideração bastante positiva principalmente nos dias de hoje em que o aspecto ético parece ter sido deixado de lado nos ministros do evangelho, por um tipo distorcido de Teologia da Graça ( este seria outro livro a ser escrito...) , é a postura etica e moral do Pastor Silas Malafaia. Dentro de um Brasil em que ouvimos falar de tantos escândalos, o Pastor Silas Malafaia apresenta uma postura irrepreensível como pregador, conferencista e pastor de almas.
Não é minha pretensão nesta obra combater o estimulo a uma vida de ação presente no ministério e ensinos do Pastor Silas Malafaia, que alias, é a própria mensagem de Jesus Cristo que nos apresenta.Na parábola dos talentos aquele que se denomina senhor, diz que quer colher onde não plantou, incentiva aquele servo que foi corajoso e intrépido, condena e repreende o que foi tímido e sem ação. Um poderia dizer que se refere a valores espirituais, isto seria forçar muito do texto, é claro que se refere também a realidade material e financeira. Neste ponto o Pastor Silas Malafaia tem na sua obra, mensagem, livros, etc... uma energia sem igual no que diz respeito ao pensamento cristão. É claro que deve o cristão muito mais que outras pessoas estar revestido de um pensamento e atitude positiva tal que o impulsione a alcançar mais , isto o Pastor Silas Malafaia faz como ninguém.
Em Mt 25:14-30 encontra-se a impressionante parábola dos talentos onde Jesus apresenta o quadro de um senhor que se ausentando para longe confia aos seus servos parte de sua fortuna esperando que ao retornar tenha havido considerável aumento de seu valor. Importante considerar que o sistema monetário de investimento e juros inventado pelos fenícios estava naqueles dias da Palestina em franco funcionamento. Bem como a noção que temos do valor depositado aos servos na parábola dos talentos é bastante defasada. Na verdade apenas um talento seria para época uma soma tão alta de dinheiro que na conta do pagamento do salário diário de um trabalhador na Palestina de Jesus, seriam precisos aproximadamente vinte anos para juntar. O que dirá então cinco talentos.
Mesmo considerando a expressão hoje para a palavra talentos, devemos saber que foi a partir desta parábola que se formou o sentido atual para a palavra talento, como significando as habilidade e qualidades de determinada pessoa. Não pode haver engano nisso, no entanto, com relação ao significado original da palavra na parábola era realmente a dinheiro que se referia e muito dinheiro mesmo.
Naturalmente não podemos deixar de considerar outros significados como valores e capacidades espirituais pertinentes e diferentes a cada individuo isto posto que na parábola é citado que o senhor deu a cada um segundo sua capacidade. Outra inferência que levantamos é que pela quantidade e qualidade do dinheiro deixado com os servos (um talento = vinte anos de trabalho) entende-se que aos seguidores de Jesus um grande poder e uma grande missão ficarão reservados. Quão grandes são as responsabilidades entregues por Deus a seus servos. A grande responsabilidade imposta aos crentes não apenas em guardar seus talentos ( financeiro , espiritual , etc...) mas também em dar desenvolvimento a eles, em multiplicar, em ser ousado. Etc...
Em tudo isto é fácil enxergar a teologia da prosperidade gritada, fundamentada, fortalecida e amparada, nas palavras de Jesus. Não é possível substituir o significado da palavra talento utilizado na parábola para outro como que no sentido de capacidades e virtudes, pois como dito acima, tais significados simplesmente não existiam na época tendo sido atribuídos muitos séculos após. A parábola trata mesmo é de dinheiro, e de muito dinheiro. Trata de ousadia em lidar com este dinheiro, em mordomia, em cuidado e em multiplicação. É impossível negar que a Bíblia está repleta de conceitos acerca da prosperidade.
Vale ainda dizer que na parábola judaica original, que possivelmente deu origem aparábola dos talentos, o servo que não multiplicou o dinheiro com ele deixado não foi apenas reprovado pelo seu senhor, foi na verdade punido severamente. Nota-se então que Jesus ao fazer a passagem para seu ensinamento melhorou um pouco o contexto fazendo o que já era de costume, legislando e mudando a lei e os costumes para uma nova ética e amor e misericórdia.
O ponto mais interessante da parábola dos talentos é o do servo que enterra seu talento, faz isto colocando a culpa no próprio Deus. Muito típico de crentes que se sentem inferiorizados e tímidos e por isso não querem se arriscar a sair de sua mediocridade. Culpar o próximo e a Deus é desde sempre o escape do covarde. Deus espera de seus servos uma fé que por si mesma seja geradora de ação. Ação enquanto boas obras.
Negar que a parábola se refere a dinheiro, e sim a valores espirituais apenas tem sido a desculpa esfarrapada de grandes nomes do evangelho, desde muitos anos, a partir de uma idéia errada de que o evangelho é puramente referencia a valores espirituais. Neste ponto a teologia da prosperidade veio para mudar definitivamente este quadro. O Pastor Silas Malafaia, e outros,fazem neste sentido um ótimo trabalho. O resgate do valor completo do evangelho e das Escrituras Sagradas no que diz respeito a dinheiro, tendo começado com o Bispo Roberto MacAlister ( ao menos no Brasil) e tendo continuidade com outros grandes nomes , tem sido algo maravilhoso. A parábola dos talentos é uma janela aberta para a atenção que Deus dá as finanças de seus servos e de como Deus espera que seus servos se portem: com diligencia, fé e trabalho.
Quando na parábola dos talentos o senhor espera, exige e abençoa os servos que multiplicaram o dinheiro com eles deixado, transmite aqui uma mensagem de prosperidade ( prosper do latim = ser bem sucedido ). Quando o senhor reprova o servo que não multiplicou o dinheiro com ele depositado, fala aqui da reprovação dos que simplesmente ignoram o significado da prosperidade (ser bem sucedido) no que diz respeito ao dinheiro. A parábola dos talentos proclama em alta voz a existência de um projeto bíblico de prosperidade financeira. Isto é inegável.
BOLA DE NEVE CHURCH
E pensar que até mesmo o Bola de Neve Church, igreja que eu mesmo sou admirador e freqüentador, tem recebido o Pastor Silas Malafaia em sua sede em São Paulo e lhe dado grande honra. Como poderia eu sob qualquer alegação dizer que não é uma grande benção para o Brasil a obra que o Pastor Silas Malafaia vem fazendo. Quando faço menção ao Bola de Neve Church, do Apóstolo Rinaldo, deve-se assinalar ser esta a igreja que mais cresce no Brasil hoje. Com seu estilo próprio muitas vezes o Bola de Neve Church é assinalado como sendo uma Assembléia de Deus de chinelo e bermuda. Não é portanto por acaso que o Pastor Silas Malafaia tem se aproximado o Bola de Neve Churh. Os fieis do BDN apesar de que usam chinelo e bermuda, tem o mesmo critério de santidade ( pietismo ) dos participantes da Assembléia de Deus. Isto de fato é assim. Como freqüentador eventual eu dou testemunha que a galera do Bola de Neve Church além de fazer um louvor rock fantástico para Jesus, tem vida bastante regrada e pautada na santidade ( modelo assembleiano).
No que me diz respeito a incrivel energia pentecostal e a cultura de praia é este o fator com o qual me identifico completamente ao Bola de Neve Church. Isto me remete aos infindáveis ( pareciam que não iriam acabar nunca ) dias de Copacana. O Bola de Neve Church é tão perfeito para nossos dias que só pode ser obra de Deus, criação de Deus, e não uma mera adaptação customizada como quis apresentar certa revista de circulação nacional. O Bola de Neve Church é prova cabal que a “Palavra de Deus” não está presa, por costumes, tradições da igreja, ou mesmo convenções de homens. Um grito de Deus para o mundo contemporâneo, um vinho de alegria para a juventude, uma porta aberta para o reino de Deus, isso tudo e um pouco mais...é assim que eu classifico o Bola de Neve Church. Com seu modelo atualizado de evangelismo interpessoal, busca dos dons do Espírito Santo no modelo pentecostal, o Bola de Neve Church marca no Brasil e no mundo o novo tipo de igreja que preserva a ordoxia da mensagem da cruz e da salvação em Jesus, mas vem romper com as barreiras dos costumes e hábitos que muito atrapalhavam a propagação da mensagem do evangelho de Jesus.
Com tudo isso, mesmo assim, o Bola de Neve Church não pôde ficar imune aos ataques da teologia da prosperidade. Pastor Silas Malafaia já tem espaço certo no púlpito do Bola de Neve Church em São Paulo. Isto significa dizer que toda sua exagerada ênfase na vitória financeira, confissão positiva e estilo de vida vitorioso já acamparam no Bola de Neve Church. Ora em certo grau sabemos que esta mensagem não é de todo ruim se devidamente equilibrada. Como já vimos existe certo grau de confissão positiva nas palavras de Jesus e do evangelho. Não podemos deixar de considerar contudo e perguntar onde ficam os testemunhos da tragédia humana ? Quando o justo sofre, quem o consola ? Certamente não será um pregador da prosperidade para quem este que sofre só pode mesmo é estar derrotado, esquecido de Deus e banido por seus pecados.
Mesmo assim com os prós e contras da teologia da prosperidade que vem fazendo sua chegada nesta igreja , o Bola de Neve Church representa um ponto de equilíbrio em meio a tudo. Não havendo ênfase no ser vitorioso ou mesmo na arrecadação financeira, apresenta a seus freqüentadores cultos que estimulam a salvação por meio de uma mensagem cristocentrica e livre de embaraços. Se a Bola de Neve Church está sendo ancorada pelos navios da prosperidade ( não apenas o Pastor Silas Malafaia mas inumeros apostolos e pregadores da prosperidade tem sido convidados pelo Ap Rina no que é chamado de conferencia profetica ), esta mensagem distorcida do evangelho dificilmente encontrará espaço neste ministério praticamente novo. Com poucos e bem vividos anos de existência, sendo uma dissidência da Igreja Renascer, o Bola de Neve Church tem sua principal força de jovens ( não ficarão jovens para sempre, aí é que surgem os problemas , ou melhor já estão surgindo ) bem esclarecidos desta nova geração, que juntos encontram forças para combater todo o mal.
Isto talvez possa ser melhor explicado nas palavras de João “ jovens vos escolhi pois sois fortes...” do que em qualquer outro lugar. Não ficarão jovens para sempre, mas pode este intrépido exercito de jovens do Bola de Neve Church, preservar a força que temos todos recebido através do apóstolo Rinaldo, com a ajuda de Deus e calçando certamente a sandálias da humildade. A vaidade tem sido desde sempre a principal armadilha com que o inimigo de nossas almas tem prevalecido nesta guerra.
O grande milagre, Deus fez, atraves do Ap Rinaldo uma fonte de agua viva de Deus tem sido canalizada principalmente aos jovens do Brasil, e assim permanece até o dia de hoje.
Torna-se bastante intrigante o questionamento do que realmente é o Bola de Neve Church. Alguem poderia perguntar o que o BDN tem que outras igrejas não tem ? Eu posso responder a pelo menos esta pergunta: “a contextualização da mensagem”.
A contextualização da Mensagem
Uma idéia pode ser transmitida de varias formas , mas somente da maneira apropriada poderá ser compreendida a quem se destina esta mensagem. Ao transmitir seu evangelho, Jesus fez uso do que havia de mais moderno em seus dias, a mitologia e a filosofia grega. O contexto helenico que tomava conta do Imperio Romano era abrangente e oferecia otimos recursos de linguagem e de entendimento para quem transmitia ideias e para quem recebia. Jesus soube tirar maximo proveito disto mergulhando suas ideias completamente no universo mitologico e filosofico grego. Através de varias figuras da mitologia e da filosofia grega Jesus pôde transmitir aquele povo já acostumado com tais ideias sua mensagem central que é o amor.
Hoje a mensagem de Jesus continua urgente e atual, o contexto entretanto mudou. A sociedade, a ciencia a cultura , o governo o pensamento, o desenvolvimento social. Tudo mudou. A mensagem de Jesus continua a mesma, sua mensagem é o amor, é por assim dizer o proprio Cristo “ em nós”. Atualizar o contexto de uma mensagem sem distorcer seu conteudo é tarefa árdua que Jesus soube fazer como poucos. De uma abordagem judaica oriental, o conceito cristão desde seu inicio tomou por base o pensamento helenico e a partir daí se desenvolveu para o mundo romano.
Talvez fosse o momento de uma nova contextualização, que só é possivel conhecendo-se a base da mensagem que se quer transmitir. Não é possivel negociar com o que não se possui. Enquanto pregadores incertos quanto a mensagem que transmitem não se apropriarem das estruturas doutrinais desta mensagem, não poderão contextualizar a mensagem. Sem a roupagem correta corre o risco de tais pregadores transmitirem algo que muito longe da mensagem inicial, tornar-se um agregado de tradições mortas e de homens que pouco tem a ver com a revelação sobrenatural do evangelho de Jesus Cristo.
O Bola de Neve Church, de alguma forma, conseguiu contextualizar a mensagem da cruz, como o fez Jesus com o uso do helenismo, os pregadores do Bola de Neve Church, a partir do Apostolo Rinaldo, puderam apresentar o mesmo evangelho de Jesus, com roupagem nova, que não é ao que se pensa a bermuda e o chinelo do surfista, mas o aspecto mais atual do mundo em que vivemos. O evangelho não é negociavel em suas bases, enquanto mensagem da cruz, do sacrificio de Cristo, libertador do reino das trevas, transportador daquele que o recebe para o reino do amor, de Deus, da luz.
Entender de que forma isto se deu, isto se dá, isto se dará, passa ser o caminho para uma revolução religiosa. Fundamental que outros ministerios possam compreender o caminho da contextualização da mensagem, para que o exercito de Deus cumpra melhor seu chamado. Enquanto isso não acontece podemos examinar mais de perto as bases do que se tornou o Bola de Neve Church. Nenhum outro fundamento pode ser lançado a não ser o de Cristo. A construção vai ter que variar conforme novas são as pedras utilizadas, seres humanos redimidos pelo sangue de Cristo, vivendo em um mundo bem diferente daquele dos dias de Jesus na Palestina. Um mundo governado pela lei romana e pela cultura grega.
Cabe entretanto ao Ap Rinaldo perseverar neste chamado tão especial que é o Bola de Neve Church , levantando os escudos da fé, e a Palavra de Deus, para poder resistir e escapar de todos os ventos de doutrina
O Bola de Neve Church é uma abordagem de alguma forma única do evangelho de Jesus Cristo. Realmente não sei explicar o fenômeno Bola de Neve Church, não que seja melhor que as demais igrejas , é apenas uma abordagem diferente. Isto por si só, representa como que uma vacina contra os desvarios de um evangelho que busca riqueza e não a santidade, que busca o mundo material e não o espiritual, que busca a vitória financeira e não a vitória que é a vida eterna ao lado de Deus. Oro a Deus para que o Ap Rinaldo seja preservado de tais enganos e possa conduzir esta igreja maravilhosa a um caminho mais exelente.
Por tudo isso e mais um pouco, mesmo recebendo as cargas de profundidade do evangelho da prosperidade, quero crer que o Bola de Neve Chruch, esta igreja que tenho aprendido a amar cada vez mais, não sucumbirá aos apelos frenéticos e gritos do Pastor Silas Malafaia para que o crente tenha uma vida de vitórias como se fossem todos empresários celestiais que devem ser bem sucedidos em tudo o que fazem. Uma coisa é desejar que o irmão amado seja bem sucedido ( prosper do latim= ser bem sucedido ) no corpo na alma e no espírito, como desejou o Apostolo João em sua carta famosa. Outra coisa é buscar este ser bem sucedido acima de qualquer coisa mesmo da simplicidade que há no evangelho.
Não por menos, faço valer mais uma consideração peculiar a forma de trabalho do BDN, o modelo centralizador de suas igrejas. Em uma grande cidade é comportado não mais que uma igreja BDN. Pode haver variação não sendo esta uma lei canônica do ministério, mas normalmente em uma grande cidade o BDN apresenta apenas um grande templo, sendo os demais encontros feitos em grupos que raramente passam de trinta pessoas no que eles denominam células. Eu vejo nisto mais que uma economia financeira e fuga da templolatria tão na moda nos atuais impérios da teologia da prosperidade. Desta forma o BDN mantem tanto quanto possível o modelo tido como apostólico ou da era dos apóstolos de atos. O evangelho forçosamente é pregado nas ruas, fora dos templos , já que normalmente as primeiras reuniões de uma célula tem por habito da denominação BDN serem realizados na rua, em praça publica, calçadões , etc...Ora isto é uma volta ao evangelho primitivo destacando o melhor espírito que guiou o próprio Jesus para fora dos templos ( sinagogas) . Tomando como exemplo o próprio Jesus, o evangelho primeiramente foi anunciado e vivenciado nas ruas, nos parques, nos jardins, a beira das praias e mares, e não em templos. Quando muito as reuniões dos primeiros discípulos de Cristo se faziam na casa de um ou de outro. Alguns dos discípulos inicialmente frequentavam também a sinagoga, até serem todos expulsos. De toda a forma esta é a essência do evangelho e da vivencia cristã, que nós seriamos o templo do Espirito Santo. O grande mistério que segundo Paulo, estava para ser revelado :” Cristo em vós.” Neste ponto o BDN marca, além de sua poderosa contextualização, mais um ponto em favor da proximidade do Jesus pregador, o de não se limitar e ater a templos e suntuosas construções, pois como diz a Escritura “ a palavra de Deus não está presa”, e bem sabemos que em muitos ministérios a palavra de Deus foi presa sim, presa pelos sistemas dos templos. Quando John Wesley, avivalista inglês , foi convidado a se retirar do templo e proibido de nele pregar, do lado de fora, sobre o túmulo de seu pai, ele disse as memoráveis e inspiradoras palavras :” o mundo é minha paróquia”, palavras estas que muito bem servem para ilustrar o ministério de Jesus, o ministério a que se dispõe o Bola de Neve Church. Sem duvida poderíamos interferir um pouco nas palavras de John Wesley, no que diz respeito ao BDN, “ as praias, as praças, as ruas, são nossas paróquias”. Não me considero apto a esgotar as características peculiares do BDN church, apenas como frequentador que sou deste ministério, não posso me esquivar de observar tais pontos que vejo como identificadores de uma obra sem igual, não melhor, nem menos própria que outros ministérios, apenas singular.
Encontro com o Apóstolo- Vale neste ponto ressaltar meu encontro face a face, com o apostolo Rina.Homem humilde e acolhedor, de palavras simples, pude estar com ele certa ocasião em um culto do BDN na Barra da Tijuca. O homem olhou fixo em meus olhos, me dando toda a atenção possível, prestou atenção a minhas palavras como se fosse antigo conhecido meu. Eu não estava bem trajado, ninguém tinha ainda falado para ele acerca de meu ministério , mesmo assim me dispensou as honras de um ministro do evangelho. Pude perceber no apostolo Rina, amor pelas vidas, amor por minha vida, humildade e mansidão. Em sua pregação momentos antes nada pude perceber da afetação neo pentecostal da prosperidade, muito pelo contrario, posso qualificar sua pregação como bastante apostólica posto que discorreu pelas lutas e sofrimentos do apóstolo Paulo enquanto exortava a Igreja Bola de Neve a não esmorecer jamais ante as adversidades e desafios deste mundo. Fui grandemente abençoado pelo encontro que tive com o apóstolo Rina.. Considero o apóstolo Rinaldo como um homem simples, cheio de amor e paixão pela igreja e pelo ser humano. Me tratou como a um amigo, sem nunca ter me conhecido nem ouvido falar de mim.Continue assim apóstolo Rina,e que nosso Deus continue te abençoando e mantendo o BDN fora das garras da teologia da prosperidade .
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Possa o Pastor Silas Malafaia ao invés de ficar recebendo convidados do exterior que melhor sabem pedir dinheiro para pagar programas de tv multimilionários do que ensinar uma vida de santidade, passar a ler e a reler sua obra “Como Vencer as Estratégias de Satanás”, onde ele mesmo aponta que o crente deve saber estar bem na riqueza e na pobreza e ainda reprovar aqueles que buscam a riqueza deste mundo e fazem disto seu alvo de vida.
O Pastor Silas Malafaia , como tantos outros, justifica seus intermináveis apelos por dinheiro como sendo para o pagamento de seus programas de tv. Mas quem pode garantir que o modelo de igreja eletrônica funciona ? Podemos tirar uma idéia a partir dos EUA que foi simplesmente varrido a a algumas décadas atrás por programas de tv de cunho evangelistico. Eu garanto ao leitor que trata-se de um pais que vive hoje a mais franca decadência moral e ética, cujos membros das igrejas se tornaram completamente frios em sua fé. Houve um tipo de processo de aculturação da fé cristã, onde o nome de Jesus é usado como uma força de expressão não raras vezes associado a situações bem constrangedoras. Isto ninguém me contou eu estive lá por um ano e pude ver com meus próprios olhos a degradação que a fé cristã vem sofrendo naquele lugar.
Jesus nos deixou um modelo de igreja, de ajuntamento, de comunhão. Seus apóstolos nos ensinaram tudo o que puderam captar de sua convivência com o Cristo. Por fim, não por menos, a igreja primitiva nos apontou o caminho da tradição de culto. Em todo este processo que acabou por derrotar a opressão do sistema romano, não houve igreja eletrônica, a despeito da massa de milhões de pessoas que foi alcançada pela mensagem do evangelho. Dizer que devemos alcançar o dinheiro para pagar as contas da tv dos pregadores da prosperidade, é dizer que o fim justifica os meios. Ou será que os meios é que devem justificar os fins ?
Para pensar mais um pouco : dentro desta antiga justificativa que os pregadores da prosperidade apresentam de que somente pela tv a humanidade poderá ouvir finalmente e completamente a pregação do evangelho de Jesus e então estaremos apressando sua volta, posso dizer somente que de forma alguma isto fará alcançar aqueles zilhoes de seres humanos que já morreram sem escutar do evangelho. Mais. Os milhões de asiáticos que não conhecem, nunca ouviram falar, e nunca ouvirão o nome de Jesus ( pois seus dialetos não possuem escrita ) da mesma forma a estratégia de igreja eletrônica não vai adiantar. E o que dizer dos que viveram e morreram antes de Jesus encarnar ?
Para tudo isto o apostolo Paulo tinha resposta que apresentou de forma brilhante na carta aos Romanos. Paulo sabia que sua missão não alcançaria todo o mundo romano, e outros, mesmo assim fez a sua parte, entendendo que somos apenas o sal da terra, e isto já é muito. Tudo o que o apostolo Paulo fez, o fez sem a igreja eletrônica. Ganhou e venceu o império romano, sem programa na tv romana, que não existia. Insisto que o a igreja eletrônica não é o modelo de igreja de Jesus. Não funciona como foi o plano de Deus. Mas funciona sim para a arrecadação de milhões de reais, onde o programa de tv é a justificativa. Nesta matemática da prosperidade só quem ganha sempre é o líder da denominação, pois invariavelmente irá recolher proporcionalmente para si partes cada vez maiores dos dízimos e ofertas. Ao passo que o trabalhador assalariado estará sempre contribuindo , cada vez mais se atender aos apelos do pregador, mas nem sempre será abençoado financeiramente como nos mostra a realidade de qualquer comunidade da prosperidade. É claro que na tv nunca será apresentado nestes tais programas dos pregadores da prosperidade o relato de pessoas que deu todo o dinheiro que tinha para a igreja, e nunca mais recebeu nada de parte alguma. Pois isto para tais pregadores tem uma explicação forçosa : faltou fé !!!
Os testemunhos apresentados na tv são apenas daquela amostragem de pessoas que tendo dado tudo o que tinham, de alguma forma ou de outra voltaram a ter seu dinheiro de volta e muito mais. Ora isto é simples probabilidade estatística. De uma igreja de cinco mil membros, todos deram tudo o que tinham e ficaram sem nada. Pelo menos cinqüenta terão uma historia muito bonita para contar de como “Deus mudou sua sorte”. Os outros quatro mil novecentos e cinquenta membros não contarão historia alguma. De qualquer forma o líder da denominação será certamente beneficiado pela arrecadação.
Como é possível que pregadores do evangelho tenham deixado tão facilmente a simplicidade que há no evangelho de Jesus Cristo para um outro evangelho, que é o da prosperidade?
Mesmo assim não podemos ignorar que não é apenas a este tipo de vitória que se refere o Pastor Silas Malafaia, em sua obra Como Vencer as Estratégias de Satanás, Silas Malafaia apresenta um entendimento bastante ortodoxo no que diz respeito a salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo e sua mensagem. A quem diga que Silas Malafaia tenha mesmo etapas distintas em seu ministério. Seja como for, quando escreve a citada obra o autor chega mesmo a considerar a possibilidade de saber “viver bem nos dias de abundancia e nos dias de escassez “ ( pg 7 da mesma obra ). Ora isto é no mínimo muito interessante para um dos grandes nomes da pregação da prosperidade no Brasil. Não tem muito tempo eu tive o desprazer de ouvir o querido Pastor André Valadão da Igreja Batista da Lagoinha, dizer em um de seus cultos que “ se você anda de ônibus é porque você não tem fé ! “. Ora tal é a altivez de tais pregadores no que se refere a prosperidade financeira, que a afirmação do Pastor Silas Malafaia em dizer que é possível viver bem na escassez simplesmente não tem lugar em parte alguma da teologia da prosperidade contemporânea.
Na verdade a obra do Pastor Silas Malafaia, Como Vencer as Estratégias de Satanás, ( não sei dizer se é apenas um momento de seu ministério ou reflete todo ele ) é na verdade toda ela muitíssimo proveitosa e reflete quase que completamente a ortodoxia pentecostal no que diz respeito a vida cristã pratica e observância do melhor estilo contemporâneo de pietismo cristão. Não pude enxergar neste livro citado nada que me desagradasse antes fui tremendamente abençoado e inspirado. Com ressalvas ao mais repetido erro da religião que prega a retribuição divina invariável : se “ observarmos a lei de Deus seremos protegidos e abençoados em tudo o que fizermos ... se pecarmos seremos punidos ...” ( em outras palavras o que diz o Pastor Silas Malafaia na pg 14 de sua obra.
O que acontece então com as pessoas que como Jo eram boas e puras, e tementes a Deus e mesmo assim foram massacradas pelos desgostos da vida. Como se isto não fosse a realidade em que vivemos muitas vezes. Um mundo de injustiças onde o justo paga pelo pecador, e muitas vezes pessoas inocentes sofrem grandes males, a despeito de nada terem feito de errado, contra si mesmos, contra o próximo ou contra Deus. O livro de Jo apresenta a questão do sofrimento do justo , mas não explica seu motivo, permanecendo este um dos grandes mistérios da experiência humana. Lógico que mesmo nesta obra inspirada seria esperar de mais que o grande pregador da prosperidade o Pastor Silas Malafaia pudesse se mostrar alheio a teologia da retribuição ( Faça o mal e receberá o mal, faça o bem e será abençoado ).
Outro aspecto maravilhoso na teologia do Pastor Silas Malafaia apresentado em seu livro Como Vencer as Estratégias de Satanás, é o fato de que ele apresenta o amor como regra pratica para todo o cristão, insistindo por varias paginas que somente o perdão poderá levar o crente a um tipo de vida vitoriosa. Nesta hora o autor apresenta ao meu ver a verdadeira religião de Jesus e todo o seu ensino quando coloca a impossibilidade de viver o modo de vida de Jesus sem o amor e sem o perdão.
Mesmo acertando o gol me parece que o atacante não chutou muito bem a bola neste caso. Pois o amor de Cristo transborda naquele que recebe a Cristo. Em sua obra Silas Malafaia parece sugerir que o crente que não perdoou um irmão deve procura-lo , custe o que custar e pedir seu perdão. Ora se não há perdão no coração de quem quer e deve perdoar, de que vale haver perdão na boca, pois a boca fala do que está cheio o coração e não o contrario .
Este modelo de forçar as experiencias mais profundas da fé cristã nos seguidores das denominações não tem aqui seu inicio mas é lugar comum na estrada que pode se ver ao longo da historia dos grandes erros e desvios do pensamento da igreja na cristandade. Não seria o caso de tentarmos corrigir isso aqui.
Na pg 45 de sua obra, Silas Malafaia não apresenta apenas a pratica do amor como sendo um tipo de vida vitoriosa a ser buscado pelo cristão, vai mais longe quando relaciona o fato que pessoas sem amor “brigam por bens materiais”.
Mais uma vez o Pastor Silas Malafaia dá um passo abençoado na direção oposta do que tornou-se a matiz da fé cristã no Brasil. Pessoas vão a igreja não para buscar a comunhão de Deus, mas para alcançar vida financeira de seu agrado. Fazem “sacrifícios” a Deus com seus dízimos e ofertas para reberem de Deus presentes também financeiros, o que parece ter se tornado a máxima da igreja cristã no Brasil principalmente. Este erro grave na teologia terá conseqüências igualmente graves. Não sei exatamente quais são mas pelo menos aqui a lei da retribuição poderá ter seu fim alcançado.
Como é possível de uma obra tão espirituosa e espiritualizante onde a vitória em Cristo é apontada como sendo alcançar uma vida de amor ao próximo , perdão, e uma não busca de bens materiais como alvo , passar-se a uma busca desenfreada por vitória financeira ( Bíblia da Batalha Espiritual e da Vitória Financeira ) ? Hank Hannegraff diz que um engano leva a outro engano rapidamente, pelo menos no que diz respeito aos terríveis erros teológicos em que se comprometeram os chamados teólogos da prosperidade.
Não podemos tão pouco nos limitar a apresentar apenas esta obra do Pastor Silas Malafaia como avesso a teologia da prosperidade contemporânea. Tantos outros títulos grandiosos de Silas Malafaia mereceriam nossa atenção. Impressionante sobre o ministério do Pastor Silas Malafaia é que não podemos limitar sua ação apenas a teologia da prosperidade. Me parece um tanto aficionado com a idéia de vencer , vencer, vencer, tudo que importa é vencer. Muitas vezes a vitória alcançada pelos homens e mulheres de Deus citados na Bíblia pouco tem a ver com o modelo de vitória pregado pelo ministério do Pastor Silas Malafaia. Temos por exemplo Sansão, que em sua vitória ficou cego e acabou morto, profetas e grandes homens de Deus tiveram piores fins. Mas isto parece distante da pregação de Silas Malafaia, como se perseguições ( mesmo que não fosse a ferro quente ) não pudessem ocorrer a homens e mulheres dedicados a causa de Deus. Viver o chamado de Deus é na verdade enfrentar o mal desencarnado ( demônios, satanás, etc...) mas é também enfrentar o mal encarnado, do contrario fica fácil não é mesmo ? Do contrario tornamos o enfrentamento de Jesus aos escribas e fariseus, e que O levaram a morte, como algo desnecessário. Do momento em que o crente não precisa participar dos sofrimentos de seu próximo, fazemos da fé cristã uma fé morta e vazia.
Ignorar por isso todo o bem que o ministério do Pastor Silas Malafaia exerce neste imenso Brasil ? Jamais. Antes daremos honra a quem merece honra, e o Pastor Silas Malafaia é um destes homens, que como disse a pouco manifesta sua capacidade e espírito destemido em um sem numero de obras de grande valor didático e teologico pratico para as camadas sem grande conhecimento da fé.
Grande obra e apelo a vida cristã é sem duvida esta feita pelo Pastor Silas Malafaia.
Alguém poderia alegar que a salvação já é inerente a condição cristã, mas isto é tornar simples de mais a doutrina dos apóstolos e de toda a Bíblia que se refere constantemente a salvação da alma, do corpo e do espírito como um todo a ser consumado na vida eterna. Muito mais portanto que a vitória financeira , assunto que parece tomar todo o interesse do ministério do Pastor Silas Malafaia. No caso só mais um entre tantos.
É preciso sem qualquer ironia ou segundas intenções , entender a que tipo de vitória se refere o lema do ministério. A muitos tipos de vitórias. Existe aquela apresentada pelo apostolo Paulo no que diz respeito ao corredor de maratona grega, o que segue para o alvo e não olha para traz. Outro texto bem conhecido é o que diz respeito a haver o apóstolo Paulo cumprido sua carreira, esta na verdade em nada nos faz desejar posto que anuncia o apostolo o seu fim eminente, pelo menos nesta vida. Diz a tradição da igreja que o apostolo Paulo foi decapitado . A qual destas vitórias apostólicas se refere o lema do ministério do Pastor Silas Malafaia, ao maratonista, ou ao homem realizado em obras do ministério mas pronto para a morte. Em nenhuma delas o apóstolo Paulo faz menção a sua condição financeira, que sabemos dispensa comentários. Na ultima menção apostólica o sofrido missionário faz menção de que trouxessem sua capa, posto que passava frio na prisão.
Me debruço agora sobre o texto de II Tm 4: 6-22. Trata-se da ultima carta pastoral que antecede a execução do apóstolo Paulo. Sabedor do fim que se aproxima rápido o apóstolo se dirige a seu discípulo para encoraja-lo mais do que nunca a pregar o evangelho, a cumprir o ministério a ele confiado dando ênfase contudo a que fossem rebatidas heresias e ensinos diversos da ortodoxia que havia nos ensinos de Paulo já bastante trabalhados em outras cartas do mesmo apóstolo. Nestas palavras o apostolo como que apresenta sua condição pessoal de preso e condenado, em contraste com a de Timoteo, livre e pronto para percorrer as igrejas. Me parece que o ápice das duas cartas se encontra exatamente nesse trecho final onde de forma quase poética é apresentado a conclusão apostólica sobre sua presente situação e conclusão de vida ministerial. Para os conceitos modernos de vitória em Cristo as palavras do apóstolo parecem um pouco estranhas, talvez também o tenham parecido para os seguidores e amigos de Paulo espalhados pelo império. Pois tratava-se de um homem prestes a ser executado, e não apenas isto , mas um homem que tinha mesmo necessidade de sua capa, que estava passando frio em Roma, um homem consciente de sua eminente condenação a ser cumprida. Este mesmo pregador encontrava-se revestido de tal alegria que gritava sua vitória, que proclamava e anunciava feliz o fim de seu ministério.
Paulo estava consciente de haver cumprido sua missão na terra. Como é possível comparar a vida , obra e conclusão do ministério Paulino a vista de tão poderosos pregadores da prosperidade modernos que se apresentam como no caso do Pastor Silas Malafaia, portadores e anunciadores de uma vitória em Cristo ? Para Paulo a vitória em Cristo fica bastante explicada no vs.8 quando faz menção da “ coroa da justiça “. Ora no universo dos significados das coroas greco-romanas, a coroa de espinhos colocada sobre Jesus na cruz teve especial significação, de humilhar aquele que de uma forma bastante significativa para o povo e lugar daquela época, era aclamado como rei. Rei dos Judeus. Havia coroamentos de diversos tipos , para diversas ocasiões e pessoas dependendo de suas funções e conquistas. Sempre a coroa no império romano e grego significaram uma vitória. No caso de Jesus um escárnio, posto que sob uma coroa de espinhos Jesus seria tão somente submetido a enorme e impensável dor quando os espinhos tocavam a base da nuca em lucinantes raios de dor que cortavam o corpo de Jesus como relâmpagos. Entre os diversos tipos de coroas havia a “corona triumphalis” feitas de folhas de louro para homenagear os generais triunfantes nas guerras.Havia a “corona obsidionalis” para os generais que tivessem salvo seu exercito de um cerco, esta era tecida com grama ou outra planta que pudesse ser encontrado no lugar da vitória. Havia a “corona muralis” conferidas com folhas espessas a generais que tivessem conseguido penetrar com seu exercito uma muralha. E assim como estas haviam tantas outras. Também no que diz respeito ao vitorioso de uma competição de atletismo grego havia varias possibilidades de coroas, quase sempre tecida com louros, e variações. Daí a expressão “os louros da vitória!“. Não podemos esquecer as coroas de reis e príncipes, com ouro e pedras preciosas, etc...
Longe de esgotar o assunto do que eram as coroas no mundo greco-romano, podemos entender o que o apostolo Paulo quis dizer com “coroa da justiça “. Não havia em todas modalidades conhecidas em seu tempo, nada que tivesse ligação com tal expressão. O apostolo certamente se referia a algo para além desta vivencia, uma realidade extraterrena, um outro modo de vida em outro lugar , tempo, espaço, modalidade, condição. Uma vida ao lado do próprio Deus. Paulo ao contrario dos pregadores da prosperidade atuais, não estava contemplando a coroa de generais ou atletas, mas uma coroa que ultrapassa toda condição presente deste mundo. Uma coroa que não tivesse lugar em um reino deste mundo , mas de outro. O sentimento de vitória em Cristo que tomava conta do apóstolo naquela ocasião nada tinha a ver com este mundo , mas com o vindouro.
A vida eterna para o apostolo Paulo, trazia um entendimento que deixa muito para traz a noção de viver para sempre. Na verdade raramente pregadores da prosperidade fazem menção de que exista uma vida eterna, ou pelo menos se o fazem é de uma forma tão secundaria que mal se percebe. Já ouvi uma pregação da prosperidade em que o pregador dizia : “ as bênçãos de Deus na sua vida são para agora, Ele quer que você tenha tudo agora “ . Ora isso mais parece um anuncio de cartão de credito que proclama que importa comprar tudo hoje. Muito diferente da pregação do apostolo Paulo que buscava uma coroa de justiça, para a vida eterna, e não uma coroa de ouro e diamante, não uma coroa de louros para os atletas, ou uma coroa de ramos para os generais. A vitória para o apostolo Paulo é uma vida eterna, não uma vida de riquezas para agora.
Mais incrível ainda é o entendimento apresentado por Paulo sobre vida eterna que ultrapassa a simples noção de existência após a morte e sim uma modalidade de vida próxima a Deus, de acordo com graduações de santidade, e vivencia no presente século, e serviço a obra do evangelho de Jesus Cristo. O apostolo estava completamente envolvido com a possibilidade de uma vida eterna abundante ao lado do próprio Cristo e de Deus em outro lugar, em outra condição, em outro modo. Os olhos do apostolo Paulo enxergavam muito mais longe do que os pregadores da prosperidade. Interessante a colocação no mesmo trecho, um pouco mais adiante, no vs.20, de que o apostolo Paulo deixou o colaborador Trofimo , doente na localidade de Mileto.
Vitória em Cristo para o apostolo Paulo não tinha certamente nada a ver com jatos de milhões de dólares, com muito dinheiro ou com grandes conquistas financeiras. Vitória em Cristo para o apostolo Paulo tinha a ver , a despeito de sua eminente execução, e abandono, e frio, e solidão, com uma coroa de justiça, e com a vida eterna e abundante ao lado de Deus.
É lamentável a manchete de um jornal publicado que dizia “mais um pastor que vai para o céu” onde era apresentado a compra de um jato de milhões de dólares pelo pastor Silas Malafaia, na mesma matéria havia uma suntuosa lista de pastores com seus jatos milionários ( dólares ) , todos brasileiros.Como é possível anunciar o evangelho de Jesus Cristo aos pobres e famintos deste Brasil tão grande, fazendo uso para tal de um transporte a jato ? Como é possível fazer uma catedral ou coisa parecida que envolva o gasto de milhões de reais devido ao luxo da construção, enquanto próximo aquele local pessoas passam fome ? Estaria Jesus feliz com este projeto ?
A igreja que se denomina Assembléia de Deus é uma das colunas do evangelho de Jesus Cristo no Brasil. Responsável pelo alargamento da palavra de Deus nas classes mais pobres, desde sempre manteve sua teologia intacta, dando ênfase ao evangelho da cruz, da humildade, da espiritualidade e pietismo. Há quem tenha contabilizado como sendo a maior denominação em numero de fieis hoje no Brasil. Gosto de me referir a uma distinção atual entre as Assembléias de Deus, no que eu chamo de “primitiva “ e outra de “ contemporânea”. Por primitiva não me refiro a ser menos desenvolvida mas tão somente a guardar as características primeiras da denominação que é uma postura de busca por valores tidos como espirituais, desapego aos valores mundanos, costumes e usos específicos, etc...
Eu passei muitos anos de minha vida acompanhando meu pai o Pastor Ramis Rahal na Assembléia de Deus em Copacabana, inicialmente quando era bem pequeno, mais tarde quando me fui recebido membro na Igreja de Nova Vida meu pai continuou até o fim de seus dias, juntamente com o Pastor Samuel, na mesma e abençoadissima igreja Assembléia de Deus em Copacabana. Em varias décadas de existência esta igreja em particular não mudou sua forma de culto, fachada e mesmo um letreiro onde consta o nome JESUS CRISTO. Esta característica de auto preservação é uma das características do que chamo de Assembléia de Deus primitiva. Sem duvida uma coluna e baluarte da fé no Brasil e no mundo.
Ocorre entretanto que nem mesmo a Assembléia de Deus foi poupada da ferocidade capitalista que avançou contra o povo de Deus e a Igreja. O Pastor Silas Malafaia com seu estilo característico de pregação, não sei bem se do evangelho de Jesus Cristo, mais parece uma espécie de conselheiro para a vida pratica de preceitos éticos e cristãos aplicáveis a qualquer pessoa com certa propensão ao desequilíbrio, acaba sendo útil em humanizar e socializar um Brasil de pouca instrução e sem tradição religiosa. A questão é está sendo pregado o evangelho de Jesus Cristo ? Alguém pode dizer “ mas a igreja do Pastor Silas Malafaia ou onde ele vai pregar fica cheio “. Eu torno a perguntar :Está sendo pregado o evangelho de Jesus Cristo ? Pois note bem, Jesus não veio ao mundo e morreu na cruz para deixar conselhos terapêuticos para uma vida pratica e de observância a valores éticos e morais. Para isto basta a palestra de certa pessoa qualificada ( o Pastor Silas Malafaia é Psicanalista formado ) . Jesus veio para através de sua vida e mensagem, que culminou com sua morte na cruz, salvar a humanidade do pecado, e trazer vida eterna a quem o aceitar.
Resta então saber se é isto que é pregado na mensagem e livros do Pastor Silas Malafaia . Pode mesmo ser considerado que o Pastor Silas Malafaia seja um dos precursores da teologia da prosperidade na Assembléia de Deus . Este fato é difícil de comprovar, mas a eloquencia e gritos dos discursos do Pastor Silas Malafaia, (não vou dizer no momento pregações ) são bastante característicos e agradáveis para aquele povo mais habituado ao pentecostalismo histórico. Por sinal pude ouvir de um ministro recém chegado da Alemanha que naquele lugar um ministro com tais características dificilmente seria ouvido por se parecer o discurso com certo homem de bigode. O Pastor Silas Malafaia rapou seu bigode, não disse o porque.
De toda forma um homem que proclama e convence as pessoas de uma vida correta e cheia de praticas virtuosas não fará mal algum ao Brasil ou a qualquer outro lugar que vá, só trará bem. Inclusive conheço bem o relato de um cristão bastante sério e passando grandes tribulações de todo o tipo, de todas as formas, se viu grandemente consolado e reanimado após assistir uma pregação do Pastor Silas Malafaia na televisão. Ora que grande alegria é essa e que fato maravilhoso. Isto é benção de Deus. Inegavelmente estamos diante de um dos grandes nomes do evangelho no Brasil e no mundo. O conhecimento bíblico do Pastor Silas Malafaia é inquestionável, é fato. Sua vida de honestidade e caráter também até o presente não levantou qualquer suspeita. Pude outro dia ouvi-lo dizer que não é candidato a cargo político, mas sim um influenciador de opiniões de acordo com os valores do evangelho de Jesus Cristo. Isto também achei muito maravilhoso e não posso encontrar de errado nisso. Não se trata aqui de qualificar se um pregador da prosperidade está ou não certo, se está ou não em condição de reprimenda. Mas sim de analisar o fenômeno a luz da teologia. Ora é inegável que o trabalho desenvolvido pelo Pastor Silas Malafaia é de grande valor para o Brasil, no que diz respeito a cidadania, e aos bons costumes e a construção de uma sociedade e um mundo mais justo, posto que é um pregador e proclamador de valores de vida e não de desespero, de verdades e não de mentiras. E isto é bem verdade, é também fazer a obra de Deus, é anunciar salvação, é fazer o bem e amar o próximo. Neste ponto entretanto quando o anuncio do Cristo Ressuscitado em mera pregação de valores éticos e do bem viver, isto também fará o mais medíocre dos sociólogos ou acadêmico de filosofia. Mais. O conferencista Prem Hout faz um belo trabalho social e de orientação em suas ministraçoes pelo mundo, isto já a muitos anos.
. Outra questão é se o modelo de igreja de auditório, ou de igreja eletrônica televisiva seria algo do agrado de Jesus. Fala-se em milhões de reais para pagamento da programação. Ora sabemos que muitos milhões de pessoas morreram sem ouvir o evangelho e ainda morrerão desta forma. Esta tradicional afirmação de que todo a humanidade, nesta existência , deverá ouvir a pregação do evangelho é no mínimo descabida, e sempre foi. De tal forma que nada justifica este modelo milionário de evangelho, não foi este o ensinado por Jesus que ao contrario foi “ indo e anunciando o evangelho” , isto na melhor exegese bíblica.
Lutamos o combate para anunciar a vida eterna e não melhor qualidade de vida para o cidadão. Mas vida eterna, nós cremos, só em Jesus.Tenho certeza que o Pastor Silas Malafaia, a exemplo de seu honrado pai, do qual foi meu pai o Pastor Ramis Rahal, aluno de seminário, se quisesse pregaria o Cristo ressuscitado, como poucos o poderiam fazer. O que move o Pastor Silas Malafaia em suas cruzadas e arrecadação milionária é certamente o mais profundo zelo pelas almas e por Deus, bem como a vontade de anunciar o reino de Deus. É bem verdade que também o apostolo Paulo quando perseguia e arrastava os crentes para a morte, aos pés de quem foi apedrejado Estevão, estava também possuído do mesmo zelo.
Por isso tudo e mais alguma coisa eu fico com a Assembléia de Deus primitiva, dos humildes irmãos que vão chegando quando a noite cai, vestidos com seus ternos já desbotados, sapatos muitas vezes furados, cabelo bem curto, trazem nas mãos um exemplar da bíblia, muitas vezes já gasto. Quando penso nestas igrejas me lembro de meu pai e de suas incansáveis visitas a igrejas Assembléia de Deus no Rio de Janeiro. Me lembro do Pastor Samuel da Igreja Assembléia de Deus de Copacabana. Me lembro do Pastor Gustavo Kesler, quando eu percorria com ele as ruas do bairro do Flamengo no Rio de Janeiro para encontrar o lugar de onde seria hoje o templo. Em todos estes homens me lembro de ver no rosto, sempre, o olhar de quem espera pela coroa da justiça, da vida eterna. Muitos deles , ao contrario do que se pensa, homens e mulheres de grandes posses e conhecimento bíblico e de títulos etc...mas que optaram por um modelo de serviço cristão onde ser pastor não é estar na moda, onde ser crente é muitas vezes ser escarnecido, onde esperar por bênçãos é contemplar dons do Espírito Santo e a vida eterna.
Mas afinal devemos voltar ao inicio deste subtítulo, já entendemos que apesar de profundo teólogo e pensador o Pastor Silas Malafaia acabou por atracar sua pregação na vitória financeira, no que ele chama “em Cristo”, bastante de acordo com os moldes da teologia da prosperidade contemporânea. Nada de novo . Quando entretanto nos voltamos a palavra do Senhor Jesus encontramos um sentido bastante definido para a vitória a partir d’Ele. Se encontra em Jo 16:33 o seguinte dito de Jesus :
Jo 16:33 “Tenho vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições : mas tende bom animo, eu venci o mundo “.
Fica portanto bastante claro que a vitória que o próprio Jesus anuncia é de que Ele venceu o kosmos ( sistema que governa o mundo). Muitos entendem erradamente a colocação da palavra kosmos para os ensinos de João. Para o apostolo do amor, kosmos , significa o sistema do mundo e não o mundo enquanto mar, arvores, pessoas, montanhas, etc...Se do contrario fosse quando João diz em 1 Jo 5:19 que o mundo jaz no maligno isto significaria dizer que o que Deus criou é mal. Ora sabemos que o que Deus criou não é mal, pelo contrario em Gênesis consta que ao findar a criação Deus viu que o mundo era bom. Mais. Em Salmos está escrito “A terra , toda sua plenitude e os que nela habitam pertencem ao Senhor Deus.” Ora como poderia tudo pertencer a Deus se fosse tudo mal. Logo concluímos que o mundo é bom, mas o sistema que governa o mundo, é mal. Jesus venceu o sistema do mal, o mal encarnado em todas suas formas, a começar pelo sistema que governava o templo quando nele entrou e repreendendo a todos jogou as mesas de comercio ao chão e colocou todas pessoas para correr.
Certa vez estava com minha família no interior de uma igreja para assistir um culto, foi quando o conferencista e pregador da noite armou na frente do púlpito uma mesa de cerca de 5 metros de comprimento e passou a expor seus livros, cds, etc... no fim de cada exposição informava o preço, e fazia uma piada tentando convencer pessoas a comprar seu material. Indignado me levantei com minha família e fui embora. Pensei comigo se Jesus tivesse aqui colocava todo mundo para correr a começar pelo pregador.
Jesus enfrentou o mal encarnado dentro e fora do templo, dentro e fora da política, dentro e fora da cidade. Seu fim foi a cruz fora da cidade.
Quando Jesus se referiu a ter vencido o mundo, não poderia ter se referido a estar financeiramente rico, pois sabemos bem qual era a condição de Jesus que andava com os pés na terra, de tal forma que onde chegava era preciso lavar seus pés. Jesus não tinha carro do ano, não possuía charrete, não era transportado como os reis carregado por homens em transportes de assento. Na única ocasião em que Jesus fez uso de um transporte, foi um jumento que o carregou.
A vitória a que Jesus se referiu não foi contra a pobreza ou a doença , mas foi contra o sistema que governava sua época. O sistema da época de Jesus era o regime romano de dominação. Opressão e pobreza, tirania e injustiça, os pobres simplesmente não eram tratados como iguais, como seres humanos, como pessoas. Jesus se levantou contra este sistema e o venceu, dando lugar de honra aos pobres e desamparados.
Mais. O outro significado que está apresentado de forma intensa nos evangelhos com relação a vitória em Cristo, de Cristo e para Cristo, é o de vencer a morte. Basta vermos em Mt 16 quando Jesus fala abertamente sobre as portas do inferno, ou seja, a morte não prevaleceria contra sua igreja. Ainda em 1 Cor 15:55, o apóstolo pergunta “onde está ó morte sua vitória, Jesus ressuscitou ! “ Fica claro em tudo isto que o sentido mais pleno alem de vencer o sistema seria o de vencer a morte. Esta e não outra é a vitória do crente em Jesus Cristo, vencer a morte, e obter a vida eterna ao lado de Deus. Sendo nesta vida pobre, ou rico, andando de carro, ou de ônibus, ou mesmo a pé, ou de jumentinho como alias é bastante comum no sertão brasileiro, até os dias de hoje , é rico e prospero quem tem a Cristo e que faz em sua jornada amigos que são irmãos nessa mesma fé, estes são para mim os ricos e vitoriosos em Cristo. Vitória em Cristo !!!
Hoje o capitalismo é o sistema que mantém a opressão dos pobres, predetermina o status quo e preserva a orientação de que os pobres fiquem mais pobres, os ricos mais ricos. Ora os nossos pregadores conseguiram de forma impressionante, transplantar este sistema de opressão econômica para dentro da igreja, a teologia da prosperidade.
6.5- Bispo Roberto MacAlister
Alguns valores pertinentes ao ser humano não podem ser apreendidos por estudo, por ensino direto ou por alguma outra forma que não a própria herança familiar. É o caso do Bispo Roberto, de uma incrível linhagem de ministros do evangelho da linha renovada pentecostal, este missionário e doutor em teologia desde cedo aprendeu a dar valor e a amar a obra missionária cristã. Em vários de seus livros não há qualquer esforço do autor por omitir sua herança ministerial que abrange praticamente todos os pontos pertinentes ao ministério cristão. É interessante notar que na teologia da prosperidade do Bispo Roberto, nada aparentemente novo é introduzido, pelas referencias em seus livros vê-se claramente que o autor não está apresentando conceitos novos ou revolucionários, haja vista a constante referencia que faz a seus familiares de que o dizimo e a oferta apresentada a igreja resultaria em maior abundancia financeira para aquele que praticou. De outra forma estas ofertas e dízimos são em todo o tempo aliados a um necessário espírito de amor profundo a obra de Deus, em sentir-se privilegiado por poder ofertar e dizimar.
Os argumentos usados na teologia da prosperidade de Roberto MacAlister são praticamente indestrutíveis, não havendo ponto em aberto que possa ser contradito a luz da palavra de Deus.Todos os conceitos apresentados pelo bispo Roberto MacAlister não são apenas ensinos recebidos de seus pais e avós, mais que isso, são aplicação pratica de conceitos totalmente bíblicos. O saudoso bispo Roberto poderia ter marcado seu ministério apenas pela abordagem a questão da prosperidade financeira e já teria sido um expoente no Brasil, ele foi além disso quando apresentou no Brasil o conceito de cura divina pela fé em Jesus Cristo.Inúmeros são os testemunhos de cura alcançados pela oração feita em o nome de Jesus, estes testemunhos já ficaram velhos posto que as pessoas que foram alvos desta cura e ação sobrenatural do poder da fé, ministrados pelo bispo Roberto, já estão com idade avançada, muitos anos se passaram.
Me recordo em minha meninice que fui com meu pai por varias vezes na residência de um ministro evangélico em Copacabana, para levar mantimentos haja vista aquele ministro honrado estar passando necessidades financeiras e de alimentos em sua família. Muitos anos depois quando eu assistia um culto do Bispo Roberto MacAlister na Igreja de Nova Vida em Botafogo, no Rio de Janeiro, pude ouvir quando Bispo Roberto disse “ a igreja brasileira não sabe dar sustento a seus pastores”, eu pude entender do que o bispo Roberto estava falando. Se o bispo Roberto apresenta em seus livros os conceitos de prosperidade retributiva ( dar para receber ) como sendo princípios que recebeu de berço, de herança familiar, podemos deduzir que tal pregação da prosperidade não era qualquer novidade no lugar e no tempo que o Bispo Roberto residia no Canadá.
Ora resta saber porque somente chegou a nós através do Bispo Roberto, e não antes. Importa também saber como se encontram estes ministérios da prosperidade no Canadá, nos EUA e pelo mundo afora. Sabemos bem que a teologia da prosperidade entrou no Brasil através da pregação equilibrada do Bispo Roberto, e que nada tem a ver com a pedição de dinheiro desenfreada que ocorre hoje nos templos evangélicos brasileiros, e a partir destes , mundo afora. Não que não seja bíblico o fazer campanhas financeiras, claro está nas cartas de Corintios e outras como era bastante comum as diversas campanhas financeiras das igrejas, mas que era pra suprir os irmãos na fé que não tinham o bastante para viver. As campanhas eram para manutenção dos missionários. Bispo Roberto fez inúmeras campanhas para a construção de templos, bem distintos dos que haviam, isto é, bastante confortáveis. Esta contudo não era a necessidade dos dias de Paulo, e de seus sucessores. Hoje de fato temos a importante tarefa de erguermos templos, do contrario como poderá o povo de Deus se reunir para cultuar a Deus.Ouvi um pastor dizer que ainda não inventaram nada melhor que a igreja, conforme a conhecemos. Concordo.
Se por um lado Bispo Roberto não inventou ou criou as doutrinas de prosperidade que nos apresentou, mas foram lhe dadas por herança familiar ministerial, por outro aspecto, ninguém mais ficou conhecido por telas apresentado ao Brasil de forma tão equilibrada, completa, intensa. Nos ensinos do bispo Roberto era primordial o batismo e a busca pelo batismo com o Espírito Santo, no melhor estilo pentecostal. Outro aspecto importante foi a busca, a ministração, a explicação bíblica, tudo referente a ministração de cura pela fé no nome de Jesus Cristo.
A marca do ministerio deixado pelo Bispo Roberto MacAlister foi tão excelente que todos quantos beberam nesta fonte de inspiraçao reproduziram de forma livre sua manifestação e entendimento proprio da teologia do Bispo Roberto, sempre mantendo inegociaveis alguns pontos de equilibrio teologico deste teologo. Este foi certamente o caso do Pastor Antonio Carlos na Igreja de Nova Vida em Nova Friburgo, onde tive o prazer de estar sob seus cuidados, e também do Pastor Paulo Mathias. Nesta igreja de Nova Vida em particular, um grande e intenso movimento pentecostal se deu, sendo um porto seguro para tantas vidas e familias que alí estiveram , e até hoje acontece. Apresentando sempre a prosperidade ensinada pelo Bispo Roberto, em um jeito bastante peculiar , pôde o Pastor Antonio Carlos abençoar a todos que ali estiveram com grande alegria e seu entusiasmo tão proprio.
Palestras, ministrações, livros, seminários, tudo foi bastante intenso sobre este assunto.Consta dos freqüentadores da Igreja de Nova Vida, que após muitos anos de ministério no Brasil, o bispo Roberto deixou de conseguir os efeitos miraculosos e espetaculares em suas orações por cura. Ele mesmo certa vez pôde falar em um de seus cultos, que Deus havia deixado de curar por seu intermédio, que aquilo era um ato soberano de Deus, que ele aceitava. Ora até nisto mesmo o bispo Roberto se mostrou um servo humilde entendendo e ensinando a cura pela fé, mas de acordo com a vontade de Deus , o que é de acordo com a realidade bíblica. Os apóstolos e discípulos tinham eles mesmos enfermidades recorrentes. Em tudo o que foi parte do ministério do bispo Roberto MacAlister, houve equilíbrio e bom senso. Alegria era parte de suas ministrações, demonstrações do poder de Deus, de forma inexplicável, sobrenatural, tudo isto também era parte.
Dos pregadores da prosperidade não houve ninguém conhecido no Brasil, ou fora a partir do Brasil, que tenha apresentado de forma tão simples e completa a noção bíblica de prosperidade. Simplesmente revendo alguns de seus livros não pude encontrar qualquer dado que não fosse de acordo com os conceitos bíblicos do antigo e novo testamento, não há o que acrescentar, não há o que retirar. A doutrina de prosperidade no Bispo Roberto dá a impressão de algo que não foi simplesmente criado naquele ministério, mas construído ao longo de gerações de ministros do evangelho, um retorno ao principio bíblico da prosperidade, ao mesmo tempo totalmente contemporâneo e aplicável aos dias atuais. De como seus ensinos foram transformados ao que conhecemos hoje como uma pratica mercantilista dentro das igrejas, o que conhecemos hoje por teologia da prosperidade ? Isto não sabemos .O professor não poderá sempre conter o aluno, pois um dia este aluno deixa a sala de aula, e utiliza como bem entender os ensinamentos recebidos. Como parte dos conceitos básicos da teologia da prosperidade do bispo Roberto MacAlister, temos o dizimo, dentro e fora da igreja.
O que ele chama de “leis fixas do céu”, se aplicam a todo e qualquer ser humano, crente ou não crente. Isto dá a sua mensagem uma característica que quase a torna universalista, mas não é. Para os defensores de que o dizimo era fato para os tempos anteriores a igreja cristã, Bispo Roberto apresenta o fato de que o relato de Abraão dizimando a Melquizedeque antecede mesmo aos principais conceitos de Povo de Israel, de nação santa etc..., portanto anterior a igreja de Israel que futuramente se tornou a Igreja de Cristo.
O principio da justiça retributiva é outro fundamento de sua doutrina : benção para quem obedece , punição para que não cumpre o preceito bíblico. A defesa do dizimo na doutrina de MacAlister vai ao extremo quando ele apresenta a arvore do jardim do Éden como sendo o dizimo que Adão devia a Deus, a parte do jardim que mostrava que todo o jardim pertencia a Deus e que ele permitia a Adão usar. Mais . Esclarece que “ é impossível fazer um trabalho grande para Deus esperando apenas ofertas sentimentais...Se o povo der de acordo com suas emoções ou sentimentos , então ele dará quando se sentir bem e não dará quando se sentir mal. E o que acontecerá com o sustento e expansão do trabalho missionário ? “( Como Prosperar, pg 23). Por esta e outras respostas Bispo Roberto MacAlister deixa qualquer curioso sem condições de contrapor a sua teologia da prosperidade. A tudo porem é acrescentado grande temor e respeito as ofertas e dízimos, não sendo apresentado como sacrifício ( diferente de seu aluno Bp Edir Macedo ) mas como ato de amor daqueles que foram salvos por Deus. Entretanto pode se encontrar nas palavras do bispo Roberto o que pode ter sido a semente que alguém precisava ou desejava ouvir para deturpar seus ensinos. Bispo Roberto efetivamente acaba por relacionar o fervor espiritual de uma igreja ao fato de serem ou não dizimistas seus membros ( Pg 24 de Como Prosperar ).Ele afirma “o dizimo abre as portas do reavivamento” ( pg 24 de Como Prosperar ).
Note que na teologia do bispo Roberto o dizimo , por demonstrar em uma ação o amor do povo por Deus, pode abrir as portas, ou no sentido de criar o ambiente de desapego e emoção que podem proporcionar o reavivamento. Isto é bastante diferente de ser o movimento financeiro um termômetro espiritual da igreja. É um sutil mas completamente diferente sentido dado ao dizimo e sua relação com a condição espiritual da igreja. Podemos até considerar os casos em que pessoas tão apegadas ao dinheiro ( amor ao dinheiro ) precisam mesmo de um ato de fé com relação ao dinheiro, no caso, ofertar e dizimar à obra de Deus. Se por um lado a mensagem apresentada pelo Bispo Roberto tem uma pitada de salvação universal, esta mesma mensagem permanece bastante fixa às palavras bíblicas e a seu contexto. Diferentemente de outros pregadores do evangelho da prosperidade Bispo Roberto evidencia em todo o tempo o espírito pelo qual se deve ofertar e dizimar : “A fé opera pelo amor e Deus ama ao que dá com alegria...essas pessoas não dão com alegremente com amor...são chamadas dizimistas legalistas.Não recebem nenhuma benção do dízimo.” Neste ponto a teologia da prosperidade apresentada por Roberto MacAlister se distancia totalmente das abordagens capitalistas contemporâneas, do enriquecimento pelo dizimo, etc...
O belíssimo conceito de apresentação de dizimo oferecido pelo Bispo Roberto em sua doutrina da prosperidade bíblica vai muito alem de que Deus poderá tornar financeira rico aquele que é dizimista fiel pelo espírito do amor, Bispo Roberto apresenta em seus livros pequenos relatos de pessoas que foram abençoadas em áreas espirituais por serem dizimistas fieis. Na pág 26 de seu livro Como Prosperar , narra o autor a conversão de quatro filhos de um casal que passou a ser dizimista. .Em seu livro “Dinheiro- um assunto altamente espiritual”, Bispo Roberto apresenta no capitulo 21 com o titulo de “Alegria”, um conceito bastante simples e compreensivo que as promessas referentes ao dizimo só funcionarão para quem oferta por amor, e não por simplesmente esperar receber o valor financeiro em troca, dobrado, triplicado etc...”pessoas que esperam riqueza em troca pelo dizimo”( pg 161 da mesma obra).
Ora isto é novamente inversamente proporcional ao conceito apresentado pelo Bispo Macedo, é simplesmente o oposto do que é ensinado pelo Bispo Edir Macedo.O conceito de dizimo apresentado pelo Bispo Roberto não nega a possibilidade de ser o ofertante/dizimista ricamente abençoado , apresenta contudo a condição de seja esta oferta ou dizimo, um ato de amor, não de sacrifício, não por “necessidade” ( II Cor 9:6 e 7) .O mesmo texto que Roberto MacAlister utiliza para elencar como não deve ser o dizimo oferecido, também usa para garantir o provimento do recebimento da benção financeira do que “semeia com fartura, com abundancia também ceifará “ (II Cor 9:6 e 7).
Outro aspecto na mensagem do bispo Roberto pertinente ao ensino de dízimos e ofertas , é que o ato de dizimar e ofertar está intimamente ligado e marcado por ações de reavivamentos pentecostais. Possivelmente este agir pentecostal tenha marcado a infância do Bispo Roberto e as igrejas do Canadá naquelas primeira décadas do século XX. O que hoje vivemos no Brasil, graças principalmente ao que foi apresentado pelo Bispo Roberto, ainda que tenha sido bastante distorcido, deve ter ocorrido nos dias da juventude do Bispo Roberto no Canadá e EUA. A mensagem do Bispo Roberto não dá muita importância a confissão positiva como a de Kenneth Hagin, exerce contudo extrema relação emocional do crente com a Palavra de Deus e por tal conexão sugere ao crente que confie no cumprimento da Palavra. MacAlister considera não algo a ser pedido, mas um direito já proposto e demarcado por Deus ao homem dizimista, o direito de ser prospero. A prosperidade pregada pelo Bispo Roberto envolvia sempre a salvação, a saúde , o dinheiro. Ora se MacAlister considera a prosperidade do crente algo já de direito , não faria sentido exercer algum tipo de confissão positiva, pois está se dá para algo que se quer alcançar, e outras praticas tão sugeridas por outros pregadores da prosperidade. No caso do ensino do Bispo Roberto, seria o caso de ter paciência, confiança, esperar e tomar posse. Me parece que o conceito mais próximo do ensinado por MacAlister, é puramente a fé bíblica. Não encontro outro pregador da prosperidade tão próximo do que aceito como sendo a prosperidade bíblica. Em toda sua vida de ministração não há registro que Roberto MacAlister tenha mudado seus conceitos, os mesmos passados de seus avós para seus pais, de seus pais para ele, dele para seus filhos, conceitos estes todos verificados e encontrados na Bíblia.
Falar do bispo Roberto MacAlister, e da Igreja de Nova Vida, é para este escritor trazer a memoria cultos indescritiveis, de alegria e louvor na presença de Deus. É lembrar dos encontros da sempre crescente juventude da Igreja de Botafogo, com o lider Marcos ( hoje pastor da Igreja em Copacana) com seu eterno sorriso e amor por todos nós, é lembrar do som que eu fazia com o Rodrigão Angelo e tantos outros, é lembrar dos cultos de domingo a noite com o amado e muito querido Pastor Roberto Leal ( o pastor que é legal ) que nos levava a momentos intensos de louvor , é lembrar o irmão Atila, da irmã Rozanea, de tanta gente especial que faltariam paginas. Só me resta ser grato a Deus por ter tido o privilegio de ter estado alí naqueles dias sendo cuidado pelo Bispo Roberto, por seu filho na época Pastor Walter, pelo Pastor Roberto Leal, pelo meu eterno lider da Juventude hoje Pastor Marcos. Obrigado a todos, por todo o cuidado que tiveram comigo, obrigado por tudo.
Na verdade analisando todo o legado do Bispo Roberto MacAlister no Brasil, é perceptivel que a Igreja de Nova Vida não é a única herança, já que a maior parte das congregações adotaram posturas e praticas de culto bastante peculiares, sendo poucas que mantiveram as linhas originais do culto conforme deixado pelo fundador Bispo Roberto. O maior legado que recebemos deste grande pregador do evangelho se estende mesmo por toda a nação brasileira onde o evangelho ousou singrar novos mares de uma superior intensidade e ação, seja em campanhas de evangelizmo, seja no proprio crescimento da igreja evangelica. Isto devemos em parte ao trabalho e mensagem do Bispo Roberto.
Ficou celebre a frase de despedida de seus cultos, que a todos quanto lá estiveram causa forte comoção só de ouvir. Dizia o bispo Roberto MacAlister ao fim de seus cultos : “ Que Deus os abençoe Rica e Abundantemente!”
-Que saudades !!!!!!
CONCLUSÃO
De todas abordagens encontradas temos o Bispo Roberto MacAlister como de maior equilíbrio, ficamos sem saber se da formação do Bispo Roberto restou algum indicativo de Essek Kanion ou outros teólogos da prosperidade. Fosse como fosse, a noção de prosperidade bíblica é algo bem anterior aos movimentos norte americanos, e ao próprio Bispo Roberto.Porque então só encontramos nele a limitação razoavelmente bíblica para tudo o que ele apresenta . Autores sempre tendenciosos tendem para todos os exageros mesmo antes do Bispo Roberto, mas somente neste pregador encontramos um tipo de equilíbrio que nos transmite a segurança do bom senso. Conhecer a origem teológica do Bispo Roberto seria outra pesquisa, de toda forma isto somente destaca e ilustra como tantos outros pregadores da prosperidade caminharam por caminhos perigosos desde sempre. A teologia da prosperidade exerce um certo fascínio perigoso para quem prega e sobre quem ouve seu mistério. Muitos se perderam nesta jornada, em estradas sem volta, em labirintos teológicos, em tempestades para as quais nem o Mestre poderia acalmar, pois se trata daquela tormenta que toma conta do homem de dentro para fora sendo mesmo conseqüência das escolhas individuais de cada ser humano.
Deus nos deu o livre arbítrio deixando contudo mesmo assim uma imposição : o homem tem que escolher e não pode simplesmente deixar de faze-lo.A teologia da prosperidade é uma escolha bíblica a fazer, ignorar não resolve, ir ao seu extremo norte perigoso também não, resta portanto estudar cada proposta bíblica retirando o seu melhor, com fé, com amor, tendo neste trajeto a ajuda de quem já o fez, de pregadores como o Bispo Roberto e outros que se existem eu não conheço. Na tempestade busca o marujo um farol para o guiar em segurança ao porto. Este farol é a Palavra de Deus, mas como é fácil deixar de ver sua luz em meio as ondas, em meio a neblina, e nesta abordagem que pode ser fatal, ao menor descuido o timoneiro guia o navio para as rochas, para a destruição, ao invés de guia-lo para o cais. Vamos seguir nesta viagem com muito cuidado, considerando que estas linhas não puderam de forma alguma fechar a questão, dos extremos do Bispo Edir Macedo, a segurança acolhedora do Bispo Roberto, é preciso ter sempre em mente que Deus revelou nestes dias um grande mistério oculto a muito tempo : “Cristo em vós”, e se está Cristo em nós, Ele precisa mesmo nos guiar ao cais em segurança. Da correta interpretação do texto bíblico e de seu espírito, depende nossas almas e de todos quanto estão conosco neste barco .
Concluímos que os erros e enganos existem e são abundantes na pregação da chamada teologia da prosperidade. São estes erros intencionais ? Não o sabemos pois para isso seria preciso mergulhar nas profundezas da alma humana. Quando Jesus incentiva o gesto da viúva em dar tudo o que tinha para a obra de Deus, ele não desfrutaria de um centavo daquele valor depositado, o que é bem diferente do quadro atual pertinente aos pregadores da prosperidade. Generalizar também não pode ser o caso, pois seriamos obrigados a ignorar por completo todas as recomendações, promessas e orações bíblicas sobre o assunto.Encontrar este lugar de paz, onde o homem possa almejar ser prospero, sem ser dominado pelo anseio desmedido por riquezas, parece ser um caminho.
Poderíamos fazer inúmeras considerações apologéticas relativas a teologia da prosperidade nos citados trechos,tão evidentemente apresentados , mas não é o intuito da presente analise encerrar a questão, apenas apresentar possibilidades além do encerramento e condenação da teologia da prosperidade pautada e fundamentado nos erros desta ou daquela denominação. A mensagem de Cristo é apresentada sob os termos da fé, isto é, daquilo que não se pode ver, mas se pode sentir, ou quando não é possível sentir, pode se crer.Sem a fé...desta forma não podemos encerrar a questão por motivo de um exagero e distorção do que existe. Se a Nova Era , faz uma abordagem metafísica e desprovida dos dogmas cristãos, tão pouco podemos rebater absolutamente o que já é alvo de estudos científicos no que diz respeito a melhora de pacientes e que fazem uso de terapia de auto ajuda e derivados, tão pouco negaremos indícios de germes do pensamento positivo no modelo de fé da igreja primitiva, ou seus benefícios à própria fé. O que resta então ? Um equilíbrio que há de ser um caminho árduo e laborioso entre um extremo e outro,sempre o caminho mais difícil, o corredor mais estreito é o que leva a salvação. Esta construção só poderá ser com vistas a uma teologia de salvação do homem em uma perspectiva holística,e dinâmica. De nada vale uma religião morta e ineficiente, que apresente apenas consumidores de sacramentos, incapaz de livrar o homem do pecado e das paixões mundanas. Esta religião não deverá , de outro lado, maquiar o objetivo e natureza do reino de Deus, um reino de paz , alegria e justiça no Espírito Santo, um reino futuro mas que começa, pela fé , no presente, no aqui e agora.
Estaremos sim atentos a esta dita Teologia da Prosperidade, para a qual o apostolo apresenta os firmes alicerces da vigilância, quando diz:
Gálatas 1
6 ¶ Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;
7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema
Estaremos atentos sim, mas ao mesmo tempo, sem permitir que o mal vença o bem, que um erro justifique outro erro, existe uma prosperidade bíblica, e não podia ser diferente que o inimigo de nossas almas tentasse distorcer e usar contra nós nossas próprias armas de salvação. Mas estando firmes na sã doutrina, e tendo a bíblia como regra de fé e pratica, podemos seguros combater as heresias e alcançar uma vontade perfeita em Deus, e uma prosperidade bíblica
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SOBRE O AUTOR
Silas Rahal é teólogo formado pelo centro universitário Bennett no Rio de Janeiro, atualmente cursando Filosofia na Puc-RJ, pregador do evangelho no radio , na televisão e na internet. Conhecido por realizar evangelizmos entre jovens com o ministério de rock Igreja das Américas. Silas Rahal é filho do Pastor Ramis Rahal, casado com Monica Rahal, possui duas filhas Ester e Sofia, reside em Nova Friburgo-RJ.
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